Olá leitores!
Como já disse algumas vezes, eu me esforço, mas não é fácil
produzir um bom texto com base em uma corrida ruim. E, exceto para alguns
grupos específicos, como os fãs da Ferrari, do Vettel, do Ricciardo e do Kimi,
a corrida foi sonolenta. Quem foi dormir tarde por ter saído à noite ou por ter
ficado acompanhando o show do Metallica no Rock in Rio (meu caso) teve
problemas para acompanhar a corrida. A própria FOM (que é quem gera o sinal de
TV) deve ter percebido a falta de emoção, pois com 10 voltas já apareciam as
imagens aéreas de Cingapura à noite, com aquele festival de luzes tentando
fazer o espectador não dormir. Evidentemente, para o campeonato a corrida foi
maravilhosa, com o fracasso das Mercedes adiando um pouquinho a definição do
título, que deve mesmo ir parar nas mãos do Hamilton por pura falta de
adversário de outra equipe com carro em condições de enfrentar a Mercedes. Por
falar em Mercedes, achei bastante interessante: na corrida passada surgiram
dúvidas a respeito da legalidade do uso de pressão de pneus divergente daquilo
indicado pela Pirelli... por coincidência – ou não – na corrida seguinte o
desempenho dos carros foi muito inferior ao que foi padrão até agora. Não
levantarei a teoria conspiratória, deixarei por conta de cada um, mas que foi
estranho, foi. E a prova serviu também para mostrar o quão ridículo é esse
negócio de safety-car virtual, serve apenas para deixar a corrida confusa. A melhor
definição seria patético. Assim como patética foi a segurança do evento ao
permitir que um espectador invadisse a pista para tirar uma foto. Uma coisa é
invadir no trecho da floresta do velho Hockenheim, se esgueirando entre as
árvores, outra é fazer isso em uma pista de rua, com cercas para todo o lado.
Como disse o Vettel, que ao menos a foto tenha saído boa, com foco...
Vitória de ponta a ponta do Sebastian Vettel, que com a 42ª
delas se tornou o terceiro maior vencedor da categoria, atrás apenas de Alain
Prost (alcançável) e Michael Schumacher (difícil, mas não impossível, com quase
20 corridas por ano). Ele quebrou um jejum de 5 anos da Ferrari sem uma vitória
em que não perdesse a liderança nem durante as paradas de boxe. E o desempenho
dele na classificação foi fantástico, dominou o Q3 com muita autoridade.
Resultado final mais do que merecido para o alemão. Seu companheiro Räikkönen
(3º) também teve uma boa apresentação, em que pese nunca ter conseguido
disputar seriamente o 2º lugar. Até tentou se aproximar, mas na quente (na hora
da largada, 30°C) noite de Cingapura os pneus se desgastaram muito rápido.
Em 2º chegou o Ricciardo, que fez uma excelente corrida para
um carro com motor Renault. Ficou a nítida impressão que, com um motor mais
forte, o resultado da corrida poderia ser diferente. De qualquer maneira, teve
a chance e a aproveitou, terminando em um honroso e merecido pódio. Seu
companheiro de equipe Kvyat (6º) apresentou desempenho bem consistente, mas
teve azar com o safety-car, ficando muito tempo preso no tráfego de carros com
ritmo de corrida inferior ao dele.
Em 4º chegou Nico Rosberg, em um final de semana que nada
deu certo para a equipe, mas que serviu para ele reduzir a diferença que ele
possui na classificação do campeonato para o companheiro de equipe – agora está
em 41 pontos, faltando 6 corridas para o final, uma importante diferença se
levarmos em conta que a vitória dá 25 pontos. Não acredito em uma recuperação
do alemão até a última prova para disputar o título, mas é sempre bom adiar um
pouco uma definição antecipada de título. Seu companheiro Hamilton (18º)
abandonou com problemas de entrega de potência no motor.
Em 5º chegou Valtteri Bottas, conseguindo um bom resultado
para a Williams em uma pista que, total e definitivamente, não favorece o carro
da equipe, que se dá muito melhor em circuitos mais velozes e com menos carga
aerodinâmica. Dessa vez a equipe não prejudicou tanto o piloto nas paradas para
troca de pneus, e o resultado veio. Seu companheiro Massa (19º) abandonou com
problemas de câmbio, mas antes disso tinha se envolvido em um estranho acidente
com a Force India de Nico Hülkemberg, quando saía dos boxes na 13ª volta.
Em 7º veio o Sérgio Pérez, trazendo mais alguns pontinhos
para a Force India em uma pista onde, a exemplo dos Williams, o carro sofre
mais que os outros para extrair desempenho. Boa corrida, desempenho sólido. Seu
companheiro Nico Hülkemberg (20º) foi o primeiro a abandonar, jogado em direção
ao muro pelo Massa. Os comissários acharam que a culpa foi do Nico e o puniram,
mas eu confesso que achei que foi acidente de corrida. A saída dos boxes é mal
feita, devolvendo o carro bem na freada de uma curva, achei que o Massa forçou
um pouco a barra e que o Hülk não deu o espaço que o Massa precisava para fazer
a curva. Ele estava embalado, com pneus aquecidos, ao passo que Felipe estava saindo
com pneus ainda fora da temperatura ideal, se fosse ultrapassado passaria no
máximo em 3 curvas. Todos erraram. Enfim, Hülk perdeu 3 posições na largada
para o GP do Japão.
Em 8º e 9º vieram os carros da Toro Rosso, respectivamente
Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. A equipe ficou sob os holofotes no final da
corrida, quando deu a ordem para os pilotos inverterem a posição, pois Sainz
achava que tinha ritmo para pressionar Pérez, o que Max não conseguia fazer. Só
que o jovem Verstappen mostrou muita personalidade, recusou a ordem de equipe e
não abriu caminho. Em minha opinião, certíssimo, afinal ele teve problemas na
largada, começou a corrida uma volta atrás, e conseguiu se recuperar com uma
pilotagem arrojada. De qualquer maneira, Sainz não conseguiu se aproximar o
suficiente do “di menor” para fazer valer a sua solicitação de inversão de
posição para atacar o Pérez, mesmo com pneus mais novos que o companheiro. O
espanholzinho vai ficar com uma tromba monstro até a próxima corrida...
Fechando a zona de pontos chegou Felipe Nasr, que batalhou
bastante com o carro para conseguir esse suado pontinho (até porquê, mesmo sendo
corrida noturna, na hora da largada fazia 30°C, pouco mais que a noite de SP).
O carro não esteve ruim, após a primeira intervenção do safety-car chegou a
estar em 7º lugar, mas depois perdeu um pouco de rendimento e o resultado
acabou sendo justo. Seu companheiro Ericsson terminou logo atrás, em 11º lugar.
Chegou a pressionar o Nasr para o ultrapassar, mas não logrou êxito.
Próxima corrida já na semana que vem, no Japão, onde espero
sinceramente que a direção de prova não cometa os erros do ano passado caso
chova, para que não tenhamos que lamentar a morte de mais um piloto. Sim, eu
não esqueci que o acidente do Jules Bianchi foi por, digamos assim,
irresponsabilidade da direção, que não soltou o safety-car quando deveria. Estaremos
de olho.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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