segunda-feira, 24 de abril de 2017

Autor e a autocrítica

 

Acredito que todos os colunistas do Patativa da Bola têm explicações interessantíssimas sobre a ausência de postagens sobre futebol. Vejam que a última postagem sobre o esse esporte aconteceu em janeiro de 2017, quando ocorreu o comunicado da FIFA sobre os Mundiais. Tirando a coluna “Pé no Fundo”, presente pontualmente a cada grande prêmio; temos um ostracismo medonho a ser combatido. É verdade que fiquei empolgado com a estreante “Corre, corre”, indicando que um novo esporte seria explorado; mas mesmo assim tudo pareceu pouco, visto nossa empolgação quando decidimos abrir esse espaço.

Muitas coisas aconteceram durante esse período magro de postagens, vejam vocês que não tivemos uma única vírgula sobre o título do Palmeiras (que saiu de uma incômoda fila de Campeonato Brasileiro). Nada sobre o Botafogo, chegando até a Libertadores depois de tantos anos. Nada sobre a Chapecoense, que mesmo sendo um assunto que foge opiniões sobre futebol, foi um argumento interessante e pouquíssimo comentado por nós. Nada sobre a campanha da Seleção Brasileira, aliás minha última postagem foi exatamente sobre a estreia do Tite, em setembro de 2016. Eu fiquei incomodado, mas não houve qualquer motivo que me fizesse sentar na frente do computador e perdesse quinze ou vinte minutos para falar sobre qualquer desses temas.

Quais os meus motivos? Não posso falar pelos outros colunistas, mas eu tenho muitas explicações sobre a falta de textos falando sobre o futebol. Devem ter notado que minhas últimas postagens foram muito pessimistas, como se o futebol tivesse perdido o encanto e coisa e tal. É verdade, ele perdeu o encanto para mim. Também nesse aspecto existe algo pessoal também, essas mudanças que atrapalham qualquer coisa que tenha relação com criação. Enfim, o futebol ficou desinteressante e eu me sentia pior ainda sendo um cara rabugento, pessimista e sem qualquer condição de falar sobre o esporte que me fazia perder algumas horas da minha vida.

O futebol mudou muito, o torcedor não. Eu continuo o mesmo nessas décadas. Continuo querendo achar em cada novo craque aquele sujeito que eu acompanhava em campo, na minha adolescência. O mal do século é a nostalgia? Não sei dizer. Só sei que acompanhar a cena contemporânea do futebol é ter que ouvir, ler uma língua estranha, com tantos nomes estranhos; diversos times estrangeiros. Não tenho condição de me enquadrar nessa dinâmica que tornou o futebol tão universal, saindo os campos de futebol de botão e partindo para a tela de um computador. O futebol trouxe para a discussão o magnânimo profissionalismo europeu em combate ao abandonado, desacreditado e ruim futebol nacional.

Vejo a juventude admirando o futebol estrangeiro com a mesma força de conhecimento que admira o time de coração aqui no Brasil. Admira os negócios feitos com cifras milionárias, contratos de bilhões e uma conduta profissional que determina quando e como um time será campeão. Enfim, o futebol que com o passar dos anos incorporou o negócio em seu planejamento financeiro perdeu um pouco o direito de ser arte, precisando ser apenas competitivo. Um pouco disso é meu dissabor e talvez por isso o futebol tem fascinado cada vez menos.
Voltar aqui é ter esperança: ou me transforme nesse novo torcedor ou o futebol deve mudar. A resposta é muito simples, só preciso de um motivo interessante para começar a me transformar.


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