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sábado, 22 de abril de 2017

Saudades do Maraca.


Nunca fui ao Maracanã. Era um daqueles estádios que, desde criança, tinha vontade de conhecer. O maior estádio do mundo. Dentro dele, cabia uma cidade de 200.000 habitantes ou toda população indígena contemporânea do Brasil. Gigante de concreto e de muitas histórias.

Assim como o Uruguai em 1930, o Brasil prometera à Fifa, que se fosse a sede da Copa de 1950, construiria o maior estádio do Mundo. A Europa se reconstruía do pós-guerra e a Copa não era sua prioridade. Argentina também aparecia como candidata, mas não tinha a mesma pretensão de construir o maior estádio do planeta. 

Tudo bem, a Seleção perdeu a Copa com um público jamais visto, para o Uruguai. A euforia daria lugar ao silêncio. Mas o gigante recém construído ainda teria muito mais para oferecer ao futebol brasileiro.

Coloquei no canal Brasil e estava passando o filme sobre o clássico FlaxFlu: “40 minutos antes do nada”, e o que me chamou a atenção, era o espetáculo das torcidas e aquele monstro lotado. Sem querer, o estádio vira o protagonista deste documentário na minha modesta opinião. Não que eu já não tivesse visto, mas refletindo alguns anos depois, isto resume ou resumia a essência do futebol:  o esporte mais popular do planeta tendo como protagonista do espetáculo, o povão. Para quem vivenciou esta época, era algo que parecia que nunca iria acabar. E se durante um certo tempo o futebol brasileiro era referência e representava o melhor futebol jogado, penso que a grandeza deste estádio de certa forma simbolizava isto.


A diferença do estádio Centenário (palco da primeira Copa do Mundo) para o Maracanã, é que o primeiro ainda está lá. Suas cadeiras e configuração original, relembram a grande conquista Uruguaia. Para os uruguaios, isto está acima de padrões de beleza ou conforto.

Já o Maracanã, ganhou um banho de estética para a Copa de 2014, sendo formatado segundo um padrão pré-estabelecido.  Aquele que tinha a intenção de abraçar a todos (como diria Gilberto Gil na sua música), hoje reúne um contingente bem mais restrito. O público mudou e o Maracanã deixou de ser gigante.  Só para quem teve a oportunidade de presenciar o Maracanã original, (mesmo não estado lá pessoalmente) tem a noção do impacto que provocava aquela festa e multidão. E quem esteve na festa pode falar com muito mais propriedade que este blogueiro.

Se quando criança era um estádio que gostaria de conhecer, hoje talvez não teria despertado o mesmo interesse. Sua concepção inicial (de ser “o maior”), foi tirada em detrimento de ser “moderno”. Padronizou-se para atender as necessidades do mercado e do setor privado.


Do gigante, só restaram as histórias: Dos antigos "Fla-Flus", e outros clássicos; da alegria da geral, e dos recordes de público da Seleção. O estádio pode ter ficado mais bonito, confortável, mas em contrapartida ficou também mais triste ou pelo menos, igual aos outros. 

Uma questão de conceitos.







segunda-feira, 27 de abril de 2015

Apenas um incômodo.

O Brasil virou o “Túmulo da Bola”. Ponto. Esse post poderia terminar assim mesmo, com uma frase de efeito, nada original, mas, que, entre aspas, ganha uma certa eloquência capaz de segurar a atenção e reflexão do leitor por alguns minutos. Lógico que após esse período, o sagaz leitor do Patativa já teria entendido que tudo não passava de um embuste do blogueiro, motivado por uma crise de inspiração. Como não subestimo a perspicácia dos leitores do Patativa seguirei com mais algumas linhas.

Enfim, ontem foi um dia repleto de finais estaduais. Por aqui, o tradicionalíssimo clássico entre Palmeiras e Santos iniciou a disputa do título do futebol paulista. Em outros tempos, a final de ontem teria sido o assunto mais importante na cidade. A expectativa da decisão, as escalações dos times, as declarações polêmicas, a rivalidade histórica e sobretudo a festa e irreverência dos torcedores tornariam a discussão sobre qualquer outro assunto irrelevante, de somenos importância, uma conversa pra boi dormir. A maior cidade do país estaria pulsando ao ritmo das duas torcidas.

Contudo, ontem, dia de final, saí pelas ruas e não vi nada disso. Não vi torcedores com as camisas dos clubes da final, não vi os bares apinhados de torcedores, aos berros, esperando o apito inicial, não vi as Kombis caindo aos pedaços e cheias de torcedores rumo ao estádio. Nem mesmo o ambulante que vendia bandeiras, faixas de campeão e camisas deu as caras. Um velório.

E isso, meus amigos, não tem nada a ver com o tamanho das torcidas de Palmeiras e Santos. O Parque Antártica estava lotado e a renda do jogo foi milionária. Mas, e daí? Não tinha ninguém nas ruas, não tinha cheiro de churrasco vindo da casa do vizinho, não tinha fogos de artifício e nem bandeiras de plástico tremulando nas janelas, não tinha os hinos dos clubes explodindo nos alto falantes dos carros. Muita gente que eu sei que gosta de futebol, sequer assistiu o jogo pela televisão. Uma final de campeonato, meus amigos, não está valendo nem uma aposta no bar da esquina.

Após o dia de ontem cheguei a conclusão de que o futebol, talvez, não esteja, de fato, morto e enterrado nos corações brasileiros, como cheguei a sugerir no início do posto, mas, não é mais algo importante na vida do brasileiro. O futebol não emociona mais o nosso povo. Virou algo menor. Se algum dia o futebol foi o nosso ópio, como teria dito Millôr Fernandes, das duas uma, ou o brasileiro está reabilitado desse vício ou arrumou alguma outra droga mais potente.

terça-feira, 10 de março de 2015

Um desabafo sobre as nossas moças futebolistas

Nesse último domingo foi celebrado o Dia Internacional da Mulher. Ao contrário do que muita gente pensa, inclusive algumas moças que insistem em exigir presentes e agradinhos na data, o dia 08 de março não é de comemoração, mas sim, de reflexão. Mulheres e homens devem refletir sobre o papel que a mulher exerce na sociedade, no mercado de trabalho, na família, na Igreja, etc. Lembrar das lutas, das conquistas e compreender que há ainda um longo caminho a ser percorrido em busca da igualdade de gêneros.

