Ainda não emplacou. Pelo andar da
carruagem, esfriará ainda mais a cada rodada. O Brasileirão, que tinha tudo
para agitar o mundo esportivo nacional, depois da vibrante Copa do Mundo, na
verdade não tem tempero algum. Cruzeiro joga bem, mas ainda assim não deixa
ninguém boquiaberto. Parece mais culpa dos adversários. É claro que é uma
injustiça, o Cruzeiro tem um time certinho; bem treinado; jogando para frente e
com uma zaga que comete poucas bobagens. São Paulo cresceu nos últimos meses,
tem sido o melhor paulista depois da Copa do Mundo. Aliás, único páreo de
orgulho para o campeonato, tirando o líder. Foi do São Paulo que saiu a
sobrevida para os pontos corridos.
Há quem diga que a fórmula está
desgastada, depois de décadas criando uma turbulência de elogios e críticas.
Confesso que nunca fui muito fã da morosidade dos pontos corridos. O negócio
pega fogo em blocos: Aqueles que disputam o título. Aqueles que brigam pela
Libertadores. Aqueles que se orgulham da Sulamericana. E finalmente aqueles que
fogem da série B. Brasileirão é passaporte para outros torneios; quase um prêmio.
É consolação para quem não consegue um título? É tão deprimente quanto fugir do
rebaixamento conseguindo um empate na última rodada, ou por combinação de
resultados – Não disse resultados combinados – Ou, em último caso, no Tapetão.
O Brasileiro perdeu um pouco seu
sentido. A rebeldia dos resultados combinados para não ajudar aquele ou o outro
é o ápice do amadorismo. Ver dois times brigando pelo título, ainda com um
returno inteiro pela frente; é quase vexame para um futebol que prega a paixão,
o resultado do bom futebol e acima de tudo: diz ser o melhor. Não é o melhor
ainda que não se aproxime do pior. Quinze equipes em iguais condições de
títulos ficam disputando à risca a possibilidade de enfrentar equipes da
Venezuela, Equador e Peru; num torneio internacional tão ruim quanto o
nacional. Equipes brasileiras, que se dizem parte do país do futebol, estão
deixando de lado a bola para enfrentar com todas as forças o marketing. Vivemos
da imagem do futebol, não o que ele realmente é dentro de campo.
Talvez por isso, aqueles que tomam
conta do futebol, andam ventilando mudanças para o calendário. A fase de
eliminação com um jogo de ida e outro de volta, fórmula milenar de um jogo de
futebol disputado. Pode não ser a melhor opção em relação ao que chamamos de
justiça, mas com certeza é uma maneira de atrair; em alguns jogos; um público
interessante; jogos emocionantes e quem sabe retomar o nosso velho futebol.
Exemplo de decisão: São Paulo e Cruzeiro, no Morumbi. Jogo que valia a
continuidade da briga por um título, ou o distanciamento ainda mais frenético
do líder. Jogão de bola, casa cheia; todo mundo falando dele nos jornais, nos
bares e nos ônibus lotados. Pelo menos em matéria de emoção, esses jogos
eliminatórios dão banho nessa lengalenga do brasileiro.
Tudo bem. A discussão é séria, nenhuma
postagem em poucas linhas pode definir pós e contras a ideia de se acabar com
os pontos corridos. Mas cada dia o assunto ganha pauta dos críticos, recebe um
sonoro apoio de dirigentes (e isso pode ser um ponto negativo visto que nossos
dirigentes erram mais que acertam) e ventila entre os torcedores. Os pontos
corridos trouxeram uma evolução para o futebol brasileiro, quando determinou
que a injustiça da competição eliminatória tinha lá suas características
conturbadas com as questões de sorteios, por exemplo. Mas acontece que o
futebol não vive apenas de justiça – mesmo que queira – Vive de emoção.
Emoção que hoje está restrito a seis
ou sete equipes: duas pelo título e o restante contra o rebaixamento.
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