Olá leitores!
Eis que a Fórmula 1
chegou à sua corrida número 1000. Uma corrida que teria tudo para
ser festiva acabou se mostrando um anticlímax. Primeiro que, devido
à distância entre o Ocidente e a China, as festividades pré
corrida para comemorar a milésima corrida chamaram mais atenção
pelos grandes pilotos que não compareceram do que pelos que
compareceram, e a corrida em si foi… meia boca. Também ficou mais
marcada pelos monstruosos erros de estratégia da Ferrari que pelas
boas atuações na pista.
Dobradinha da
Mercedes (mais uma…), com Lewis Hamilton em 1º e Valtteri Bottas
em 2º. Bottas fez a pole, mas perdeu a liderança na primeira curva
e depois não conseguiu alcançar Hamilton, que já tinha vencido a
corrida nº 900 e levou a nº 1000 também. A Mercedes ainda esnobou
as outras equipes chamando seus dois pilotos para fazer a segunda
troca de pneus na mesma volta. Um autêntico espetáculo.
Em 3º chegou
Sebastian Mansell, digo, Sebastian Vettel, que mais uma vez andou
menos do que se esperava e ultrapassou Leclerc na base da ordem
enviada pelo rádio. Claro que Leclerc (5º lugar) ficou “muito
feliz” (só que não) com a equipe e saiu soltando cobras e
lagartos após a corrida, até por ter recebido uma estratégia
absolutamente ridícula por parte do Sr. Rueda, o estrategista mais
incompetente da atualidade no automobilismo.
O 4º lugar ficou
com Max Verstappen, que na habilidade e na velocidade conseguiu um
grande resultado para seu Red Bull-Honda, acompanhado dessa vez pelo
seu companheiro Pierre Gasly, autor da volta mais rápida da prova e
que terminou em um bom 6º lugar.
Finalmente a Renault
terminou uma corrida, fazendo Daniel Ricciardo marcar seus primeiros
pontos na temporada com um 7º lugar, bom para as condições da
corrida e principalmente do carro. Seu companheiro Nico Hülkemberg
(20º lugar) abandonou com problemas na unidade de força.
Em 8º chegou Sérgio
Pérez, que conseguiu um desempenho razoável com a Racing Daddy,
digo, Racing Point, cujo carro aparentemente começou o ano pior que
os anos anteriores mas estão voltando a encontrar seu ritmo. Fez uma
boa largada e depois administrou bem o desgaste dos pneus. Seu
companheiro Lance Stroll (13º lugar) tentou uma estratégia
diferente e… se deu mal. Acontece com equipes menores, mas não
deveria acontecer com uma Ferrari, por exemplo.
Em 9º lugar
terminou Kimi Räikkönen, sofrendo com a temperatura dos pneus
(aparentemente o carro da Alfa Romeo é melhor com clima quente) mas
fazendo uma corrida honesta. Seu companheiro de equipe, Alexander
Albon, foi o grande destaque da corrida, largando lá atrás e
conseguindo ao final marcar seu primeiro ponto na categoria ao
terminar em 10º lugar. Em um GP cheio de nulidades e de desempenhos
abaixo do esperado, ele entregou mais do que era esperado dele, e foi
meu voto no site da categoria como piloto da corrida.
Próxima corrida
será em Baku, onde tradicionalmente a Ferrari anda bem mas que não
tenho nenhuma esperança de uma vitória da equipe de Maranello,
justamente por conta das estratégias ridículas adotadas pelo time.
Mais um clamoroso fracasso deve chegar… (espero queimar minha
língua...)
O final de semana,
entretanto, não se resumiu à corrida festiva da F-1: tivemos muito
mais ação nas pistas. Comecemos pela vitória brasileira no Jaguar
iPace eTrophy, categoria preliminar da Fórmula E onde Sérgio
Jimenez aproveitou sua pole position e venceu na claustrofóbica
pista de Roma. Aliás, fica a pergunta: será que na F-E é pré
requisito para o circuito ser aprovado a largura máxima da pista ser
de 8 metros de largura, com o México se tornando a honrosa exceção?