Como o nosso assunto aqui é futebol,  não posso deixar de expressar o meu descontentamento com a situação das nossas moças futebolistas. Não sei quanto ao leitor, mas, esse blogueiro já está de saco cheio do choro do dia seguinte protagonizado pelas nossas atletas. Sempre o mesmo discurso da falta de apoio, da falta de campeonatos, da estrutura precária de treinamentos. Chega! Não que a lamúria seja injusta, afinal, eu imagino o quanto é difícil ser atleta, mulher e futebolista, no Brasil. Mas, eu gostaria de ver um pouco mais de atitude revolucionária de nossas moças.

Entendo que os rapazes optem por não protestar. É coerente. Quem vive como se tivesse nascido em berço esplêndido não tem motivos pra reclamar mesmo. Mas, as moças têm todos os motivos do mundo pra botar o dedo na cara de cartola e exigir mudanças. Sonho ouvir Marta, a nossa melhor jogadora, recusar a convocação pra Olimpíada enquanto a CBF não se dignar a criar um departamento de futebol feminino, dirigido por mulheres e com poder de decisão. Enquanto não sequer entrevistarem uma mulher para o cargo de técnico da Seleção. 

Nada contra o técnico atual, o Vadão, mas, também, nada a favor. Esse cargo deve ser exercido por uma mulher. E a experiência? – dirão os mais afoitos. Ora, desconheço a experiência do Vadão com futebol feminino. Por que não experimentar uma mulher no cargo? Alguém que conheça a realidade do futebol feminino, seja respeitada pelas moças da seleção, entenda todas as dúvidas, incertezas que passam pela cabeça das jogadoras nos momentos decisivos dos jogos ou torneios. Acho que a experiência seria válida se alguém tentasse, se alguém quisesse. Mas, ninguém quer, ninguém está interessado no futebol feminino.

O dirigente quer apenas a foto ao lado da Marta ou de qualquer outra grande jogadora. Ninguém quer bancar o futebol feminino, brigar por ele. É mais fácil colocar o Vadão ou qualquer outro técnico desempregado no cargo. Cadê os campeonatos? Cadê os times? Da onde vai sair essa seleção? Ninguém sabe e a ninguém interessa.

Esporte praticado por mulher só é interessante pro clube, pra mídia, quando as gostosas estão em campo. “Sex sells” – sim, o sexo vende. Daí o porquê é fácil achar jogo de vôlei feminino na televisão e tão difícil achar um joguinho de basquete ou futebol feminino na telinha. Reconheço, claro, que o vôlei feminino tem alcançado resultados expressivos nos últimos anos, mas, sempre foi assim, meus caros. A mídia quer cobrir esporte feminino apenas se tiver algumas meninas que se adéquam ao “padrão global” de beleza. Dane-se o jogo, a gente quer ver um close de câmera na bunda da levantadora.

E essa é uma guerra injusta, inglória e cruel para as nossas futebolistas. Diferentemente das jogadoras de vôlei, as nossas futebolistas têm origem humilde, iniciaram no esporte jogando na rua com outros meninos, não tiveram acesso à melhor alimentação na infância, nem a clubes, médicos, nutricionistas, dermatologistas e preparadores físicos. Elas têm, sim, esse jeitinho de gabiru e algumas tem trejeitos um pouco mais masculinos. E daí? A aparência física não impede que elas acertem passes, chutes ou dribles. O padrão estético exigido pela Sra. Bola, nada tem a ver com cabelos sedosos, pele bem tratada, nariz afilado, rosto proporcional. Quando a bola começa a rolar no gramado, nada disso interessa.

Alguns otimistas acreditam que a situação seria diferente caso elas tivessem ganho algum torneio importante. Eu duvido. Acho que nada vai mudar enquanto homens e mulheres não mudarem a sua forma de enxergar o esporte. Eu aposto que, mesmo agora, em 2015, muitos pais tenham calafrios só de imaginar a sua filhinha jogando futebol. O estigma da mulher atleta, masculinizada e lésbica ainda é forte na sociedade brasileira. E não apenas isso, cabe às atletas e ex-atletas brasileiras, brigar de todas formas, em todas as plataformas, para que esse estado de coisas mude, afinal, o que elas têm a perder? Enfim, caros leitores, ainda temos um grande caminho a percorrer. O Dia Internacional da Mulher já passou, mas, a luta de homens e mulheres pela igualdade deve continuar.


segunda-feira, 9 de março de 2015

Vâmo bate panela, vê se o gigante acorda!

Vâmo bate panela, que a dispensa tá vazia!
Vâmo bate panela, vê se o gigante acorda
Vâmo bate panela, amanhã é outro dia!
Vâmo bate panela, que eu já num “güento” a freguesia!

Estou aqui de panela em punho pronto pra engrossar, junto com outros tantos milhões, o Bloco dos Descontentes. É claro que não falo do “panelito” que dizem ter ocorrido, ontem, durante o pronunciamento presidencial, mas sim, à derrota do São Paulo FC, no clássico Majestoso, contra um desinteressado Corinthians, em pleno Morumbi.

Não é só pela derrota, em casa, contra o rival. Não é só porque foi a segunda derrota no ano para o mesmo rival. Não é só porque o time não joga bem. Não é só porque o adversário nem precisa jogar bem pra ganhar. É por tudo isso e muito mais, porra!

