terça-feira, 2 de setembro de 2014

Corinthians de Tite: A sombra da Era Mano

 


Mano já está alguns meses no Corinthians. Mesmo depois de tanto tempo o time continua patinando. Precisa vencer de goleada o Bragantino, para não sair de forma antecipada da Copa do Brasil. Precisa ganhar mais jogos em casa. Ganhar jogos fora de casa, pelo menos os considerados mais fáceis. A verdade é que Mano não é unanimidade; e os resultados em campo só reforçam que ele não vive um bom momento. Particularmente não entendi a saída do Tite. Era o cara ideal para a renovação de uma equipe que tinha sido Campeã Mundial. Mas a política, os desajustes; o clima entre o atual presidente e o anterior; atrapalharam o que seria carreira mais longa de um treinador de futebol no Brasil.

O atual Corinthians joga com vários atacantes; e mesmo que no plano vertical pareça uma equipe ofensiva, no plano horizontal isso não funciona. Na prática, o time de Mano pensa na defesa, vive da defesa; projeta vitórias pela defesa. Aquilo que Tite conseguiu romper em alguns anos; mudando até mesmo o seu estilo; foi jogado fora com a nova mentalidade. Você pode até pensar sobre a questão dos empates; que passaram a ser rotinas com o antigo treinador; mas se observarem o contexto, verão que ainda assim Tite continua mais vitorioso de toda história. O time, depois do Mundial, caiu em rendimento. Isso acontece entre nove das dez equipes do mundo. Corinthians estava pronto para entrar num novo ciclo de vitórias, se tivessem coragem para mudar a antiga estrutura.

Em partes Mano fez esse trabalho: Mandou embora jogadores que Tite não teria coragem de mandar. Gente que “fechou com ele” na fase vitoriosa. Emerson continuaria ganhando seu dinheiro, continuaria jogando seu futebol; estaria mais ou menos como Danilo hoje; caso não tivesse saído pelo portão da frente. Pato renderia com Tite?  Não rendeu com Mano, não rende com Muricy. Pato foi mais um erro estratégico dessa diretoria. Pelo mesmo valor, ou quem sabe menos; teríamos hoje o ídolo Tevez no Itaquerão. Elias estaria no lugar certo, não jogando atrás do Ralf. Guerreiro, como centroavante, dentro da área. Ferrugem ganharia oportunidades até se afirmar como titular, no lugar de Fágner (que é bom lateral, mas melhor apoiador).

Corinthians não joga mal, mas faltam gols. Falta uma estrutura ofensiva, pensamento ofensivo; treinamento ofensivo. Muitas vezes uma disposição tática não corrige a falta de pontaria. Duvido que Mano não pegue os jogadores e os faça treinar chutes, cabeceios, escanteios e faltas em todas as oportunidades possíveis do calendário. Mas afinal, qual a diferença do Corinthians não fazendo gols e do Cruzeiro; que tem sede em balançar as redes? Postura. E postura, quem manda e cria, é o treinador.

Falta ao time atual do Corinthians o gosto pela vitória. Mais do que isso: o gosto em comemorar gols. É claro que o jogador se sente feliz quando balança as redes, mas parece que o ápice do atual elenco é o carrinho na beira do campo, uma falta empatando uma jogada adversária; desviar um cruzamento. É bonito um time desarmando; mostra o quando o time está bem armado. Mas e os gols? E o pior: quando a equipe começa a também não se defender direito? Perdoaria Mano se o Corinthians não tomasse tantos gols infantis; mesmo perdendo os gols mais fáceis.

A questão é: onde podemos chegar com o Mano? Poderemos nos classificar para a Liberadores no próximo ano? Conseguiremos um título na Copa do Brasil? Deixaremos de ser essa equipe instável e amedrontada, que perde para o Figueirense em casa; mas ganha do líder Cruzeiro? Mano consegue encarar a possibilidade de ajeitar uma equipe para outro treinador o ano que vêm? A verdade é que a sombra de Tite nunca saiu de suas costas, principalmente se a eleição continuar no rumo de agora, trazendo o fantasma das conquistas de Sanches para o comando do clube.

Mano pode fazer um excelente trabalho, mas nada supera a saudade que os torcedores têm do Tite.




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