Enfim, retornando à competição, como seria de se prever as
posições de largada foram as de chegada, já que a pista romana
somente permitia ultrapassagem caso o piloto da frente errasse, que
foi o que beneficiou Cacá Bueno, que enfrentou problema na
classificação e largou em um fraco 7º lugar. Pressionou o 6º
colocado no grid de partida, Ahmed Bin-Khanen, até que esse errasse
em uma curva e o permitisse diminuir o prejuízo. De resto, Jimenez
largou em 1º e terminou em 1º, Bryan Sellers largou em 2º e
terminou em 2º, e Simon Evans classificou em 3º e terminou em 3º.
Sim, a corrida foi chata.
Já nos fórmulas, o
ótimo piloto de Turismo José Maria “Pechito” López provou que
o negócio dele é mesmo WTCR, TC 2000 e outras categorias de
turismo: se atrapalhou na largada, e ainda na segunda volta bateu
sozinho no muro, fechando o caminho para Paffett e Vergne, que
provocaram um congestionamento na super estreita pista e
consequentemente uma bandeira vermelha. Como o resgate da categoria
prima pela rapidez (#sqn), foram 45 minutos de corrida interrompida…
após a limpeza da pista, os pilotos voltaram a duelar não apenas
entre si, mas também para achar algum ponto de ultrapassagem na
pista e para tentar acertar a área de acionamento do modo ataque,
mal posicionado mas menos que na corrida passada. Ao cabo da prova,
tivemos o sétimo vencedor em sete corridas, e com a sétima equipe
diferente. Equilíbrio da categoria? Sim, um tanto quanto artificial
por conta dos zigue-zagues do regulamento, mas equilíbrio. Dessa vez
coube a Mitch Evans trazer a primeira vitória para a equipe Jaguar.
Foi seguido por Andre Lotterer, da DS Techeetah, em 2º lugar e por
Stoffel Vandoorne, da HWA Venturi (que na próxima temporada deve
virar equipe oficial da Mercedes), em 3º. No tocante aos
brasileiros, Felipe Massa abandonou com pane no seu carro, que
subitamente perdeu potência e não o permitiu prosseguir na prova, e
Lucas di Grassi batalhou bastante mas, até por conta da falta de
pontos de ultrapassagem na pista, não passou de um 7º lugar.
Ainda no sábado
aconteceu em Long Beach a 3ª etapa do ano da temporada da IMSA, e a
primeira das provas “curtas” da categoria. Por ser em uma pista
de rua, apenas os protótipos e os GTLM estiveram na pista, sem a
participação dos GTD, e a vitória coube à bestial dupla lusa
Filipe Albuquerque e João Barbosa, que levaram o Cadillac DPi #5 a
uma apertada vitória (menos de 1 segundo de vantagem na bandeirada
final) sobre o Acura DPi #7 pilotado por Ricky Taylor e Hélio
Castroneves. Aliás, a Penske levou também o 3º lugar, com o carro
#6 de Dane Cameron e Juan Pablo Montoya. O Cadillac DPi #31 de Felipe
Nasr e Pipo Derani terminou em 6º lugar.
Na noite de sábado
tivemos mais uma etapa da NASCAR, no oval curto de Richmond, onde
Martin Truex Jr. obteve sua primeira vitória em ovais curtos em 81
largadas na categoria principal. De quebra, ajudou a equipe de Joe
Gibbs a manter seu desempenho dominante: de nove corridas dessa
temporada, a equipe mais forte da Toyota ganhou 6 delas, com a Penske
(Ford) vencendo as outras 3. Essa foi a clássica corrida que o Truex
fez ficar fácil, embora tenha triunfado apenas no último segmento,
já que o primeiro foi vencido por Kyle Busch e o segundo por Joey
Logano. Atrás de Truex chegaram Joey Logano em 2º lugar, Clint
Bowyer em 3º, Kevin Harvick em 4º e Denny Hamlin em 5º lugar.
