segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Breve reflexão.

Li um artigo do craque Tostão que escreve aos domingos para a Folha de São Paulo. Confesso que este hábito – de ler jornais aos domingos – há um bom tempo não praticava. Hábito dos tempos de cursinho e faculdade, quando éramos assinantes do jornal. Com o tempo perdemos este hábito, principalmente com a invasão da mídia digital que nos acaba desviando para outros tipos de entretenimento. Bom por um lado, mas também ruim pelo outro. Acho improvável um jovem hoje de 20 anos folhear as páginas de um jornal numa manhã de domingo, apesar dele já acordar ligado ou conectado com 50 coisas ao mesmo tempo.

Pois bem. O artigo do Tostão intitula-se “Sábios das pranchetas”, uma crítica aos teóricos da bola. Há sempre uma contradição, diz ele: Critica-se o técnico que “não tem formação acadêmica”, por ser apenas um “boleiro”, ou em contrapartida, também aquele que é apenas um “estudioso”, ou seja, aquele pouco ou nunca esteve dentro das quatro linhas.

Nem tanto ao mar e nem tanto à terra. Óbvio que a crise do nosso futebol não é desencadeada por estas duas vertentes, mas ambas incorrem no mesmo erro, principalmente na formação de base: As escolinhas que acabam pré-moldando os jovens jogadores, antes que estes possam desenvolver algum tipo de criatividade, enquadrando-os em esquemas táticos ou mesmo em alguns fundamentos.

 Tostão salienta – como estudioso do assunto que é – que há uma fase da vida do ser humano, naturalmente alguma da infância, na qual as habilidades e a criatividades são desenvolvidas, necessitando de algum tempo para isto. E é algo científico, apesar de muitos sábios das pranchetas não saberem ou não aplicarem. Isto mesmo: vale latinha, bola de meia, trave com chinelo, jogar no campo de cima ou de baixo, desviar-se de buracos, poças d’água, ou de algum animal que cruze pelo caminho. Imaginar-se Rivellino, Zico, Romário, Ronaldo, algum outro craque, também não faz mal a ninguém.

Criatividade, inventividade, imaginação... Virtudes que estão sendo tolhidas, antes mesmo que apareçam, pelos “padrões” em voga, pelo imediatismo, queima de etapas, para atender principalmente a lógica de mercado, investimento de empresários, etc. Um dos grandes males do nosso futebol.





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