Olá leitores!
Antes do GP do Japão eu já não tinha certeza, mas após a
corrida tive plena convicção que a Ferrari está completamente perdida, e a
troca do Arrivabene por outro executivo não vai resolver os problemas da
equipe. Eles precisam urgentemente contratar a) um estrategista competente e b)
um psicólogo full time na equipe, fazendo sessões diárias com o Vettel para
TENTAR estabilizar psicologicamente o Tião Alemão. Até porquê eu vejo um sério
risco do Leclerc ano que vem, mesmo sendo 2º piloto, colocar o Vettel “no bolso”,
apenas não cometendo os erros que o alemão comete hoje em dia. A vergonha vai
ser maior do que perder como perdeu esse ano para o Hamilton (sim, perdeu, eu
já considero o título nas mãos do Hamilton, acho que nem se ele morrer no meio
da semana em uma queda de avião perde o pentacampeonato, haja vista que para isso
o Vettel teria que vencer, coisa que ele não está em condições psicológicas de
fazer na atualidade).
Vitória absolutamente previsível e tranquila de Lewis
Hamilton, que em minha modesta opinião não perde mais o título de 2018. Como
diria Mestre Edgard Mello Filho, “pilotou de pijamas e pantufas” para subir
pela 10ª vez no degrau mais alto do pódio, dirigindo como se estivesse em um
Toyota Camry, absolutamente tranquilo. Seu escudeiro Valtteri Bottas (2º) teve
um pouco de problemas no final com as bolhas nos pneus, mas caminha firme para
tirar o vice campeonato do Vettel e suportou muito bem a pressão feita por
Verstappen.
Em 3º chegou Max Verstappen, que continua tendo uma visão
muito particular do que seja “incidente de corrida”, afinal se o incidente com
o Vettel realmente foi coisa de corrida, o toque no Kimi foi fruto da visão
toda pessoal dele que TODOS têm que dar espaço para ELE “Mad Max” fazer as
manobras que quiser... nada contra errar na freada da chicane, até o experiente
Alonso errou, mas... voltar daquele jeito que voltou, jogar o Kimi pra fora da
pista e achar que o piloto da Ferrari #7 “estava no lugar errado” é um pouco
demais para qualquer pessoa com um mínimo de bom senso. Desculpem os fãs do
Max, mas não dá pra concordar. Seu companheiro Daniel Ricciardo (4º) fez uma
corrida ESPETACULAR, em caixa alta mesmo, passando de 15º lugar na largada para
4º na bandeirada final, fazendo diversas ultrapassagens e todas com a marca
registrada dele: ultrapassagens limpas, sem pressionar ninguém para fora da
pista nem sendo desleal. Um excelente piloto, que mereceria um carro melhor
para mostrar seu serviço.
Em 5º chegou Kimi Räikkönen, que definitivamente teve seu
resultado prejudicado pelo toque com “Mad Max” mas mesmo com problemas nítidos
de falta de pressão aerodinâmica pelos apêndices que voaram da carroceria no
toque fez a melhor corrida que poderia com um carro danificado. Seu companheiro
Sebastian Vettel (6º), “der Groβe Verlierer”, tentou ultrapassar em uma curva
(a Spoon) onde eu no máximo vi ultrapassagens em categorias de carros de
turismo, nunca em fórmulas...e bateu no “Mad Max”. Merecidamente, caiu para
último lugar e tem que ficar muito feliz de não ter acabado a corrida dele ali
mesmo. Eu entenderia o Grosjean, o Magnussen, o Ocon fazendo essa manobra...
ele, um piloto com 4 títulos mundiais nas costas, jamais. Enfim, que o calvário
da disputa do título acabe logo, para ele tentar colocar os neurônios em ordem.
Em 7º terminou Sérgio Pérez, que fez uma ótima corrida de
recuperação após uma classificação não exatamente brilhante, e que
merecidamente foi o “melhor do resto” nessa corrida. Seu companheiro Esteban Ocon
(9º) também correu bem, e o resultado poderia ser melhor se tivesse largado
mais à frente.
