Mas por trás da história de São Januário não existe apenas suntuosidade e concreto. O Vasco da Gama – fundado por portugueses do subúrbio carioca – era formado basicamente por operários e negros numa época em que o “football” era um esporte dominado pela elite. O Gigante da Colina como ficaria conhecido teve uma ascensão meteórica no futebol carioca, sendo campeão em 1923. No ano seguinte, Flamengo, Fluminense e Botafogo, fundariam a Associação Metropolitana de Esportes Atléticos (AMEA), deixando o clube cruzmaltino de fora e exigindo do clube uma espécie de investigação social de seus integrantes ou associados.
Óbvio que isto gerou revolta, resultando numa carta do presidente do clube à AMEA, alegando preconceito e racismo. Na época,
12 jogadores vascaínos eram negros, mulatos e imigrantes. Mas, se racismo não seria o
motivo (em que alegaria a AMEA), a exigência para participar da Associação era
que o clube possuísse um campo ou estádio próprio (algo que o Vasco não possuía
pois mandava os jogos no campo do
América). Sem entrar em muitos detalhes,
o fato é que o Vasco conseguiu adquirir um terreno em São Januário, e numa
espécie de mutirão, ajudado pela sua torcida, construiu o maior estádio do
Brasil em tempo recorde (em 11 meses segundo informações de um blog).
Não tinha mais jeito: O
Vasco, de sub-julgado, tinha o maior estádio, e conseguiu fazer um dos maiores eventos desportivos do Rio de Janeiro (então
capital federal). Para cortar a fita de inauguração, nada menos que o presidente da república, Washington Luís. O convidado para festa era um clube paulista que, além de boas
relações com os fluminenses, era uma sensação na época em virtude dos placares elásticos que aplicava aos adversários: O Santos Futebol Clube.
Cortada a fita, começado o jogo e aos 11’do primeiro tempo, as
redes balançavam pela primeira vez em São Januário: Gol anotado pelo santista Evangelista.
Negrito, aos 45’empatava para o clube da colina. E o primeiro tempo terminava empatado em 1x1.
Mas o time de Vila Belmiro parecia não ter
se impressionado com o maior público que o futebol brasileiro presenciava até
então (dados oficiais de 35000 mas deveria haver bem mais) e impôs seu jogo no segundo tempo: Feitiço faria aos 15’ novamente para
o Santos e Baiano empataria logo depois,
aos 18’. Omar aos 22’, e Araken aos 30’, ampliariam para o time santista. Pachoal aos 34’ diminuiria para o Vasco. Evangelista, autor do gol de inauguração, encerraria a pugna,
anotando aos 39’. Final 3x5; Vasco feliz com seu novo estádio, e o Santos com o placar.

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