Acredito que
todos os colunistas do Patativa da Bola têm explicações interessantíssimas
sobre a ausência de postagens sobre futebol. Vejam que a última postagem sobre
o esse esporte aconteceu em janeiro de 2017, quando ocorreu o comunicado da
FIFA sobre os Mundiais. Tirando a coluna “Pé no Fundo”, presente pontualmente a
cada grande prêmio; temos um ostracismo medonho a ser combatido. É verdade que
fiquei empolgado com a estreante “Corre, corre”, indicando que um novo esporte
seria explorado; mas mesmo assim tudo pareceu pouco, visto nossa empolgação
quando decidimos abrir esse espaço.
Muitas coisas
aconteceram durante esse período magro de postagens, vejam vocês que não
tivemos uma única vírgula sobre o título do Palmeiras (que saiu de uma incômoda
fila de Campeonato Brasileiro). Nada sobre o Botafogo, chegando até a
Libertadores depois de tantos anos. Nada sobre a Chapecoense, que mesmo sendo
um assunto que foge opiniões sobre futebol, foi um argumento interessante e
pouquíssimo comentado por nós. Nada sobre a campanha da Seleção Brasileira,
aliás minha última postagem foi exatamente sobre a estreia do Tite, em setembro
de 2016. Eu fiquei incomodado, mas não houve qualquer motivo que me fizesse
sentar na frente do computador e perdesse quinze ou vinte minutos para falar
sobre qualquer desses temas.
Quais os meus
motivos? Não posso falar pelos outros colunistas, mas eu tenho muitas
explicações sobre a falta de textos falando sobre o futebol. Devem ter notado
que minhas últimas postagens foram muito pessimistas, como se o futebol tivesse
perdido o encanto e coisa e tal. É verdade, ele perdeu o encanto para mim.
Também nesse aspecto existe algo pessoal também, essas mudanças que atrapalham
qualquer coisa que tenha relação com criação. Enfim, o futebol ficou
desinteressante e eu me sentia pior ainda sendo um cara rabugento, pessimista e
sem qualquer condição de falar sobre o esporte que me fazia perder algumas
horas da minha vida.
O futebol mudou
muito, o torcedor não. Eu continuo o mesmo nessas décadas. Continuo querendo
achar em cada novo craque aquele sujeito que eu acompanhava em campo, na minha
adolescência. O mal do século é a nostalgia? Não sei dizer. Só sei que
acompanhar a cena contemporânea do futebol é ter que ouvir, ler uma língua estranha,
com tantos nomes estranhos; diversos times estrangeiros. Não tenho condição de
me enquadrar nessa dinâmica que tornou o futebol tão universal, saindo os
campos de futebol de botão e partindo para a tela de um computador. O futebol
trouxe para a discussão o magnânimo profissionalismo europeu em combate ao
abandonado, desacreditado e ruim futebol nacional.
Vejo a juventude
admirando o futebol estrangeiro com a mesma força de conhecimento que admira o
time de coração aqui no Brasil. Admira os negócios feitos com cifras
milionárias, contratos de bilhões e uma conduta profissional que determina
quando e como um time será campeão. Enfim, o futebol que com o passar dos anos
incorporou o negócio em seu planejamento financeiro perdeu um pouco o direito
de ser arte, precisando ser apenas competitivo. Um pouco disso é meu dissabor e
talvez por isso o futebol tem fascinado cada vez menos.
Voltar aqui é
ter esperança: ou me transforme nesse novo torcedor ou o futebol deve mudar. A
resposta é muito simples, só preciso de um motivo interessante para começar a
me transformar.
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