É chegada a hora de o gigante acordar. E nem precisa ser tão gigante assim. Basta o Paulo Henrique Ganso, o Luis Fabiano, o Rogério Ceni e o técnico Muricy Ramalho acordarem para a coisa toda melhorar um pouco. Sim, hoje, vou “panelar” somente contra os medalhões.

O PH Ganso, que em outras temporadas tinha lá seus lampejos de genialidade, nesse ano de 2015 optou por um estilo “ph neutro”. Nem ácido nem alcalino, nem craque nem cabeça de bagre. Entra em campo e ninguém percebe. Se sair de campo, ninguém sentirá falta, tal a sua prostração criativa. Assistir o PH Ganso jogar, para mim, é quase como ouvir um disco da Adele. Eu sei que tem talento ali, sei que a produção é caprichosa, sei que a crítica aplaude, mas, é chato pra cacete!

Tenho saudades do Luis Fabiano que ameaçava largar tudo, abandonar o clube, assinar com o Corinthians. Se for por falta de adeus, não se faça de rogado. Não quero ser injusto com aquele que é um dos maiores goleadores da história do São Paulo, mas, convenhamos, o Luis Fabiano atual produz muito pouco em campo e, se ele não suporta o fato de amargar um banco de reservas, talvez, esteja na hora de marcar o seu jogo de despedida.

Eu prometi, dentre as minhas resoluções para o ano de 2015, não criticar de maneira muito dura o Rogério Ceni. Entendo o significado do ídolo para as novas gerações de são paulinos, respeito a sua trajetória no clube, mas, sinceramente não sei se aguentarei por muito tempo essa turnê de despedida do Rogério Ceni. Se fosse apenas pelo gol defensável que tomou, vá lá, tudo bem. Mas, perder um pênalti (de novo) num jogo como o de ontem é um crime inafiançável. E nem me venha com essa história de que “só perde pênalti quem bate”. Bom batedor de pênalti nem fala isso.

E, por fim, Muricy! Poucas pessoas no futebol brasileiro atual merecem tanto o meu respeito quanto Muricy Ramalho. Como torcedor, reconheço o tricampeonato brasileiro como o maior feito esportivo que um clube futebol brasileiro já conquistou, dadas as dificuldades que envolvem ganhar três campeonatos seguidos, mas, já de algum tempo, o time vem jogando mal, sem padrão de jogo e, durante as partidas, o treinador não tem conseguido reverter a situação. Eu sei que um técnico como o Muricy sempre vai ter algumas rodadas de crédito, mas, se o time não ganhar o Paulista e não avançar, pelo menos, até às quartas de final da Libertadores, acho que a página Muricy precisa ser virada da história do São Paulo.

E nem é só por isto tudo, mas, também por todo o resto que o São Paulo FC não tem feito nos últimos anos e que parece que não vai fazer nessa temporada.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

Que esse jogo termine no domingo.



Não sei quanto aos leitores desse espaço, mas, estou ansioso pela próxima manhã de segunda feira. Não, não estarei de férias! Estou ansioso mesmo pelo fim da campanha eleitoral. Essa maldita que não contribuiu em nada com ninguém e ainda semeia a discórdia e ceifa o bom senso e o pouco de civilidade que ainda nos resta.

Desde o resultado do primeiro turno, estamos vivendo um clima insuportável de semana de derby, semana de clássico decisivo. Quem não acompanha futebol deve estar provando desse amargo remédio que tomamos homeopaticamente desde o nosso primeiro grito de gol na arquibancada do estádio ou em frente à televisão. Afinal, não basta comemorar o gol, a felicidade suprema é ridicularizar, menosprezar e até mesmo ofender o adversário. Esse sim, o verdadeiro orgasmo do torcedor.

Tem sido assim, também, nesse interminável Fla-Flu eleitoral que virou a campanha presidencial. A divisão entre vendidos x desinformados, ptralhas x coxinhhas  e outros tantos adjetivos não é novidade pra quem acompanha futebol. A luta de classes que foi transportada, de maneira infantil e oportunista, para a campanha eleitoral sempre rendeu grandes rivalidades no campo de futebol. O Comefogo (Comercial x Botafogo), em Ribeirão Preto, o Grenal (Grêmio x Internacional), o Derby Campineiro (Guarani x Ponte Preta), entre outras grandes rivalidades,  são exemplos disso e carregam na tinta das diferenças social, cultural e racial, presentes na origem de seus clubes, para ofender ou ridicularizar o rival.

Não importa de que lado o leitor está. Para os Geraldinos & Arquibaldos das eleições somente quem vota e apóia as suas siglas é digno de compaixão. Os demais, ou são vendidos, ou iludidos, ou ignorantes ou desinformados. Ou tudo junto. É a própria lógica do torcedor de botequim. Temo que esse fervor futebolístico (eleitoral) acabe com algumas amizades, tal é o nível das agressões que tenho ouvido e lido. Se o futebol é o ópio do povo, a disputa eleitoral, pelo visto, é o seu cheirinho da loló.

Mais uma vez, a exemplo do que aconteceu no pós 7 a 1, estamos perdendo a oportunidade da discussão, do debate de idéias. Após 12 anos de um mesmo regime político era o momento de pensar no país que almejamos para o futuro próximo. Mas não. A agressão sufoca o argumento. O dedo na cara silencia o debate de idéias. O xingamento pretende desqualificar a idéia contrária. Vencer o jogo tornou-se a única opção. Pouco importa se foi com gol impedido ou se o atacante anotou com a mão. CHUPA COXINHA! CHUPA PTRALHA! É NÓIS! 

