Mano já está alguns meses no
Corinthians. Mesmo depois de tanto tempo o time continua patinando. Precisa
vencer de goleada o Bragantino, para não sair de forma antecipada da Copa do
Brasil. Precisa ganhar mais jogos em casa. Ganhar jogos fora de casa, pelo
menos os considerados mais fáceis. A verdade é que Mano não é unanimidade; e os
resultados em campo só reforçam que ele não vive um bom momento.
Particularmente não entendi a saída do Tite. Era o cara ideal para a renovação
de uma equipe que tinha sido Campeã Mundial. Mas a política, os desajustes; o
clima entre o atual presidente e o anterior; atrapalharam o que seria carreira
mais longa de um treinador de futebol no Brasil.
O atual Corinthians joga com vários
atacantes; e mesmo que no plano vertical pareça uma equipe ofensiva, no plano
horizontal isso não funciona. Na prática, o time de Mano pensa na defesa, vive
da defesa; projeta vitórias pela defesa. Aquilo que Tite conseguiu romper em alguns
anos; mudando até mesmo o seu estilo; foi jogado fora com a nova mentalidade.
Você pode até pensar sobre a questão dos empates; que passaram a ser rotinas
com o antigo treinador; mas se observarem o contexto, verão que ainda assim
Tite continua mais vitorioso de toda história. O time, depois do Mundial, caiu
em rendimento. Isso acontece entre nove das dez equipes do mundo. Corinthians
estava pronto para entrar num novo ciclo de vitórias, se tivessem coragem para
mudar a antiga estrutura.
Em partes Mano fez esse trabalho:
Mandou embora jogadores que Tite não teria coragem de mandar. Gente que “fechou
com ele” na fase vitoriosa. Emerson continuaria ganhando seu dinheiro,
continuaria jogando seu futebol; estaria mais ou menos como Danilo hoje; caso
não tivesse saído pelo portão da frente. Pato renderia com Tite? Não rendeu com Mano, não rende com Muricy.
Pato foi mais um erro estratégico dessa diretoria. Pelo mesmo valor, ou quem
sabe menos; teríamos hoje o ídolo Tevez no Itaquerão. Elias estaria no lugar
certo, não jogando atrás do Ralf. Guerreiro, como centroavante, dentro da área.
Ferrugem ganharia oportunidades até se afirmar como titular, no lugar de Fágner
(que é bom lateral, mas melhor apoiador).
Corinthians não joga mal, mas faltam gols. Falta uma estrutura ofensiva, pensamento ofensivo; treinamento ofensivo.
Muitas vezes uma disposição tática não corrige a falta de pontaria. Duvido que
Mano não pegue os jogadores e os faça treinar chutes, cabeceios, escanteios e
faltas em todas as oportunidades possíveis do calendário. Mas afinal, qual a
diferença do Corinthians não fazendo gols e do Cruzeiro; que tem sede em
balançar as redes? Postura. E postura, quem manda e cria, é o treinador.
Falta ao time atual do Corinthians o
gosto pela vitória. Mais do que isso: o gosto em comemorar gols. É claro que o
jogador se sente feliz quando balança as redes, mas parece que o ápice do atual
elenco é o carrinho na beira do campo, uma falta empatando uma jogada adversária;
desviar um cruzamento. É bonito um time desarmando; mostra o quando o time está
bem armado. Mas e os gols? E o pior: quando a equipe começa a também não se defender
direito? Perdoaria Mano se o Corinthians não tomasse tantos gols infantis;
mesmo perdendo os gols mais fáceis.
A questão é: onde podemos chegar com o
Mano? Poderemos nos classificar para a Liberadores no próximo ano? Conseguiremos
um título na Copa do Brasil? Deixaremos de ser essa equipe instável e
amedrontada, que perde para o Figueirense em casa; mas ganha do líder Cruzeiro?
Mano consegue encarar a possibilidade de ajeitar uma equipe para outro
treinador o ano que vêm? A verdade é que a sombra de Tite nunca saiu de suas
costas, principalmente se a eleição continuar no rumo de agora, trazendo o
fantasma das conquistas de Sanches para o comando do clube.
Mano pode fazer um excelente trabalho,
mas nada supera a saudade que os torcedores têm do Tite.
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