Foi em 1937 que o jornalista
Thomaz Mazzoni apelidou o recém fundado São Paulo Futebol Clube de “Clube da fé”,
pois, somente com muita fé aquele novo clube, sem recursos, poderia alcançar o
mesmo nível de Corinthians e Palestra Itália, os dois gigantes da época. Parece
que a fé moveu montanhas e o São Paulo cresceu, superou as dificuldades, teve
em seu elenco alguns dos maiores jogadores de todos os tempos, conquistou
títulos, ergueu um estádio que por muitos anos foi o maior do mundo dentre os
particulares e ganhou o reconhecimento como um dos grandes do futebol mundial.
O resto é história.
A situação atual do São Paulo não
está tão feia como no início da nossa história, quando sequer tínhamos local
para treinamentos. O problema hoje é apenas técnico, pode ser resolvido dentro
das quatro linhas desde que tenhamos jogadores comprometidos com a disputa
esportiva e com a instituição que paga os seus salários. Precisamos de gente
que queira fazer história com a camisa tricolor. Nada além disso. É impossível
ganhar todo ano, mas, é possível, sim, competir todo ano, disputar até o fim
cada competição. E, sinceramente, meus amigos, é somente isso que eu peço do
meu clube de coração.
Não serei eu a apontar o dedo
na direção desse ou daquele jogador. Aliás, já fiz isso em alguns posts anteriores
e não mudei a minha opinião. O fato é que estamos na metade final da temporada
e agora é impossível reformular elenco. Vamos com esse time mesmo. Não dá pra
achar que a simples troca do treinador irá alterar a postura profissional dos
jogadores. Nenhum técnico, por melhor que seja, consegue realizar uma mudança
tão profunda, em tão pouco tempo. O Paulo Autuori já deve ter percebido isso.
Não dá pra reeditar 2005. Naquele ano tínhamos uma zaga sólida com Fabão, Alex
e Lugano, um meio de campo com jogadores de muita qualidade e força física,
como Danilo, Mineiro e Josué, dois alas que estavam em grande forma (Cicinho e
Júnior), um atacante extremamente produtivo que era o Amoroso, independente do
parceiro no ataque. No time atual não consigo enxergar um jogador que esteja no
mesmo nível daqueles de 2005, portanto, não esperem mágica do bom treinador
Autuori.
Os protestos e gritos de “Fora
Juvenal” são saudáveis, extravazam a frustração, mas, sabemos que não surtirá
efeito prático algum. O presidente Juvenal Juvêncio não sairá do comando do São
Paulo. Esse homem é viciado em poder e, de mais a mais, presumo que o seu
sucessor direto seja até pior que ele. A
crise política no clube é grave e, ao contrário de outras épocas, tem
respingado no time, no objeto da paixão do torcedor. O que é injusto, pois,
esses conselheiros brigam por mordomias, poder e até mesmo por uma vaga
privativa de estacionamento. Enquanto, nós, torcedores brigamos por algo muito
maior e mais caro; brigamos pelas tradições futebolísticas do São Paulo Futebol
Clube, pelo prestígio e até mesmo temor dos rivais, conquistados a duras penas,
desde 1935.
O time atual chegou no pior
estágio que uma equipe profissional pode chegar. É aquele ponto no qual as
coisas não dão certo, as mudanças não surtem efeito e, ao que parece, ninguém
liga. Soa até ridículo nesse momento o apelido de “Soberano”, visto que caberia
melhor ao time o apelido de “Soberbo” . Essa é a impressão que tenho após cada
jogo do meu time nesse ano. Mas, enfim, somos torcedores, continuaremos com o
time, pro melhor ou pro pior. Ainda há tempo para que essa temporada não
termine como uma das piores de todos os tempos. Somos ainda o “Clube da Fé”,
como muito bem disse Thomaz Mazzoni, e é com fé, meus amigos, que sairemos
dessa situação.
Um comentário:
Medo mesmo é quando a diretoria começa a falar que "nunca deixou de pensar em rebaixamento, já que isso é possível para todas equipes que participam do torneio".
Postar um comentário