Confesso que
ficava mais exposto antigamente: a ressaca da derrota ou de uma
desclassificação era terrível. Hoje não mais. Dói como dói perder. Mas além
disso, desgaste, brigas e intrigas com a torcida adversária faz parte do passado.
Vai ver que é a idade. Com o tempo decidimos pelos bons vinhos, durando a
ressaca apenas a quantidade que extrapola. Extrapolar no futebol é se ofender
com parente tirando sarro, se ofender com o amigo que propaga essas
brincadeiras (às vezes sem qualquer graça) pelas redes sociais da vida. Ficar
bravo é só uma questão de idade.
Com o tempo, com
as derrotas e com o bom gosto do bom futebol, vamos aprendendo que determinadas
coisas não acontecem de véspera. Tirar um time mais fraco é sempre tão complicado
quanto ganhar de um grande. Principalmente quando as coisas não caminham bem
dentro e fora do campo. Foi mais ou menos isso com o Corinthians. Perder do
Guarany do Paraguai não passava pela cabeça de nenhum torcedor, favorável ou
não. Seria um vexame, todos pensavam. E foi. Mas o vexame tem lá sua
relatividade também no esporte. O adversário valoriza demais uma derrota, o
perdedor sofre demais com a chacota. Ambos exageram, como são exageradas nossas
críticas. Vamos falar a linguagem do Tite: Teve merecimento? Teve. Bingo!
Corinthians é o
melhor time do Brasil, a manchete de fevereiro. Não foi preciso muito para que
torcedores rezem agora para evitar um novo rebaixamento. Vamos com calma,
embora tudo possa acontecer; é um tanto demais dizer que o Corinthians é o pior
time do campeonato. Ainda que fosse verdade, que o elenco fosse terrível; não é
bem por aí que se mede um desempenho. É verdade que a situação assusta. Dentro
de campo o time está desorganizado, nervoso; perdido. Fora do campo, o time está
devendo as calças. Financeiramente a situação é péssima, mas não difere de
noventa por cento dos times brasileiros. O dinheiro acaba interferindo dentro
do campo, confessem ou não.
O ano não
acabou. Já vi equipes renascerem das cinzas. Já vi bêbado chegando em casa são
e salvo. Vinho bom, volto a lembrar. Corinthians tem uma bela equipe, jogadores
um pouco acima da média. Tudo isso facilita quando temos uma competição tão
longa (e chata) como o Brasileirão. Em meio ano tudo acontece: melhores ficam
piores, etecetara e tal. Resta saber como a equipe vai se comportar com a
trombada. Será que “os pontos corridos” facilitam o trabalho de quem precisa
pontuar e ser regular? A regularidade se mede com o desempenho, a vontade e a
sabedoria da equipe. Corinthians perdeu aquele futebol do começo do ano e está
vivendo apenas uma fase ruim?
Se a resposta
for positiva, contem que ele é uma das equipes que estará, ao longo do
campeonato, nas primeiras posições. Mas, caso a coisa fique mais estranha ainda,
melhor acreditar na reza, na figa e qualquer outro amuleto que espante a má fase;
pois o time vai precisar de algo sobrenatural. Embora não acredite na possibilidade
do rebaixamento, ele é um fantasma que chega nas horas mais impróprias, mas da maneira
mais prevista possível. Falta de dinheiro é um indicio de desclassificação, má fase
e consequentemente rebaixamento.
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