Nunca fui ao Maracanã. Era um
daqueles estádios que, desde criança, tinha vontade de conhecer. O maior
estádio do mundo. Dentro dele, cabia uma cidade de 200.000 habitantes ou toda população indígena contemporânea do Brasil. Gigante de concreto e de muitas histórias.
Assim como o Uruguai em 1930, o
Brasil prometera à Fifa, que se fosse a sede da Copa de 1950, construiria o
maior estádio do Mundo. A Europa se reconstruía do pós-guerra e a Copa não era sua prioridade. Argentina também
aparecia como candidata, mas não tinha a mesma pretensão de construir o maior
estádio do planeta.
Tudo bem, a Seleção perdeu a Copa
com um público jamais visto, para o Uruguai. A euforia daria lugar ao silêncio.
Mas o gigante recém construído ainda teria muito mais para oferecer ao futebol brasileiro.
Coloquei no canal Brasil e estava
passando o filme sobre o clássico FlaxFlu: “40 minutos antes do nada”, e o que
me chamou a atenção, era o espetáculo das torcidas e aquele monstro lotado. Sem querer, o estádio vira o protagonista deste documentário na minha modesta opinião. Não que eu já não tivesse visto, mas refletindo alguns anos depois, isto resume ou resumia a
essência do futebol: o esporte mais
popular do planeta tendo como protagonista do espetáculo, o povão. Para quem vivenciou esta época, era algo que parecia que nunca iria acabar. E se durante
um certo tempo o futebol brasileiro era referência e representava o melhor
futebol jogado, penso que a grandeza deste estádio de certa forma simbolizava isto.
A diferença do estádio Centenário
(palco da primeira Copa do Mundo) para o Maracanã, é que o primeiro ainda está
lá. Suas cadeiras e configuração original, relembram a grande conquista
Uruguaia. Para os uruguaios, isto está acima de padrões de beleza ou conforto.
Já o Maracanã, ganhou um banho de
estética para a Copa de 2014, sendo formatado segundo um padrão
pré-estabelecido. Aquele que tinha a intenção de abraçar a todos (como diria Gilberto Gil na sua música), hoje reúne um contingente bem mais restrito. O público mudou e o Maracanã deixou de ser gigante. Só para quem teve a oportunidade de
presenciar o Maracanã original, (mesmo não estado lá pessoalmente) tem a noção
do impacto que provocava aquela festa e multidão. E quem esteve na festa pode falar com muito mais propriedade que este blogueiro.
Se quando criança era um
estádio que gostaria de conhecer, hoje talvez não teria despertado o mesmo interesse. Sua
concepção inicial (de ser “o maior”), foi tirada em detrimento de ser “moderno”. Padronizou-se para atender as
necessidades do mercado e do setor privado.
Do gigante, só restaram as histórias: Dos antigos "Fla-Flus", e outros clássicos; da alegria da geral, e dos recordes de público da Seleção. O estádio pode ter ficado mais bonito, confortável, mas em contrapartida ficou também mais triste ou pelo menos, igual aos outros.
Uma questão de conceitos.
Um comentário:
Mais uma modernidade que me faz pensar cada dia mais que estou certo na minha nostalgia
Postar um comentário