É, meus amigos, o grito de “CHUPA”, nesse ano, veio acompanhado de um botão de CONFIRMA. O problema é que, no futebol,  a dor da derrota em um clássico dura somente até o returno. Na política, as decisões, muitas vezes, causam benefícios ou malefícios perenes. Não dá pra confundir as 02 coisas. A disputa política é bacana e tal, mas, desacompanhada de um padrão de jogo, com discussão dos problemas e indicação de soluções, vira Libertadores. Uma terra de ninguém, onde todo mundo briga, ninguém joga e quase ninguém ganha. Esse não deve ser o nosso jogo. Nação alguma ganha jogando somente no erro do adversário. Um pouco de fair play não faz mal a ninguém.

No final das contas, independente do número que for digitado lá na maquininha, segunda-feira de manhã acordaremos, TODOS, brasileiros e cumpriremos com as nossas obrigações do dia. Porque aqui, meus caros, em mais de quinhentos anos de bola rolando, a gente nunca perdeu por W.O. ou por abandono.
  

    

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Um último suspiro sobre a Copa das Copas

A Copa acabou e deixou aquele gostinho de dever cumprido. E, com o perdão da expressão grosseira, realizamos uma Copa boa pra cacete. Apesar da chateação da cartolagem internacional com o famigerado “Padrão Fifa”, a verdade é que a Copa de 2014 foi uma Copa com cara de Brasil. Lembro aqui de uma frase dita há alguns anos atrás pelo ex-técnico argentino Cesar Luis Menotti, ao criticar a escolha da África do Sul como sede da Copa anterior: "No mundo todo há somente oito ou dez lugares sérios para um Mundial. O resto é negócio.” O que o Menotti quis dizer é que a Copa é um espetáculo de alto nível que precisa de um grande palco e de uma platéia selecionada, que saiba apreciar a beleza do jogo de futebol e não de pessoas que simplesmente pagam o preço do ingresso e passam os noventa minutos de jogo somente esperando o gol.

Ainda que dentro das arenas muita gente estivesse mais interessada em aparecer na televisão ou registrar aquele selfie pra publicar na rede social, a verdade é que nos quatro cantos do país a Copa pulsava em nossas entranhas. A Copa foi vivida pelo brasileiro nos telões espalhados nas ruas, no televisor portátil do vigia, na tela do notebook, na conversa animada do café ou na mesa do bar. Vivemos o evento de uma forma que nem acreditávamos ser possível, principalmente após a onda de manifestações do ano passado. E nem me venham com esse velho discurso do pão e circo ou aquele do futebol como instrumento de alienação das massas, que são usados indiscriminadamente pelas esquerdas e direitas desse país de acordo com a conveniência. Como já diziam os Titãs, lá pelos anos 1980: A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte. Então, se o palco da Copa foi montado no nosso quintal, por que ficar trancado em casa?

No que diz respeito à estrutura do evento pouco posso dizer, afinal, não assisti a nenhum jogo in loco. Mas, pelo que ouvi, se a organização não foi excelente tudo funcionou direitinho, principalmente se for levado em consideração o fato de que eram doze cidades sede. Mas, do ponto de vista técnico, das quatro linhas, a Copa do Brasil foi sensivelmente melhor que as três ou quatro edições anteriores. Sem exageros. Mas, o acréscimo de qualidade dessa edição não tem muito a ver com os ares que se respira aqui nos trópicos, mas sim, com uma tendência do futebol europeu atual de privilegiar a técnica, o controle de bola, o passe, enfim, tentar imitar a experiência bem sucedida do Barcelona. E, na minha opinião, qualquer tentativa de agregar técnica ao jogo de futebol merece aplausos.

Por falar em Europa, a grande decepção foi justamente a seleção da Espanha que sucumbiu logo na primeira fase e jogou um futebol cansado, pouco inspirado e com jogadores enfastiados com todos títulos que ganharam nos últimos anos. No muro da vergonha da Copa vale incluir, ainda, menções desonrosas às seleções da Italia, Portugal e Inglaterra que foram uma completa perda de tempo. Deu pena de assistir às três seleções em campo. Entre os que realmente jogaram bola gostei demais da França, da Bélgica e, claro, da campeã Alemanha. E a Holanda? Sinceramente, não gostei muito do time holandês. Talvez seja resultado de uma fantasia que eu ainda tenho da seleção holandesa campeã européia em 1988 que acredito tenha sido a última grande seleção internacional que eu vi jogar. Não sei. Apesar da presença de um Robben em boa forma, achei apenas bonitinha, mas, ordinária.

Entre os sul americanos os grandes decepcionaram com o mesmo futebol “pão dormido” dos últimos anos. Falta qualidade técnica, falta dinâmica na movimentação de ataque e falta craque. Tanto Brasil, como Uruguai e até mesmo a finalista Argentina deixaram a desejar. Mostraram serem equipes de pouca qualidade técnica e com estrutura de jogo extremamente conservadora. As três equipes apostando no talento de Neymar, Suárez e Messi, sempre jogando por uma bola. Gostei muito do vi do Chile, que se tivesse um grande atacante poderia ter chegado longe na competição, e da Colômbia que não decepcionou aqueles que gostam do futebol bem jogado, exceção feita àquela batalha campal nas quartas de final contra o Brasil.

E, por falar em Brasil, sinto pena do torcedor de Copa que foi obrigado a tomar de um veneno que nós, torcedores do futebol nosso de cada dia, já conhecemos muito bem. O que aconteceu no jogo contra a Alemanha era uma bola mais que cantada nos últimos anos. Aqui mesmo nesse espaço cansamos de enfatizar a pobreza técnica e tática do nosso futebol e ressaltar a qualidade da atual geração do futebol alemão. A surpresa, na minha opinião, foi a fragilidade emocional do time verde amarelo. Sinceramente, cansei desse popstar arrogante, mimado, incompetente e chorão chamado jogador de futebol brasileiro. Não sofri nem um pouco com a derrota vergonhosa. Na verdade, se alguma lágrima escorreu dos meus olhos foi pela lembrança de caras como Zico, Sócrates, Romário, Careca, Bebeto, Mauro Silva, Ronaldo, Rivaldo, enfim, todos aqueles que ajudaram, num passado recente, a construir essa marca tão rentável para os cartolas que é a nossa seleção.

