Enfim,
ontem foi um dia repleto de finais estaduais. Por aqui, o
tradicionalíssimo clássico entre Palmeiras e Santos iniciou a
disputa do título do futebol paulista. Em outros tempos, a final de
ontem teria sido o assunto mais importante na cidade. A expectativa
da decisão, as escalações dos times, as declarações polêmicas,
a rivalidade histórica e sobretudo a festa e irreverência dos
torcedores tornariam a discussão sobre qualquer outro assunto
irrelevante, de somenos importância, uma conversa pra boi dormir. A
maior cidade do país estaria pulsando ao ritmo das duas torcidas.
Contudo,
ontem, dia de final, saí pelas ruas e não vi nada disso. Não vi
torcedores com as camisas dos clubes da final, não vi os bares
apinhados de torcedores, aos berros, esperando o apito inicial, não
vi as Kombis caindo aos pedaços e cheias de torcedores rumo ao
estádio. Nem mesmo o ambulante que vendia bandeiras, faixas de
campeão e camisas deu as caras. Um velório.
E isso,
meus amigos, não tem nada a ver com o tamanho das torcidas de
Palmeiras e Santos. O Parque Antártica estava lotado e a renda do
jogo foi milionária. Mas, e daí? Não tinha ninguém nas ruas, não
tinha cheiro de churrasco vindo da casa do vizinho, não tinha fogos
de artifício e nem bandeiras de plástico tremulando nas janelas,
não tinha os hinos dos clubes explodindo nos alto falantes dos
carros. Muita gente que eu sei que gosta de futebol, sequer assistiu o
jogo pela televisão. Uma final de campeonato, meus amigos, não está
valendo nem uma aposta no bar da esquina.
Após o
dia de ontem cheguei a conclusão de que o futebol, talvez, não
esteja, de fato, morto e enterrado nos corações brasileiros, como
cheguei a sugerir no início do posto, mas, não é mais algo
importante na vida do brasileiro. O futebol não emociona mais o
nosso povo. Virou algo menor. Se algum dia o futebol foi o nosso
ópio, como teria dito Millôr Fernandes, das duas uma, ou o
brasileiro está reabilitado desse vício ou arrumou alguma outra
droga mais potente.
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