Olá leitores!
E o espetáculo das luzes de Cingapura recebeu o circo da Fórmula
1 nesse domingo. Infelizmente boa parte
do espetáculo fica por conta das luzes mesmo: antigamente se encontrava emoção
em circuitos de rua pois havia diferenças significativas de potência entre
motores diferentes, o regulamento era menos restritivo... nos dias de hoje se
depende muito dos “artifícios” de regulamento como DRS (asa móvel) para que
exista alguma ultrapassagem. Em sua maioria, a corrida foi uma procissão. Uma
chata procissão. A coisa mais curiosa – para não dizer intrigante – foi a
hashtag criada pela FIA para os internautas participarem durante a corrida no
Twitter, a #SingaporeGP. Para uma categoria que busca dificultar a difusão das
suas imagens pelo You Tube tão insistentemente, não deixa de ser curioso.
A vitória ficou com relativa facilidade nas mãos do
Hamilton, depois que o único piloto que efetivamente poderia oferecer
resistência a ele ficou fora da briga logo na saída para a volta de
apresentação. Nem mesmo a entrada do safety car foi suficiente para dificultar
a vida do inglês. Seu companheiro Rosberg teve um dia para esquecer: o carro já
teve dificuldades na hora da volta de apresentação, teve de largar dos boxes,
depois apresentou problemas na troca de marchas (selecionava uma marcha para
subir, subiam duas ou três), e quando parou nos boxes para trocar os pneus
simplesmente não conseguia acessar o câmbio. Trocou-se volante, resetaram o
sistema de gerenciamento eletrônico, mas nada adiantou. Pelo jeito devem ter
atualizado o Windows e não deu certo...
Em 2º chegou Vettel, em sua melhor apresentação esse ano.
Tentou andar o mais próximo que podia de Hamilton, tanto que pelos dados
exibidos durante a transmissão estava consumindo consideravelmente mais
combustível que o inglês na primeira metade da corrida. Para ele,
definitivamente, a bandeira amarela causada pela desintegração da asa dianteira
do Pérez foi muito benéfica, não sei se no final da corrida ele teria tido
condições de manter a posição sem a economia propiciada pelas voltas atrás do
safety-car. Correu como não se tinha visto ainda esse ano. Em 3º, fazendo a
dobradinha Red Bull no pódio, chegou Ricciardo, que sofreu durante a corrida
inteira com freios muito quentes e com variações intermitentes na potência do
motor. Ainda assim, uma bela corrida.
Em 4º lugar apareceu o Alonso, que fez uma grande largada,
cortou a primeira chicane ganhando 2 posições mas devolveu apenas uma... como
se trata de Ferrari, os comissários da FIA deixaram por isso mesmo. Lembrei da
velha piadinha, FIA= Ferrari International Aid... sarcasmo à parte, ele correu
muito bem até a entrada do safety-car, mas depois da troca de pneus não
conseguiu repetir o mesmo desempenho. Seu companheiro Räikkönen (8º) começou
bem, mas após a primeira rodada de pit-stops ficou atrás de Massa, que era
muito rápido de reta mas nem tanto de curvas, inviabilizando uma tentativa de
ultrapassagem e desgastando muito os pneus traseiros. Não foi um dia dos mais
inspirados para ele.
Em 5º terminou Massa, mais uma vez chegando na frente do
Bottas e fazendo uma corrida honesta em uma pista que definitivamente não
favorece o carro da Williams. Conseguiu a proeza de – com a ajuda do safety-car
– fazer um jogo de pneus macios durar quase 40 voltas e evitar a última troca
programada originalmente pela equipe. Isso é uma arte, e ele merece os parabéns
por isso. O melhor foi a descrição do próprio ao final da corrida, dizendo que “guiou
como uma vovó” para poupar os pneus... Seu companheiro Bottas recebeu a mesma
incumbência da equipe e não conseguiu poupar os pneus, tendo recebido diversas
ultrapassagens na última volta – quando a borracha acabou de vez – e terminando
apenas em 11º.
Uma das melhores apresentações da corrida foi a de Vergne,
6º lugar mesmo tendo recebido duas penalizações de 5 segundos durante a corrida
por exceder os limites da pista. Tipo de punição criada pela FIA por causa da paranoia
de segurança deles: exigem área de escape em todas as curvas, mesmo em pistas
de rua, e se algum piloto no limite ultrapassa aquela faixinha pintada no chão
que ele por sinal nem enxerga direito, é punido. Quando se trata de corte de
chicane eu ainda entendo, mas em contorno da parte externa de curva, onde o
piloto indiretamente vai ser “punido” por pegar sujeira nos pneus e perder um
pouco de aderência, é muito preciosismo. Curioso que após receber a notícia que
será substituído no próximo ano na Toro Rosso ele passou a andar melhor... seu
companheiro Kvyat brigou muito: brigou com o carro, que segundo ele estava
difícil de pilotar, brigou com os pneus, brigou com o sistema de hidratação do
piloto que não estava funcionando... no final, o 14º lugar ficou de bom
tamanho.
Em 7º chegou o Pérez, o responsável por uma das poucas
emoções da corrida ao ter o bico tocado por Sutil em disputa de posição e em
seguida o bico se desintegrou no meio da reta, espalhando pedaços cortantes de
fibra de carbono por uma área razoável da reta e forçando a entrada do
safety-car. Aliás, os fiscais de pista de Cingapura precisam fazer um cursinho
com os fiscais de Mônaco: o tempo que levou para removerem os destroços de uma
asa os fiscais de Mônaco teriam limpado os destroços de uma acidente com 6
carros... seu companheiro Hülkemberg (9º) tentou a estratégia de fazer uma
parada a menos e não deu muito certo, mas para a felicidade da equipe os dois
carros terminaram nos pontos.
Encerrando a zona de pontos chegou Magnussen (10º), que
dessa vez foi um bravo lutador ao terminar a corrida. Saiu do carro e foi
receber atendimento médico por ter sofrido queimaduras com o intenso calor do
banco do carro durante a prova. Para piorar, não conseguia beber água, pois a
mesma também estava superaquecida. Provavelmente algum problema de isolamento
térmico das baterias do motor elétrico auxiliar. Seu companheiro Button
abandonou no final com pane elétrica – o que indica que algo também não estava
correto no carro do Magnussen filho.
Próxima corrida será numa pista de verdade, Suzuka, o que ao
menos indica a tendência de termos uma corrida menos chata na madrugada do dia
05/10.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
Um comentário:
Campeonato a ser decidido na última rodada, ou melhor, corrida?
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