O futuro do futebol brasileiro, meus caros, é pra lá de incerto, mas, passa, obviamente, por uma reformulação total nas categorias de base. Precisamos de métodos diferentes de identificação do talento e treinamento dos jovens jogadores, para quem sabe colher alguns frutos no futuro. Esse seria o primeiro passo, bem como capacitar os técnicos de futebol no país, principalmente aqueles que trabalham com os jovens. Entretanto, numa estrutura dirigida por CBF, federações estaduais e clubes, quem abraçará essas reformas? A quem interessa? É mais fácil apostar na justificativa fantasiosa do apagão, assim, ninguém precisa assumir responsabilidade alguma pela decadência do futebol brasileiro. O Sobrenatural de Almeida está sempre disposto a livrar a cara da incompetência. Por ora, para nós, torcedores, o jeito é torcer para que brotem da terra mais uns dois ou três Neymares no futebol brasileiro, porque um só já não faz verão.

quinta-feira, 20 de março de 2014

Minhas impressões e descontentamento nos tempos de Copa.


Ando malcontente com futebol. Talvez os amigos tenham percebido a diminuição da minha frequência aqui no Patativa. Parte por falta de tempo, parte por este motivo. Só vemos o futebol daqui piorar, apesar da roupagem “bonita” que estão querendo criar. O futebol está mal das pernas, dentro e fora de campo, apesar de muito dinheiro que anda rolando.
Para mim, pra começar, estes estádios “padrão Fifa” acabam com a alegria do futebol. Encarecem o evento (nem vou chamar de “espetáculo”) e deixam de fora quem trouxe esta paixão e tornou o esporte popular: o povão. Lindos por fora e por dentro, mas melancólicos e cheio de regrinhas. É isto que os estádios da Fifa são.
 
Só que o padrão Fifa não conseguiu acabar com a violência. Evidente que isto não é responsabilidade da entidade, pois é um caso de segurança pública e de quem organiza os eventos. Mas os principais responsáveis por tirar o torcedor comum dos estádios são os próprios clubes. Financiam estas gangues em troca de apoio político. Quando criança, me lembro da festa que era quando ia com meu pai e amigos assistir a um clássico. E o território era demarcado conforme as torcidas iam chegando. Havia até “apostas” sobre qual torcida iria prevalecer naquele dia. Tudo isto sem ninguém matar o outro. Havia brigas sim, muitas até, mas acabavam ficando nas “vias de fato”. O maior prejuízo, era um olho roxo. Acabou o jogo, ônibus da CMTC até o Anhangabaú e volta pra casa. Fim de papo.
 Por estas, que acho ridículo quando há clássico hoje e a torcida visitante fica apenas com dois mil ingressos ou com apenas um “alqueire” de estádio, que acabam sempre destinado para as organizadas. Estamos assinando nosso atestado de incompetência, por não dar civilidade a um evento e com isto acabando com a democracia no futebol.
Outro fator que está minando o futebol e a paciência são estes campeonatos inchados, terríveis, e intermináveis. Todos tem que participar, sim, mas desde que tenham nível para tal. Caso contrário, nivelamos por baixo, e é o que estamos fazendo. Aproveitando o jogo de ontem, quem é que merece assistir um “Bahia de Feira de Santana” (com todo respeito que o clube merece pois sabemos a dificuldade que possuem até em colocar um time em campo) x Corinthians, time campeão mundial (não estou querendo puxar o saco, apenas usando um exemplo). A Copa do Brasil é um torneio que perdeu a razão de ser, não leva mais os representantes de cada estado, com seus campeões e vices; pois seu intuito passou a ser basicamente o de levar a outra competição que está cada vez mais horrorosa: a Copa Libertadores.
O auge do absurdo aconteceu no ano de 1979, com a “V Copa Brasil” (sem o “do”), nome oficial do campeonato brasileiro da época. Governo militar, tempos de ditadura e inúmeros apadrinhamentos. Muitos convidados para a festa. O resultado foi uma competição com 96 clubes. Nem me perguntem como conseguiram. Em 1980, diminuiram a quantidade e mudaram o nome e o formato: Passou a se chamar “Taça de Ouro” com 40 clubes (o que já era muito) e para não tirar o doce da boca do restante das agremiações, criaram uma segunda divisão camuflada, que se chamou “Taça de Prata”, com 64 clubes. Explico: Segunda divisão camuflada porque os 4 melhores times da Taça de Prata, entravam na Taça de Ouro que era dividida em quatro grupos. Sobrava um grupo pra cada. Portanto, se seu clube participou da Taça de Prata, vai ter muita discussão se ele já jogou ou não uma “segunda divisão” do nacional. Olha só a confusão. Obs: Este formato foi até 1983, quando mudou tudo novamente.

Citei a fase áurea da quantidade de clubes do futebol brasileiro para mostrar que estamos recorrendo no mesmo erro do passado. Inchando campeonatos, estendendo o calendário, e bombardeando o espectador com jogos ruins e apenas para encher linguiça e também a programação da TV, utilizando o português bem claro. A diferença é que o futebol de hoje está bem pior que naquela época. E mais triste como citei no início. A Taça Libertadores foi vulgarizada, e está cada vez menos interessante. Clubes que pelo quesito técnico e tradição, quiçá chegariam ou chegarão a uma final, quanto mais a um título deste torneio.
Mais desgosto é quando vemos uma Champions League, só que agora pelo efeito inverso. Times que tratam muito bem a bola, como Bayer, Borussia, Barcelona, Real Madrid. Mas também não são muitos, estes poucos que me vieram à cabeça. Mas já são suficientes para transformar a Champions numa vitrine. Como deveria ser a nossa Libertadores.
Por estas e outras que “dentre as coisas menos importantes” como diz Milton Neves, o futebol para mim está se tornado cada vez menos importante. Acompanho e torço pelo meu clube do mesmo jeito como sempre fiz, mas tenho procurado algo mais interessante pra fazer, principalmente nas noites de quarta-feira e domingos.

