Quais atributos
devemos perceber num time para que possamos cravar, com toda euforia e pompa, o
favoritismo à um título? Andei pensando muito nisso ao ver os números do
Corinthians no Campeonato Brasileiro. Sim, pois chegamos à um pouco mais da
metade do campeonato, a equipe tem números impressionantes, mesmo assim, ainda
não me sinto confortável em dizer que é a melhor equipe do país. Neste momento,
o Corinthians tem o melhor ataque, com 42 gols. Possui a melhor defesa, com 19
gols. São exatos 17 partidas sem saber o que é ser derrotado, com doze vitórias
e cinco empates. Favoritismo? Não.
Saindo dos
números, frios e exatos; olhando para o lado humano, tático: Cássio, Uendel e
Fágner. Gil e Felipe. Dignos de qualquer grande equipe. Uendel numa fase
extraordinária, Fágner na melhor de sua carreira. Gil cotado para seleção
brasileira. Felipe, depois de altos e baixos, escalado por Tite, sem qualquer
dúvida, quando analisado sua estatística: a equipe sofre menos quando ele está
em campo. No meio de campo, até outro dia., Bruno Henrique; um volante moderno,
com uma saída de bola que o qualquer treinador queria em campo. Machucado,
saiu. Substituído por Ralf, que dispensa comentários, ainda que não esteja em
boa fase. Elias, Jadson e Renato Augusto são a alma da equipe, quando estão
bem, tudo funciona. E no ataque Vágner Love e Malcon.
Sim, é uma equipe
muito boa.
Deixando os números
de lado, saindo da individualidade dos jogadores, entrando no mérito tático:
Tite monta a equipe exatamente como quer. O desenho tático não se altera em
nenhum momento: dentro e fora de casa, ganhando ou perdendo. É uma maneira de
jogar. Ora tem mais agressividade, ora joga no contra-ataque, ora sufoca o
adversário e muitas vezes sufocado. Mas uma coisa ninguém pode criticar: não
tem como dizer que o Corinthians não tem padrão de jogo. E ainda mais,
considerando as críticas em relação as outras equipes, quando se diz que um técnico
foi demitido por não ter dado um “padrão de jogo” à equipe, devemos considerar
que Tite está num bom caminho.
Campanha, questão
técnica e questão tática. São três itens analisados que foram, a grosso modo,
vistos como positivo na equipe do Corinthians. Com tudo isso, deveria ter a
certeza que o time é a melhor do campeonato, que o favoritismo é latente e que
o título é uma questão de tempo. Mas, afinal de contas, qual a razão de ainda não
certeza sobre isso? É certo: certeza no futebol é uma surpresa, muitas vezes
indesejada. Mas com os números, com o parecer, eu teria que ter, pelo menos,
mais esperança na equipe, não? Quais os atributos que ainda estão faltando? Na verdade;
eu não sei.
Pode ser a falta
de um jogo realmente maravilhoso. Pode ser a falta de uma sequência de vitórias.
Pode ser a falta de jogos sem sofrimento. Pode ser a falta de uma vitória em clássico:
é verdade, no campeonato para o Corinthians constam seis clássicos, enquanto
para Atlético Mineiro apenas dois. Vencer clássicos é a moral de campeão, é a
certeza; cravada. Corinthians precisa ganhar um clássico para efetivar o título,
e mais que isso, não apenas na disputa das torcidas, mas pela pontuação. Pode levar
a taça sem ganhar clássicos? Evidente, esforçando-se para recompor os pontos
perdidos com equipes menores, ou inferior tecnicamente.
Exclusivamente na
liderança, Corinthians ganhou os jogos, bem ou mal, daqueles que seriam sua
obrigação. Ganhou jogos que foram surpreendentes. Numa linha tênue entre péssimos
resultados, escolheu sempre o resultado melhor, ainda que não fosse o seu melhor, ou o esperado.
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