domingo, 16 de outubro de 2011

Pé no fundo na Coréia

Olá leitores!

Na corrida passada o Vettel tinha sido campeão por antecipação, e nesse domingo com a vitória do Vettel e o 3º lugar do Webber foi a vez da Red Bull conquistar seu título de construtores por antecipação. O título só não veio antes pois esse ano o australiano não está tão iluminado quanto ano passado, mas que é um projeto extremamente bem sucedido, isso é. Se existe um carro que pode ser considerado tão hegemônico quanto a McLaren do Senna de 1988 ou a Williams do Mansell de 1992, é o Red Bull da dupla Vettel / Webber. E podemos perceber que a equipe não está dormindo nos louros da vitória, pois nas duas últimas etapas percebemos um comportamento estranho dos mecânicos da Red Bull: quando o carro para no grid de largada, eles fazem uma “parede” na traseira do carro, o que indica que já podem estar testando peças a serem usadas no carro do ano que vem... McLaren, Ferrari e Mercedes que se cuidem!

Quem parece ter encontrado o caminho da velocidade – ainda que um tanto quanto tarde – é a McLaren, pois nas últimas corridas Button e Hamilton têm sido quase tão velozes quanto os carros da Red Bull. Hamilton conseguiu fazer a pole no fraco circuito coreano (depois comento mais da pista), mas não teve jeito: ainda na primeira volta perdeu a primeira posição para o Vettel e, em que pese seu esforço, não conseguiu dar um combate mais efetivo ao jovem bicampeão, pelo que o 2º lugar deve ser visto com bons olhos – ao menos essa corrida ele não jogou ninguém para fora da pista... Button não largou bem, até conseguiu recuperar algumas posições, mas com problemas de acerto do carro conformou-se em levar o carro até a bandeirada em 4º lugar.

Na Ferrari a grande surpresa foi o Massa, que se classificou na frente do Alonso, largou muito bem, não abriu passagem bovinamente para o espanhol, conseguiu efetuar ultrapassagem sobre o Rosberg (o que tem sido uma das pedras nas sapatilhas de pilotagem dele), mas pegou tráfego nos pit-stops e na saída deles. Quando a fase não é boa, não há o que fazer. O Chorão das Astúrias (Alonso) reclamou dos pneus o fim de semana inteiro. Achei que durante o ano ele tivesse falado diversas vezes que os pneus mais macios (justamente os que a Pirelli levou para a Coréia) eram melhores para o carro da Ferrari... Enfim, o Alonso terminou em 5º e o Massa (adivinhem!!!!!!) em 6º.

A Mercedes andou relativamente bem com o Rosberg, que chegou a disputar posição com os carros da Ferrari mas depois perdeu rendimento (um ponto a ser corrigido no projeto do carro para o ano que vem, a falta de constância no desempenho) e terminou em 8º, ao passo que o Schumacher vinha recuperando posições após uma classificação abaixo da média até ser alvejado pelo Petrov, que tentava uma ultrapassagem sem estar perto o suficiente para completar a manobra até o ponto de entrada da curva. Menos mal que para a próxima prova o russo foi punido com a perda de 5 posições no grid de largada. Vai largar no meio do “pelotão do tiroteio” para ver o que é bom para a tosse...

Digno de nota o trabalho do Alguersuari em levar sua Toro Rosso ao 7º lugar e o de Buemi levando a Toro Rosso em 9º. Das equipes menores, é uma das poucas cujo desempenho está melhorando no fim da temporada. E mais uma vez Di Resta pontua com a Force India, a 6ª vez esse ano. Ele está em 14º na classificação do campeonato, o que é bom para um estreante por uma equipe menor.

Barrichello terminou em 12º e Bruno em 13º. A carroça do Rubinho está cada vez pior, e o Bruno reclamou o fim de semana inteiro do acerto (inclusive aerodinâmico) do carro da Renault.

No que diz respeito à pista, algumas palavras merecem ser ditas. Ano passado muita gente reclamou dela, mas outros pediram calma pois a construção da pista terminou muito em cima da hora para a corrida, então deu para relevar alguns pontos. Mas agora tiveram um ano inteiro para terminar o que tivesse que ser terminado, e alterar o que fosse necessário, já que automobilismo não é exatamente uma grande paixão coreana. Assim sendo, não dá para aceitar uma saída de boxe no ponto de tangência de saída de uma curva, não dá para aceitar um muro como o que existe na curva de entrada da reta de largada, pois se o carro sair de frente na curva ele baterá quase em 90 graus no muro, sem contar que em um autódromo construído no meio do nada a reta de 1.050m seguinte à reta de largada tem muros dos dois lados da pista, exatamente como se fosse uma pista de rua. Isso não ajuda na segurança (cadê uma possível área de escape se alguém se acidentar ou um carro quebrar?), dificulta a dispersão da água levantada pelos pneus durante corrida com chuva, atrapalhando a visibilidade, e eles fazem isso no ponto mais veloz da pista. Cada vez entendo menos o Hermann Tilke... A localização da pista é outro problema: foi feita numa aldeia de pescadores a 300 km da capital do país. Isso num país sem tradição automobilística é a receita perfeita para o fracasso do evento. Sem contar que a tal cidade não tem rede hoteleira capaz de acolher todo mundo que vai lá para trabalhar, e já estão ficando lendários os casos de jornalistas que se hospedam em motéis por falta de outro lugar para dormir.

A próxima corrida será dia 30/10, na Índia. Outra pista cujas obras devem terminar na mesma semana da corrida, e com promessa de protesto dos agricultores desalojados da área onde resolveram construir o autódromo. Cabe aqui o famoso “ah, se fosse no Brasil...”. Por aqui, nós perderíamos a corrida e nunca mais a categoria voltaria para a América do Sul – ou ao menos não voltaria até os argentinos, que são um povo que REALMENTE ama o automobilismo, conseguirem se recuperar economicamente para pagar as altas taxas que Tio Bernie cobra para levar a F-1 até algum país.

Até a próxima!

Alexandre Bianchini

2 comentários:

Luiz Lourenço disse...

Quem disse para o Bruno Senna que ele era piloto? Até eu no portentoso (meu antigo fusca 1967) mandava melhor... O automobilismo brasileiro tem sido uma série de promessas não cumpridas nesta última década.

Bianchini disse...

Acho que o problema é que ele quis ser piloto na mesma categoria que o tio correu. Aí a comparação é imediata e, na minha visão, meio injusta. Basta lembrar o grande piloto australiano Jack Brabham, primeiro a ser campeão mundial com um carro feito por ele mesmo: teve 5 filhos, todos tentaram ser pilotos bem sucedidos como ele foi... e apenas dois (o Geoff e o David) conseguiram algum destaque, mesmo assim em categorias de Endurance. Ele é um bom piloto (sem ser bom não se consegue chegar na categoria), mas não é um ótimo piloto como o Button e o Kobayashi e não é um fora de série como o Alonso, o Hamilton e o Vettel.
Justiça seja feita, no estado terminal em que anda o automobilismo brasileiro, é um autêntico milagre que ainda apareçam novos pilotos... as categorias de base estão sucateadas (hoje o único caminho para o jovem que sai do Kart é a categoria que o Massa criou, a Fórmula Futuro, em parceria com a Fiat, e o grid costuma ser de 10, 12 pilotos), boa parte dos autódromos estão em estado de petição de miséria e a divulgação na mídia, exceto pela Stock CAr e pela Fórmula Truck, é nula. É um verdadeiro milagre ainda surgirem pilotos no Brasil.