 
Temas destacados: Padrão Fifa, Organizadas, Torneios Inchados.

 

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Carrinho sem freio



Demorou, mas, voltei. E pronto pra mais uma temporada de muito futebol e bate papo nesse espaço. Estaduais, Brasileiro, Copa do Mundo, etc. O ano de 2014 será cheio de futebol, pra quem gosta e, para aqueles que não gostam... bem,  sempre existe alguma ilha paradisíaca no sul do Pacífico esperando pela sua visita. Feitas as saudações, como diria Odorico Paraguaçu, vamos deixar de lado os entretanto e partir logo pros finalmente.

Acabo de ler que o atacante colombiano Falcão Garcia, provavelmente, ficará de fora da Copa do Mundo em razão de uma lesão ocorrida num jogo da Copa da França, entre o seu time, o Monaco e o Chasselay, clube das divisões inferiores.  A ruptura dos ligamentos do joelho do atacante ocorreu num carrinho do defensor adversário Ertek já no final do match, como o leitor pode conferir aqui. Confesso que assisti ao lance repetidas vezes, em diferentes ângulos de câmera e não vi nada de mais. Nenhuma rusga de maldade ou canalhice do defensor que pudesse taxá-lo como vilão. Foi um carrinho, ou como diriam os ingleses, um slide tackle¸ proferido corretamente, por baixo, dentro das regras. Se não me falha a memória, o lance não valeu nem um cartãozinho amarelo para o zagueiro.  Segundo as regras do tal do Fair Play, foi um lance normalíssimo. Talvez, seja esse, meus caros, o grande problema da história.

O carrinho, independentemente da intenção do defensor, é uma jogada perigosíssima e com resultados imprevisíveis. Durante anos os “cardeais da bola” debateram o que seria um bom carrinho, aquele normal do jogo, do carrinho maldoso, que poderia causar lesões aos atacantes. Ao final, decidiram que nada precisava ser alterado e que o único lance a ser coibido seria o carrinho aplicado por trás no adversário. Reparem que no caso do Falcao Garcia o carrinho foi aplicado pelo lado, ou seja, dentro da regra. Isso demonstra o tipo de preocupação que as autoridades do esporte têm com a segurança do jogo e a preservação de seus maiores estrelas. O carrinho é uma jogada desnecessária e, na minha opinião, não deveria fazer parte do jogo de futebol.

?E é possível abolir o carrinho do jogo de futebol? Claro que sim. Os jogadores profissionais, nos dias atuais, são mais rápidos, mais fortes e mais atléticos que há trinta anos atrás, além disso, a bola, o gramado e as regras de reposição tornaram o jogo mais dinâmico. O carrinho é hoje o resquício de uma forma antiquada de jogo. A maioria dos times joga numa marcação por zona, com um jogador na sobra, ou seja, sempre há ao menos um jogador em condições de defender a jogada. Ademais, reparem, o carrinho, mesmo quando bem sucedido, não garante a retomada da posse de bola. Enfim, é uma jogada desnecessária e devastadora quando atinge o adversário.

A discussão sobre o carrinho deveria ter sido encarada com mais seriedade há muitos anos atrás, mas, como tudo que não gera receita aos cofres das federações, foi arquivada. Por ora, azar do Falcão Garcia que não jogará Copa do Mundo após passar mais de 02 anos em jogos eliminatórios tentando levar a seleção de seu país de volta ao Mundial, por conta de uma jogada que as autoridades do jogo recusam-se a abolir. O defensor Ertek, por sua vez, remoído pela culpa, terá que buscar o perdão por um crime que sequer cometeu. Um crime sem culpados, mas, como uma vítima já bem conhecida; o nosso bom e amado futebol.   

quinta-feira, 18 de julho de 2013

O Clube da Fé

Foi em 1937 que o jornalista Thomaz Mazzoni apelidou o recém fundado São Paulo Futebol Clube de “Clube da fé”, pois, somente com muita fé aquele novo clube, sem recursos, poderia alcançar o mesmo nível de Corinthians e Palestra Itália, os dois gigantes da época. Parece que a fé moveu montanhas e o São Paulo cresceu, superou as dificuldades, teve em seu elenco alguns dos maiores jogadores de todos os tempos, conquistou títulos, ergueu um estádio que por muitos anos foi o maior do mundo dentre os particulares e ganhou o reconhecimento como um dos grandes do futebol mundial. O resto é história.

A situação atual do São Paulo não está tão feia como no início da nossa história, quando sequer tínhamos local para treinamentos. O problema hoje é apenas técnico, pode ser resolvido dentro das quatro linhas desde que tenhamos jogadores comprometidos com a disputa esportiva e com a instituição que paga os seus salários. Precisamos de gente que queira fazer história com a camisa tricolor. Nada além disso. É impossível ganhar todo ano, mas, é possível, sim, competir todo ano, disputar até o fim cada competição. E, sinceramente, meus amigos, é somente isso que eu peço do meu clube de coração.

