sábado, 14 de janeiro de 2012

Quando Marcos virou "São Marcos".



O jogo era válido pelas semi-finais da Copa Libertadores de 2000. Palmeiras havia ganho no tempo normal por 3x2 do Corinthians, que havia ganho a primeira partida por 4x3. Os dois jogos ocorrera no Morumbi. Tudo igual nos critérios, e a decisão acabara indo para as cobranças de penalidades. Marcelinho, o "pé-de-anjo", maior ídolo da Fiel naquele momento, era o último a bater; e caso convertesse, as cobranças passariam a ser alternadas. O pé-de-anjo, corre então pra bola, chuta forte no canto direito do goleiro, e Marcos faz uma grande defesa. O Palmeiras eliminaria o arquirrival pelo segundo ano consecutivo, evitando que este chegasse a uma inédita final, interrompida pelas mãos do arqueiro. Começava ali, o processo de "canonização" do goleiro, que passaria a ser conhecido desde então como "São Marcos". Dizem que até São Paulo, e outros "Santos" curtiram aquela defesa. Não pelo Corinthians, mas principalmente pelo seu jogador que se dizia um seguidor da palavra do Senhor.

Mas outra atuação que ficaria para história, não apenas por uma defesa, foi da Libertadores do ano anterior, desta vez pelas quartas-de-final, em maio de 1999. Na primeira partida, em que o Palmeiras derrotara o Corinthians por 2x0, Marcos teve uma brilhante atuação. Substituindo Velloso com uma fratura e buscando sua titularidade, Marcos recebera elogios na época de dois grandes ex-goleiros (na ocasião publicado no jornal O Estado de S. Paulo): "Foi o que se pode chamar de impecável" - dissera Gilmar dos Santos Neves na época. "Ele merece continuar na equipe e Velloso terá de esperar uma oportunidade para recuperar a posição"- concluiria o bicampeão mundial pelo Santos e seleção brasileira. Oberdan Cattani, goleiro alviverde entre os anos 1940/50, relembraria os tempos em que jogava: "Foi realmente emocionante, porque a cada defesa, ele crescia no gol. Tive saudades dos tempos em que eu enfrentava aquele ataque do São Paulo formado por Luisinho, Sastre, Leônidas, Remo e Teixeirinha ou o Corinthians de Cláudio, Baltazar, Carbone e Simão. A gente tinha ação o tempo todo" - relembrava o ex-goleiro.


Pode-se dizer que Marcos foi um desses boleiros à moda antiga. Carregava consigo a simplicidade e amor pelo clube no qual defendeu. Tinha a simpatia e respeito das torcidas rivais. E não precisou jogar num grande clube europeu ou ganhar uma bola de ouro, para se realizar profissionalmente. Preservou suas raízes e se transformou num mito na Sociedade Esportiva Palmeiras, sendo "canonizado" por esta torcida, e passando a ser chamado de "São Marcos".





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