Em primeiro lugar quero deixar
claro que todas as opiniões contidas no post são de responsabilidade exclusiva
desse blogueiro e, de forma alguma, expressam o pensamento do Patativa da Bola
e de seus colaboradores.
Sim, eu assumo. Prefiro o Brasileirão
de pontos corridos ao mata-mata e acho que o formato atual, sem decisões
eliminatórias e sem finais, é a melhor opção para o futebol brasileiro. Pronto,
falei! Antes que as pedras comecem a
voar janela adentro, explico a minha predileção.
Entendo o descontentamento dos torcedores
de times que já na virada do turno não tem mais chances de levantar o título.
Realmente é desagradável acompanhar um torneio quando o objeto da nossa paixão
está fora da disputa. As rodadas que restam parece que se arrastam no
calendário. É preferível acompanhar a novela, os seriados do Netflix ou jogar
videogame.
Aceito o argumento de que o
mata-mata aumenta o número de times na disputa do título, deixando praticamente
com as mesmas chances a equipe melhor colocada e aquela que sequer brigaria, no
formato atual, por uma vaga de Libertadores. É mais emocionante mesmo,
principalmente quando o seu time do coração é a equipe pior colocada na tabela.
Uma disputa, em dois jogos, nos quais tudo pode acontecer, principalmente se o
Tribunal zerar os cartões é, de fato, eletrizante. Nem a novela do Comendador,
ou o Breaking Bad, superam um enredo desses.
Entretanto, é exatamente pensando nestes argumentos que eu defendo o formato de pontos corridos,
principalmente no atual futebol brasileiro.
O formato de disputa por pontos
corridos premia a melhor equipe, o melhor técnico, o melhor conjunto de
jogadores, o clube mais organizado e mais preparado para a disputa. Premiar os
melhores é a essência do esporte. Nem sempre o meu time disputa o título e,
realmente, quando isso ocorre o campeonato fica bem desinteressante. Por outro
lado, quando meu time está na disputa acompanho a todos os jogos, leio a tabela
todos os dias, o interesse cresce rodada após rodada. É óbvio.
O interesse do torcedor pelo jogo
de futebol está ligado ou à paixão clubística ou à qualidade dos jogadores em
campo. No futebol brasileiro não temos mais os grandes jogadores, os craques,
os caras que faziam a diferença em campo, preenchiam as páginas dos jornais e,
principalmente, tornavam o jogo de futebol algo importante na sociedade
brasileira. Restou somente a paixão clubística e essa, mostra-se um pouco mais
volátil. Se o clube do coração não faz por onde ser relevante no campeonato, o
torcedor abandona o barco mesmo.
Por outro lado, acredito que paixão clubística, por si só, não é o
suficiente para alavancar uma bem sucedida disputa eliminatória. Imaginem se, por acaso,
Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Vasco não se classifiquem para a
fase de mata-mata! Quem, dentre nós, na atual conjuntura do futebol brasileiro
teria interesse em acompanhar uma disputa de quartas de final entre Atlético PR
e Goiás? Ou Grêmio e Figueirense? Eu, provavelmente, não assistiria. Nada
contra as equipes citadas, mas, falta um ingrediente nesse tempero; o craque.
Essa figura extinta no futebol brasileiro e que faz o torcedor, independente da
bandeira, ficar acordado até tarde em frente à televisão ou deixar de ir ao
batizado da sobrinha no domingo, porque ele simplesmente precisa assistir
àquele jogo, sob pena de perder o grande assunto do dia seguinte.
Alguns torcedores ainda estão
presos a uma imagem do futebol brasileiro, com estádios lotados, bandeiras, festa
e, frequentemente, associam essa imagem ao mata-mata. É compreensível. Contudo,
na minha opinião esta imagem está associada a uma era de ouro do futebol
brasileiro, quando o jogo de futebol era importante e os craques estavam em
campo conduzindo os seus times às vitórias. A arquibancada cheia era uma
platéia justa e fiel ao espetáculo que era encenado em campo. A partir do
momento que os craques começaram a abandonar o futebol brasileiro, primeiro
atrás de grana e depois atrás de prestígio, o torcedor percebeu que o que era
apresentado aqui era um espetáculo de somenos importância e, também, abandonou o seu assento.
Respeito o argumento de quem
defende o mata-mata e, também, não acho que o retorno às disputas eliminatórias
seja um retrocesso, mas, acredito que a disputa por pontos corridos é a melhor
forma, pois, se não é, por vezes, a mais emocionante é, sem dúvida, a mais
justa simples. Quem soma mais pontos, ganha.
Um comentário:
Sua opinião é coerente, pontos corridos premia o time com melhor elenco e não permite muitas surpresas. Eu gostaria de ver um quadrangular final. Mas acho que a queda do meu interesse pelo esporte vai além da fórmula. Não é mais empolgante e alegre como outrora. Tanto dentro como fora de campo.
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