Não serei eu a apontar o dedo na direção desse ou daquele jogador. Aliás, já fiz isso em alguns posts anteriores e não mudei a minha opinião. O fato é que estamos na metade final da temporada e agora é impossível reformular elenco. Vamos com esse time mesmo. Não dá pra achar que a simples troca do treinador irá alterar a postura profissional dos jogadores. Nenhum técnico, por melhor que seja, consegue realizar uma mudança tão profunda, em tão pouco tempo. O Paulo Autuori já deve ter percebido isso. Não dá pra reeditar 2005. Naquele ano tínhamos uma zaga sólida com Fabão, Alex e Lugano, um meio de campo com jogadores de muita qualidade e força física, como Danilo, Mineiro e Josué, dois alas que estavam em grande forma (Cicinho e Júnior), um atacante extremamente produtivo que era o Amoroso, independente do parceiro no ataque. No time atual não consigo enxergar um jogador que esteja no mesmo nível daqueles de 2005, portanto, não esperem mágica do bom treinador Autuori.

Os protestos e gritos de “Fora Juvenal” são saudáveis, extravazam a frustração, mas, sabemos que não surtirá efeito prático algum. O presidente Juvenal Juvêncio não sairá do comando do São Paulo. Esse homem é viciado em poder e, de mais a mais, presumo que o seu sucessor direto seja até pior que ele.  A crise política no clube é grave e, ao contrário de outras épocas, tem respingado no time, no objeto da paixão do torcedor. O que é injusto, pois, esses conselheiros brigam por mordomias, poder e até mesmo por uma vaga privativa de estacionamento. Enquanto, nós, torcedores brigamos por algo muito maior e mais caro; brigamos pelas tradições futebolísticas do São Paulo Futebol Clube, pelo prestígio e até mesmo temor dos rivais, conquistados a duras penas, desde 1935.

O time atual chegou no pior estágio que uma equipe profissional pode chegar. É aquele ponto no qual as coisas não dão certo, as mudanças não surtem efeito e, ao que parece, ninguém liga. Soa até ridículo nesse momento o apelido de “Soberano”, visto que caberia melhor ao time o apelido de “Soberbo” . Essa é a impressão que tenho após cada jogo do meu time nesse ano. Mas, enfim, somos torcedores, continuaremos com o time, pro melhor ou pro pior. Ainda há tempo para que essa temporada não termine como uma das piores de todos os tempos. Somos ainda o “Clube da Fé”, como muito bem disse Thomaz Mazzoni, e é com fé, meus amigos, que sairemos dessa situação.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Desabafos e confissões de quinta-feira


Começo esse post com um pedido de desculpas ao leitor desse espaço. Sempre defendi que o futebol deve ser discutido em alto nível, com leveza, sem carregar na tinta da paixão clubística, sob pena de cairmos em ofensas gratuitas e, convenhamos, já existem outros foros de discussão com esse propósito. Por essa razão, peço desculpas pelo tom que adotarei nesse texto, mas, isso é o que acontece quando você perde uma noite de sono tentando entender exatamente o que se passa com esse time do São Paulo. Não me entendam mal. Eu não estou preocupado com o resultado do jogo da noite passada, em Belo Horizonte, nem tampouco com a eliminação do Campeonato Paulista, pois, acompanho esse esporte tempo o suficiente para entender vitórias e derrotas com naturalidade. Acontece. Segue o jogo. O que incomoda é forma como elas acontecem e o rumo perigoso que esse time vem trilhando. Bem, desculpas pedidas, vamos ao que interessa.

Os problemas técnicos do São Paulo são conhecidos de todos os torcedores: não temos laterais confiáveis, os volantes são sofríveis, o que coloca a nossa defesa em péssima situação em praticamente todas as partidas e, óbvio, não conseguimos estabilizar uma dupla de zaga. Isso não faz a nossa equipe muito pior do que qualquer outro time desse capenga futebol brasileiro ou da Libertadores. O nosso time é muito pior que Arsenal de Sarandí, The Strongest, Tijuana ou qualquer outro dessa competição? Eu acho que não. Então, o que explicaria essa campanha medíocre do São Paulo na Libertadores e na fase decisiva do Campeonato Paulista? A comissão técnica acerta e erra como qualquer outra no futebol brasileiro. Substituições equivocadas, escolhas questionáveis, mas, não acho que Ney Franco esteja fazendo um mau trabalho. Ele realmente conseguiu mudar a forma de o time jogar e valorizou o toque de bola no meio de campo, com jogadores acima da média como PH Ganso e Jadson. A diretoria continua contratando mal como sempre, continua arrogante como sempre e querendo os créditos somente das vitórias, como sempre. Até aí, nada de mais, nada que justifique uma campanha de 3 vitórias, 1 empate e 6 derrotas. Com dezoito gols a favor e dezoito gols contra. Lembrem-se o São Paulo só jogou com Atlético Mineiro (que não ganha um título relevante há mais de quarenta anos), Arsenal de Sarandí e a dupla boliviana The Strongest e Bolivar. A campanha desse ano foi vergonhosa pro torcedor, pra dizer o mínimo. O que explica isso?

Bem, amigos, na minha opinião esse time sofre de um grave problema de caráter. O que eu vejo, baseado nos últimos jogos do time no Campeonato Paulista e na Libertadores, é um time sem qualquer compromisso com o resultado dentro de campo, um time sem cara, sem alma. A questão não é bem falta de raça ou disposição pra correr. Não é isso. Falta aos jogadores encararem aqueles noventa minutos de jogo como algo realmente importante, no qual cada passe, cada arremate, cada cruzamento, cada marcação é importante. É o time mais relaxado e descompromissado que eu já vi vestindo um uniforme do São Paulo em toda a minha vida. Aliás, se nada for alterado, sugiro que a diretoria adote a utilização daquela camisa vermelha até o final da temporada, pois, eu poderia ter a ilusão de que aquele time medíocre que está em campo não é o meu time do coração, mas, quem sabe o América-RN ou o Juventus. Seria menos doloroso.  

