quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Pontos corridos ou mata-mata? Pontos corridos, claro!

Em primeiro lugar quero deixar claro que todas as opiniões contidas no post são de responsabilidade exclusiva desse blogueiro e, de forma alguma, expressam o pensamento do Patativa da Bola e de seus colaboradores.

Sim, eu assumo. Prefiro o Brasileirão de pontos corridos ao mata-mata e acho que o formato atual, sem decisões eliminatórias e sem finais, é a melhor opção para o futebol brasileiro. Pronto, falei!  Antes que as pedras comecem a voar janela adentro, explico a minha predileção.

Entendo o descontentamento dos torcedores de times que já na virada do turno não tem mais chances de levantar o título. Realmente é desagradável acompanhar um torneio quando o objeto da nossa paixão está fora da disputa. As rodadas que restam parece que se arrastam no calendário. É preferível acompanhar a novela, os seriados do Netflix ou jogar videogame.

Aceito o argumento de que o mata-mata aumenta o número de times na disputa do título, deixando praticamente com as mesmas chances a equipe melhor colocada e aquela que sequer brigaria, no formato atual, por uma vaga de Libertadores. É mais emocionante mesmo, principalmente quando o seu time do coração é a equipe pior colocada na tabela. Uma disputa, em dois jogos, nos quais tudo pode acontecer, principalmente se o Tribunal zerar os cartões é, de fato, eletrizante. Nem a novela do Comendador, ou o Breaking Bad, superam um enredo desses.

Entretanto, é exatamente pensando nestes argumentos que eu defendo o formato de pontos corridos, principalmente no atual futebol brasileiro.

O formato de disputa por pontos corridos premia a melhor equipe, o melhor técnico, o melhor conjunto de jogadores, o clube mais organizado e mais preparado para a disputa. Premiar os melhores é a essência do esporte. Nem sempre o meu time disputa o título e, realmente, quando isso ocorre o campeonato fica bem desinteressante. Por outro lado, quando meu time está na disputa acompanho a todos os jogos, leio a tabela todos os dias, o interesse cresce rodada após rodada. É óbvio.

O interesse do torcedor pelo jogo de futebol está ligado ou à paixão clubística ou à qualidade dos jogadores em campo. No futebol brasileiro não temos mais os grandes jogadores, os craques, os caras que faziam a diferença em campo, preenchiam as páginas dos jornais e, principalmente, tornavam o jogo de futebol algo importante na sociedade brasileira. Restou somente a paixão clubística e essa, mostra-se um pouco mais volátil. Se o clube do coração não faz por onde ser relevante no campeonato, o torcedor abandona o barco mesmo.

Por outro lado, acredito que paixão clubística, por si só, não é o suficiente para alavancar uma bem sucedida disputa eliminatória. Imaginem se, por acaso, Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Vasco não se classifiquem para a fase de mata-mata! Quem, dentre nós, na atual conjuntura do futebol brasileiro teria interesse em acompanhar uma disputa de quartas de final entre Atlético PR e Goiás? Ou Grêmio e Figueirense? Eu, provavelmente, não assistiria. Nada contra as equipes citadas, mas, falta um ingrediente nesse tempero; o craque. Essa figura extinta no futebol brasileiro e que faz o torcedor, independente da bandeira, ficar acordado até tarde em frente à televisão ou deixar de ir ao batizado da sobrinha no domingo, porque ele simplesmente precisa assistir àquele jogo, sob pena de perder o grande assunto do dia seguinte.

Alguns torcedores ainda estão presos a uma imagem do futebol brasileiro, com estádios lotados, bandeiras, festa e, frequentemente, associam essa imagem ao mata-mata. É compreensível. Contudo, na minha opinião esta imagem está associada a uma era de ouro do futebol brasileiro, quando o jogo de futebol era importante e os craques estavam em campo conduzindo os seus times às vitórias. A arquibancada cheia era uma platéia justa e fiel ao espetáculo que era encenado em campo. A partir do momento que os craques começaram a abandonar o futebol brasileiro, primeiro atrás de grana e depois atrás de prestígio, o torcedor percebeu que o que era apresentado aqui era um espetáculo de somenos importância e, também, abandonou o seu assento.

Respeito o argumento de quem defende o mata-mata e, também, não acho que o retorno às disputas eliminatórias seja um retrocesso, mas, acredito que a disputa por pontos corridos é a melhor forma, pois, se não é, por vezes, a mais emocionante é, sem dúvida, a mais justa simples. Quem soma mais pontos, ganha.


Um comentário:

Mario disse...

Sua opinião é coerente, pontos corridos premia o time com melhor elenco e não permite muitas surpresas. Eu gostaria de ver um quadrangular final. Mas acho que a queda do meu interesse pelo esporte vai além da fórmula. Não é mais empolgante e alegre como outrora. Tanto dentro como fora de campo.