Li um artigo do craque Tostão que
escreve aos domingos para a Folha de São Paulo. Confesso que este hábito – de
ler jornais aos domingos – há um bom tempo não praticava. Hábito dos tempos de cursinho
e faculdade, quando éramos assinantes do jornal. Com o tempo perdemos este
hábito, principalmente com a invasão da mídia digital que nos acaba desviando
para outros tipos de entretenimento. Bom por um lado, mas também ruim pelo
outro. Acho improvável um jovem hoje de 20 anos folhear as páginas de um jornal
numa manhã de domingo, apesar dele já acordar ligado ou conectado com 50 coisas
ao mesmo tempo.
Pois bem. O artigo do Tostão
intitula-se “Sábios das pranchetas”, uma crítica aos teóricos da bola. Há
sempre uma contradição, diz ele: Critica-se o técnico que “não tem formação
acadêmica”, por ser apenas um “boleiro”, ou em contrapartida, também aquele que
é apenas um “estudioso”, ou seja, aquele pouco ou nunca esteve dentro das
quatro linhas.
Nem tanto ao mar e nem tanto à
terra. Óbvio que a crise do nosso futebol não é desencadeada por estas duas
vertentes, mas ambas incorrem no mesmo erro, principalmente na formação de
base: As escolinhas que acabam pré-moldando os jovens jogadores, antes que
estes possam desenvolver algum tipo de criatividade, enquadrando-os em esquemas
táticos ou mesmo em alguns fundamentos.
Tostão salienta – como estudioso do assunto
que é – que há uma fase da vida do ser humano, naturalmente alguma da infância,
na qual as habilidades e a criatividades são desenvolvidas, necessitando de
algum tempo para isto. E é algo científico, apesar de muitos sábios das
pranchetas não saberem ou não aplicarem. Isto mesmo: vale latinha, bola de
meia, trave com chinelo, jogar no campo de cima ou de baixo, desviar-se de
buracos, poças d’água, ou de algum animal que cruze pelo caminho. Imaginar-se
Rivellino, Zico, Romário, Ronaldo, algum outro craque, também não faz mal a
ninguém.
Criatividade, inventividade,
imaginação... Virtudes que estão sendo tolhidas, antes mesmo que apareçam, pelos “padrões” em voga, pelo
imediatismo, queima de etapas, para atender principalmente a lógica de mercado,
investimento de empresários, etc. Um dos grandes males do nosso futebol.
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