Quem essa gente pensa que é para esculhambar com a história e a tradição do São Paulo Futebol Clube dessa forma? Jogadores como Denilson, Wellington, Douglas, Paulo Miranda, Rafael Tolói são titulares do São Paulo? Não quero ser desrespeitoso com ninguém, mas, esses homens, tempos atrás, não serviriam nem como gandulas no Morumbi e deveriam agradecer todos os dias por terem o privilégio de vestir o uniforme desse time. Deus, tenha piedade de nós, torcedores. O que dizer, então, do “nosso Beckenbauer”, o Lúcio, um dos jogadores mais caros do elenco e que deveria ser um dos líderes desse time, exemplificando o ideal de comprometimento e profissionalismo que se espera de um jogador do São Paulo? Pois bem, esse é o mesmo jogador que se recusa a ser substituído, mesmo estando mal nas partidas, que se acha no direito de deixar o time na mão em dois jogos importantes, porque quis bancar o xerife da zaga? Esse homem, até agora, é um total desperdício de tempo e, principalmente, de dinheiro. Livrem-se dele assim que possível. O Luis Fabiano foi um excepcional atacante, mas, num futebol caro e extremamente profissional dos dias de hoje não é possível manter um jogador no elenco apenas por gratidão. É fato que ele teve problemas físicos, mas, nitidamente ele não é mais um grande atacante. É uma pena, mas, o tempo passa pra todo mundo e acho que é ora de tomar outro rumo.

Por fim, quero falar do Rogério Ceni. As pessoas que acompanham esse espaço sabem que eu não tenho o Rogério Ceni como ídolo e nem tampouco como o melhor arqueiro da história do São Paulo, mas, tenho um profundo respeito por esse homem e pela idolatria que a maioria da torcida, principalmente aqueles na faixa dos vinte anos, tem pelo titular do gol são paulino. Mas, entendo que está mais do que na hora de o São Paulo caminhar em outra direção. A idade avançada e os problemas físicos não deixam outra solução. Falhas fazem parte da vida do goleiro, mas, chega um certo ponto que os erros acontecem acima da conta e principalmente, em jogos decisivos. E o pior, eu começo a questionar essa tal liderança que algumas pessoas creditam ao Rogério. Não dá pra ignorar o tweet da esposa do goleiro reserva Denis durante o jogo contra o The Strongest, em La Paz. O que pode ser apenas um recalque de uma esposa em defesa da titularidade de seu marido pode também significar muito mais que isso. Será que nas internas, outros jogadores do São Paulo não pensam a mesma coisa acerca do goleiro, de que ele é egocêntrico, controlador, que só pensa nos seus números e recordes e, o que é pior, vale-se da idolatria da torcida para passar imune às críticas mesmo quando joga mal? Sinceramente, eu não sei como esse tipo de “liderança” pode ser benéfica para o grupo. É hora de agradecer pelos serviços prestados, realizar tantos e quantos jogos de despedida forem necessários e colocar o Rogério Ceni como uma página bonita da história desse clube. Ponto!

Concluindo, apesar do meu rancor e rabugice, típicas de um dia após o atropelamento, eu acho que bons ventos podem soprar do lado do Morumbi, basta a diretoria ter sapiência nesse momento. Temos algum técnico disponível melhor que o Ney Franco pra conduzir esse time? Eu acho que não. Então, não tem porque mudar. Apesar desse início de temporada catastrófico eu jamais duvidarei completamente de um time que tem PH Ganso e Jadson no meio de campo. Acho que precisamos de mais ajuda na defesa e precisamos desesperadamente de um atacante de qualidade. É lógico que nada disso servirá se continuarmos com a mesma atitude apática, passiva e descompromissada em campo. Mudança já. Perder, como disse no início do post é normal, é do jogo, mas, perder da forma como perdeu em Belo Horizonte, ontem, ou a forma como jogou contra o Corinthians, no domingo, é inadmissível. Nós, torcedores, merecemos e exigimos mais.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Ai, que ressaca!!


Sexta-feira com cara de segundona gorda. Pelo menos essa é a sensação que os torcedores do Tricolor estão tendo no dia de hoje. Tudo por conta da dolorida derrota sofrida na noite de ontem contra o The Strongest, lá no altiplano boliviano. Enfim, jogamos quatro jogos fora de casa nessa competição e perdemos todos. Lamentável sobre todos os aspectos. Isso demonstra que o time não é nem um pouco competitivo e, por essa razão, vamos encontrar ainda muito mais dificuldades no Campeonato Brasileiro. O lado bom é que, pelo menos só temos mais um jogo de Libertadores e olhe lá. Ah, nem me digam que tem gente que ainda conta com essa classificação! Chamem o matemático Oswald de Souza, o dono do armazém ou o "Rain Man" pra explicar essa conta da classificação, porque eu ainda não entendi. Falta ponto, falta vitória, falta gol, falta saldo e pelo visto vamos terminar a nossa participação ainda devendo no Brasileirão. Não via uma desclassificação tão prematura assim, desde a Libertadores de 1987, numa época que somente um time classificava pra outra fase. Ficar em terceiro ou quarto colocado num grupo com o The Strongest, Arsenal de Sarandí e o ainda virgem Atlético Mineiro é motivo de sobra pro torcedor são paulino acordar de cabeça inchada. O time está com uma série de problemas que tentarei postar aos poucos aqui nesse espaço, mas, numa comparação bem grosseira, parecemos a seleção da Colômbia no início dos anos 1990. Tocamos, tocamos, tocamos, mas, estufar a rede que é bom, nada. Enquanto isso, tomamos os gols mais absurdos, com falhas primárias de volantes, laterais, zagueiros e goleiro.Triste, mas, é o que tem. Isento o Ney Franco da maior parte das responsabilidades pelo mau momento. Acho que ele tem escalado bem a equipe e teve competência para lidar com a situação PHGanso. Apesar disso, está, como diz o jargão do dirigente de futebol, “prestigiado”, ou seja, está por um fio no cargo. Vamos aguardar os próximos acontecimentos. Por ora, a única coisa a fazer é tomar um amargo chá de boldo.