Olá leitores!
Tenho a nítida impressão que o que influenciou tão
negativamente as primeiras edições do GP do Bahrein foi o calor diurno. Com a
prova sendo disputada à noite – portanto com temperaturas mais baixas – a qualidade
das disputas e da corrida como um todo cresceram consideravelmente. Sem contar
que não deixa de ser bonito ver um autódromo com aquela iluminação artificial
toda. Evidentemente não é para todos: o custo de uma iluminação daquela é para
ser bancado por quem está montado em milhões de barris de petróleo, e não vejo
esse tipo de iluminação sendo viável, por exemplo, no autódromo de Goiânia ou
em Interlagos, mas é uma atração a mais nessas corridas feitas em lugares sem
um mínimo de tradição automobilística, em pistas com as “marcas de design” do
Tilke. Enfim, não vou dizer que a corrida foi uma obra de arte de Michelangelo,
mas não foi ruim como edições anteriores da mesma corrida foram.
A vitória, pela terceira vez em quatro corridas, ficou com
Hamilton... mas não foi fácil. OK, ele não foi diretamente atacado durante a
corrida, mas teve um grande trabalho em andar na maior parte da corrida retirando
o melhor possível do desempenho do carro para não permitir a aproximação seja
de Vettel, seja de Rosberg. E se Räikkönen tivesse ultrapassado Rosberg antes,
talvez teria uma oportunidade de atacar o inglês. Enfim, venceu mas não foi com
pijamas e pantufas, como diria o saudoso Edgard Mello Filho. O pior disso tudo
é se esforçar e ter que comemorar no pódio com água de rosas pois o país é
muçulmano e não permite bebida alcoólica no pódio... Seu companheiro Rosberg
(3º) saiu daquela apatia das primeiras corridas, foi aguerrido, não ficou de
chororô no rádio... mas continuou chorando na entrevista após corrida. Nico,
converse com o papai, verá que problema de freio acontece com todo mundo, e que
não precisa ficar com nhenhenhém por causa disso. Pilotos melhores que você
sofreram com esse problema, não precisa se lamentar tanto.
Em segundo chegou Räikkönen, em uma de suas melhores
apresentações após seu retorno à Ferrari. Uma estratégia correta de utilização
de pneus (eu juro que não entendo esse pessoal que utiliza todos os jogos
rápidos de pneus no começo e no meio da corrida e no final da prova fica com os
mais lentos, não entra na minha cabeça) e sua natural velocidade fizeram a
Ferrari do finlandês dar trabalho para as todo poderosas Mercedes no final. E o
ritmo de volta dele era rápido o suficiente para ultrapassar o Rosberg mesmo
que este não estivesse com problemas de freios. Uma apresentação como há um bom
tempo não se via do Kimi. Seu companheiro Vettel (5º) se classificou muito bem
(largou em segundo, melhor que o esperado de um carro não Mercedes essa
temporada), no começo da prova andou sempre perto do Hamilton, mas na primeira
parada de troca de pneus foi superado pelo Rosberg e se manteve atrás do
compatriota tentando o induzir a um erro. Na última parada para troca de pneus
voltou à frente do Rosberg, mas errou na freada da última curva, foi passear na
área de escape e voltou para a pista reclamando de falta de equilíbrio na
frente do carro. Voltou aos boxes para troca do bico e dos pneus, e com isso se
afastou dos líderes – até por ter voltado atrás do Bottas, que não tinha grande
velocidade no miolo mas que andava muito na reta. O quinto lugar não ficou de
mau tamanho para ele.
Em 4º chegou Bottas, mostrando em um circuito com uma longa
reta dos boxes e uma reta que antecede a curva de acesso à reta principal de
comprimento bem razoável que a Williams não está tão boa como ano passado, mas
ainda tem boa velocidade final. Segurou com competência o Vettel atrás dele nas
voltas finais. Seu companheiro Massa (10º) não teve um dia dos mais inspirados:
primeiro o carro apagou na hora da volta de apresentação, o forçando a largar
dos boxes. Depois, segundo Felipe, o toque que recebeu do Maldonado
desestabilizou seu carro e isso o prejudicou até o final da prova. Não
comentarei o que acho desse tipo de declaração do Massa.
Em 6º terminou Ricciardo, e terminou no embalo: aquela “obra
de arte” chamada motor Renault estourou na última volta, em frente aos boxes.
Ano passado os motores da Renault não estavam nenhuma maravilha mas ao menos
terminavam a corrida mais “inteiros”, esse ano perderam a mão completamente...
seu companheiro Kvyat (9º) fez, a exemplo de Ricciardo, corrida discretíssima,
mas ao menos os dois carros da equipe pontuaram.
Em 7º terminou Grosjean, sem bater em ninguém e mostrando
que a troca dos motores Renault pelos Mercedes fez bem à Lotus, mesmo com o
carro sendo inferior ao do ano passado por conta das dificuldades econômicas
pelas quais a equipe passou durante o desenvolvimento do modelo desse ano. Seu
companheiro Maldonado fez o que sabe fazer melhor, bateu no Massa logo nas
primeiras voltas da corrida, e terminou apenas em 15º lugar, à frente apenas
dos dois carros da Marussia, que são quase da GP2.
Em 8º chegou Pérez, outro que se aproveitou da boa
velocidade de reta propiciada pelo motor Mercedes para levar sua Force India
aos pontos. Discreto. Seu companheiro Hülkemberg esteve muito apagado e
terminou apenas em 13º lugar.
Próxima corrida de F-1 será na Espanha, dia 11/05, em
Montmeló, pista que todos usam para os poucos testes permitidos, e onde
diversas equipes devem levar evoluções para seus carros no início da temporada europeia.
Mas não esperem grandes emoções vindas dessa pista na periferia de Barcelona...
Até a próxima!
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