segunda-feira, 27 de abril de 2015

Apenas um incômodo.

O Brasil virou o “Túmulo da Bola”. Ponto. Esse post poderia terminar assim mesmo, com uma frase de efeito, nada original, mas, que, entre aspas, ganha uma certa eloquência capaz de segurar a atenção e reflexão do leitor por alguns minutos. Lógico que após esse período, o sagaz leitor do Patativa já teria entendido que tudo não passava de um embuste do blogueiro, motivado por uma crise de inspiração. Como não subestimo a perspicácia dos leitores do Patativa seguirei com mais algumas linhas.

Enfim, ontem foi um dia repleto de finais estaduais. Por aqui, o tradicionalíssimo clássico entre Palmeiras e Santos iniciou a disputa do título do futebol paulista. Em outros tempos, a final de ontem teria sido o assunto mais importante na cidade. A expectativa da decisão, as escalações dos times, as declarações polêmicas, a rivalidade histórica e sobretudo a festa e irreverência dos torcedores tornariam a discussão sobre qualquer outro assunto irrelevante, de somenos importância, uma conversa pra boi dormir. A maior cidade do país estaria pulsando ao ritmo das duas torcidas.

Contudo, ontem, dia de final, saí pelas ruas e não vi nada disso. Não vi torcedores com as camisas dos clubes da final, não vi os bares apinhados de torcedores, aos berros, esperando o apito inicial, não vi as Kombis caindo aos pedaços e cheias de torcedores rumo ao estádio. Nem mesmo o ambulante que vendia bandeiras, faixas de campeão e camisas deu as caras. Um velório.

E isso, meus amigos, não tem nada a ver com o tamanho das torcidas de Palmeiras e Santos. O Parque Antártica estava lotado e a renda do jogo foi milionária. Mas, e daí? Não tinha ninguém nas ruas, não tinha cheiro de churrasco vindo da casa do vizinho, não tinha fogos de artifício e nem bandeiras de plástico tremulando nas janelas, não tinha os hinos dos clubes explodindo nos alto falantes dos carros. Muita gente que eu sei que gosta de futebol, sequer assistiu o jogo pela televisão. Uma final de campeonato, meus amigos, não está valendo nem uma aposta no bar da esquina.

Após o dia de ontem cheguei a conclusão de que o futebol, talvez, não esteja, de fato, morto e enterrado nos corações brasileiros, como cheguei a sugerir no início do posto, mas, não é mais algo importante na vida do brasileiro. O futebol não emociona mais o nosso povo. Virou algo menor. Se algum dia o futebol foi o nosso ópio, como teria dito Millôr Fernandes, das duas uma, ou o brasileiro está reabilitado desse vício ou arrumou alguma outra droga mais potente.

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