segunda-feira, 23 de maio de 2011

Falência da arte?

Começou mais um campeonato brasileiro. E pela enésima vez o seu tratamento, dado por mim em forma de protesto, será com letras minúsculas. Depois dos desinteressantes regionais disputados no começo do ano, teremos mais um pouco de mesmice com o maior campeonato nacional. Não sei o motivo do mau humor, talvez pela péssima qualidade dos jogos que tenho visto. Talvez pela fase decepcionante do meu clube, o Corinthians. A verdade é que estou tão empolgado pelo brasileirão como estou com o final de “Qual é o seu talento?”.

A primeira rodada mostrou como será cansativo acompanhar esse campeonato tão longo. Imaginem que saberemos o melhor time apenas na véspera de Natal. Você já pensou na lista de presentes para os parentes? Pois é. Todos nós sabemos que está tão longe essa data, não é? Mas passa rápido. Vocês verão que o relógio vai passar rapidinho. Os times vão se alternar nas primeiras colocações como também será modificada sua programação para a festa de final de ano. Jogadores serão vendidos, novas promessas surgirão durante a temporada e alguns jogadores veteranos farão tratamento para suas dores musculares.

Falando especificamente sobre os clubes paulistas, fiquei surpreso com os resultados. Eu que estava achando que a fase dos clubes de São Paulo era um indício de que coisas ruins iriam acontecer esse ano; tive que reescrever esse texto para não passar vergonha: Os times de São Paulo não são piores do que dos outros Estados! O futebol brasileiro é que parece realmente estar numa crise. Crise técnica, crise de humor; talvez crise de identidade.

Crise técnica, pois temos que recorrer aos ídolos do passado; jogadores em atividade, mas próximos da aposentadoria. Até concordo com essa mescla, de experiência e juventude. Só não acho que essa saída é viável para recuperar o nosso futebol arte. Acreditar que o desempenho dos veteranos salvará o campeonato é creditar o milagre, mas com a vela para santo errado. A esperança num Lucas ou num Neymar parece mais correta, até mesmo para que novos “craques” voltem a surgir nas peneiras dos clubes.

Outra crise é de humor: Nunca vi tanta gente mal humorada com o futebol (inclusive da minha parte, que há tempos ando criticando a teoria de ser o Brasil o país do futebol-arte). A primeira rodada mostrou uma série de azedume nas mesas redondas que nunca vi igual. Parece que o campeonato já está na fase crítica, como numa crise do casamento que acontece normalmente com o aniversário de cinco anos. O campeonato só está na primeira rodada, e todo mundo resmungando da falta de pontaria, da qualidade duvidosa do gramado, e assim por diante. Ainda bem que não estão reclamando da “entregação” geral que irá acontecer nas últimas rodadas, acho que é um assunto ainda prematuro.

A pior crise é de identidade. Afinal de contas estamos perdendo a memória do futebol; que deixou de ser o país do futebol-arte para ser apenas o país do futebol-futebol. A previsão Maia não diz, mas é bem provável que cairá também esse termo nas rodas de discussão sobre futebol: o País não será mais do futebol. Já imaginou a síndrome de vira-lata voltando para o Brasil? Afinal de contas não é mais tão fácil brotar craques dos campos minados das peneiras; nem a seleção brasileira também é invencível; nem a Copa no Brasil será tão fácil.

Portanto, a crise de identidade está causando a crise técnica e a crise de humor. Ou seria o contrário?
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2 comentários:

Cesar Augusto disse...

Calma! Falta pouco! Mais 37 jogos só.

Mario disse...

Deu sono a primeira rodada, o que não poderia ser diferente, para um campeonato tão longo.Desestimula até os jogadores. Talvez poderíamos experimentar um "abertura" e um "clausura" como ocorre na Argentina e em outros países sulamericanos.