Neste domingo
tivemos em Campo Grande mais uma etapa da Copa Truck, e apesar da
pista travada não favorecer, foram duas boas corridas. Na primeira,
mais uma vitória de Beto Monteiro (VW), que mostrou um caminhão
extremamente bem acertado e que não teve dificuldades de ultrapassar
os dois pilotos que estavam à frente e abrir vantagem. Está em um
momento iluminado da carreira, e não me surpreenderá se ao final do
ano conseguir o título da categoria. Já conseguiu ser campeão da
Copa Centro Oeste, vamos ver o que virá até o final do ano. Foi
seguido por Paulo Salustiano(VW) no 2º lugar e por Wellington Cirino
(Mercedes) em 3º lugar. Para a segunda corrida, como Débora
Rodrigues (Mercedes) terminou em 8º lugar, ela largou na pole por
conta da inversão do grid e mostrou grande forma na corrida. Largou
bem, vendeu caro as ultrapassagens para Paulo Salustiano e Beto
Monteiro (respectivamente 1º e 2º colocados na segunda corrida) e
terminou em um ótimo 3º lugar, e o trio foi acompanhado no pódio
por Felipe Giaffone (que está batalhando duro para desenvolver o
Iveco) em 4º e por André Marques em 5º.
A MotoGP foi até
Austin para correr no ondulado COTA, e surpreendentemente desta vez a
vitória NÃO ficou com Marc Márquez, já que ele cometeu um de seus
poucos erros e caiu quando liderava isolado. Isso permitiu que a
briga pela liderança ficasse entre Valentino Rossi e… Alex Rins,
fã de Valentino que ficou absolutamente feliz em conseguir
ultrapassar seu ídolo de infância (sim, Valentino tem muitos anos
de carreira…) e conquistar sua primeira vitória na categoria
rainha. Em 3º lugar chegou Jack Miller, da Pramac Ducati, com um
desempenho que botou a pulga no macacão dos pilotos da equipe
oficial da Ducati, especialmente Danilo Petrucci, que não passou de
um magro 6º lugar no final. Dovizioso assumiu a liderança do
campeonato chegando em 4º lugar, mas precisa ficar esperto na fase
europeia da competição, que já começa na próxima etapa… não é
todo dia que Márquez irá errar como esse domingo.
Por falar em pista
ondulada, a Indy correu esse domingo em Long Beach, e a vitória
ficou com o competente Alexander Rossi, que foi o ponto fora da curva
na modorrenta corrida na Costa Oeste e obteve sua primeira vitória
de 2019 com uma atuação dominante. Não deu chance aos adversários,
que chegaram bem atrás. O 2º lugar ficou com Josef Newgarden, ao
passo que o 3º ficou com o mais regular piloto da atualidade, Scott
Dixon. Mais um dia de sofrimento para os pilotos brasileiros, que
terminaram em 15º lugar (Matheus Leist) e 19º (Tony Kanaan). Fico
triste pelo jovem Leist, bom piloto desperdiçando seu tempo em uma
equipe que não o permite mostrar seu talento.
E infelizmente vou
ter que encerrar a coluna dando bronca: OK, eu sei que um dos
atrativos do esporte a motor é justamente o fator “acidente”.
Nada contra gostar de presenciar acidentes nas pistas, principalmente
aqueles “big ones” nos ovais grandes da NASCAR, mas… como em
TUDO na vida, precisamos de bom senso e respeito. Uma coisa é você
estar na arquibancada com seu smartphone e registrar um acidente de
longe. Outra, completamente diferente, é você filmar, dar zoom para
registrar o piloto ferido e ainda espalhar o vídeo pelo Whatsapp.
Que foi o que aconteceu nesse domingo, quando em uma prova da
Superbike Series em Interlagos (pista excelente para carros e
caminhões, mas absolutamente inadequada para motociclismo devido à
falta de áreas de escape) o piloto Maurício “Linguiça”
Paludete teve um sério acidente no final da reta dos boxes com a
pista molhada, que acabou provocando ferimentos que o levaram ao
óbito. E algum ser sem noção, sem respeito e sem educação não
contente em filmar o acidente, ainda aproximou a imagem para captar o
piloto agonizando, e compartilhou o vídeo… é, acho que Deus fez
uma má escolha trocando os dinossauros pelos seres humanos. Deixo os
meus sentimentos aos amigos e familiares do Paludete, e a esperança
que as pessoas tenham mais RESPEITO com os outros.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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