terça-feira, 16 de setembro de 2014

Vamos discutir novela?




Ainda não emplacou. Pelo andar da carruagem, esfriará ainda mais a cada rodada. O Brasileirão, que tinha tudo para agitar o mundo esportivo nacional, depois da vibrante Copa do Mundo, na verdade não tem tempero algum. Cruzeiro joga bem, mas ainda assim não deixa ninguém boquiaberto. Parece mais culpa dos adversários. É claro que é uma injustiça, o Cruzeiro tem um time certinho; bem treinado; jogando para frente e com uma zaga que comete poucas bobagens. São Paulo cresceu nos últimos meses, tem sido o melhor paulista depois da Copa do Mundo. Aliás, único páreo de orgulho para o campeonato, tirando o líder. Foi do São Paulo que saiu a sobrevida para os pontos corridos.

Há quem diga que a fórmula está desgastada, depois de décadas criando uma turbulência de elogios e críticas. Confesso que nunca fui muito fã da morosidade dos pontos corridos. O negócio pega fogo em blocos: Aqueles que disputam o título. Aqueles que brigam pela Libertadores. Aqueles que se orgulham da Sulamericana. E finalmente aqueles que fogem da série B. Brasileirão é passaporte para outros torneios; quase um prêmio. É consolação para quem não consegue um título? É tão deprimente quanto fugir do rebaixamento conseguindo um empate na última rodada, ou por combinação de resultados – Não disse resultados combinados – Ou, em último caso, no Tapetão.

O Brasileiro perdeu um pouco seu sentido. A rebeldia dos resultados combinados para não ajudar aquele ou o outro é o ápice do amadorismo. Ver dois times brigando pelo título, ainda com um returno inteiro pela frente; é quase vexame para um futebol que prega a paixão, o resultado do bom futebol e acima de tudo: diz ser o melhor. Não é o melhor ainda que não se aproxime do pior. Quinze equipes em iguais condições de títulos ficam disputando à risca a possibilidade de enfrentar equipes da Venezuela, Equador e Peru; num torneio internacional tão ruim quanto o nacional. Equipes brasileiras, que se dizem parte do país do futebol, estão deixando de lado a bola para enfrentar com todas as forças o marketing. Vivemos da imagem do futebol, não o que ele realmente é dentro de campo.

Talvez por isso, aqueles que tomam conta do futebol, andam ventilando mudanças para o calendário. A fase de eliminação com um jogo de ida e outro de volta, fórmula milenar de um jogo de futebol disputado. Pode não ser a melhor opção em relação ao que chamamos de justiça, mas com certeza é uma maneira de atrair; em alguns jogos; um público interessante; jogos emocionantes e quem sabe retomar o nosso velho futebol. Exemplo de decisão: São Paulo e Cruzeiro, no Morumbi. Jogo que valia a continuidade da briga por um título, ou o distanciamento ainda mais frenético do líder. Jogão de bola, casa cheia; todo mundo falando dele nos jornais, nos bares e nos ônibus lotados. Pelo menos em matéria de emoção, esses jogos eliminatórios dão banho nessa lengalenga do brasileiro.

Tudo bem. A discussão é séria, nenhuma postagem em poucas linhas pode definir pós e contras a ideia de se acabar com os pontos corridos. Mas cada dia o assunto ganha pauta dos críticos, recebe um sonoro apoio de dirigentes (e isso pode ser um ponto negativo visto que nossos dirigentes erram mais que acertam) e ventila entre os torcedores. Os pontos corridos trouxeram uma evolução para o futebol brasileiro, quando determinou que a injustiça da competição eliminatória tinha lá suas características conturbadas com as questões de sorteios, por exemplo. Mas acontece que o futebol não vive apenas de justiça – mesmo que queira – Vive de emoção.

Emoção que hoje está restrito a seis ou sete equipes: duas pelo título e o restante contra o rebaixamento.





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