Em 8º chegou Romain Grosjean, que dessa vez não se envolveu
em acidente algum mas reclamou muito da relargada após o final do safety-car
virtual (uma das ideias mais toscas que a FIA já teve, diga-se de passagem),
quando Pérez foi mais esperto e o deixou para trás. Enfim... seu companheiro
Kevin Magnussen(20º) foi o primeiro a abandonar, após receber toque por trás do
Leclerc em uma disputa de posição digna de F-3 e ter seu pneu traseiro furado
no final da reta dos boxes.
Fechando a zona de pontuação chegou Carlos Sainz Jr., que
trabalhou muito para conseguir o que seria possível de resultado com seu
Renault – um mísero pontinho. E não adianta, o carro não é melhor do que
isso... seu companheiro Nico Hülkemberg (19º) abandonou com problemas no carro,
e infelizmente não há muito mais do que comentar a respeito da corrida dele.
Próxima etapa em Austin, EUA, onde deve acontecer o primeiro
“match point” para Hamilton liquidar a fatura de 2018. Esperemos e
acompanhemos...
E a F-1 não foi a única atração da madrugada: primeira vez
que o Mundial de Motovelocidade vai para a Tailândia, um dos maiores mercados
de motocicletas do planeta, tão importante que o próprio presidente da Yamaha
foi para lá ver a corrida inaugural... e não é que, sob o “olhar do dono”, as
motos pararam de andar para trás? Aparentemente com o presidente da empresa lá não
deu para os grupelhos que disputam poder e influência dentro da equipe ficarem
um sabotando o outro, e as motos de Viñalez e Rossi andaram perto da Honda de
Márquez e da Ducati de Dovizioso no final da prova... talvez seja melhor o
chefão começar a ir nas corridas, aí o pessoal da parte eletrônica para de
sabotar o pessoal da ciclística e vice versa e, talvez, a marca saia do fundo
do buraco. Poucas vezes vi uma aplicação tão evidente do ditado “o olho do dono
é que engorda o gado”... a pista de Chang em si não é nada de espetacular, mas
acabou propiciando uma corrida das mais interessantes apesar do fortíssimo
calor, e as últimas voltas vieram em um crescendo de emoção que culminou com 4
motos juntas disputando a freada da última curva, um prêmio para o brasileiro
que ficou acordado até a bandeirada, que no horário de Brasília aconteceu quase
5 horas da madrugada do domingo. Vitória suada de Marc Márquez, que pode
decidir o título antecipadamente na próxima etapa, a ser disputada em Motegi,
no Japão. E conquistada contra Andrea Dovizioso utilizando contra o italiano a
mesma arma que ele já usou com sucesso por 3 vezes contra o Marc, o “x” na
última curva do circuito, perdendo velocidade na entrada da curva para sair
mais lançado na reta. Uma grande batalha, e o abraço ao final da corrida
mostrou que eles podem ser rivais, mas são maduros o suficiente para não serem
inimigos. Em 3º chegou Maverick Viñalez, que voltou a conseguir um pódio para a
Yamaha, marca aliás que fez não apenas o 3º lugar mas o 4º (com Valentino
Rossi) e o 5º (com a moto da Tech3 pilotada por Johan Zarco). Para quem andou
tomando sufoco da Aprilia e perdendo feio pra Suzuki, um belo resultado...
vamos ver se ele se sustenta até o final da temporada ou foi apenas fruto da
adaptação da moto ao intenso calor tailandês (a temperatura do asfalto chegou a
51°C).
A Copa Truck continuou seu tour pelo Cone Sul e após
acelerar no histórico autódromo Oscar y Juan Galvez foi para o Uruguai disputar
uma rodada dupla na simples porém bem feita pista de Rivera, que possui fácil
acesso seja para brasileiros (via Rio Grande do Sul) seja para os argentinos. E
com muita gente no autódromo a primeira corrida foi vencida por Roberval
Andrade (Scania), que ainda na primeira volta superou Wellington Cirino
(Mercedes) e Felipe Giaffone (VW) para assumir a primeira posição e não mais
sair dali até a bandeirada. Felipe Giaffone acabou tendo de se contentar com o
2º lugar e André Marques (Mercedes) completou o “pódio pequeno” (na primeira
corrida apenas os 3 primeiros vão ao pódio, ao contrário da 2ª que recebe os 5
primeiros), com Wellington Cirino em 4º e Regis Boessio (Volvo) fechando o “Top
5”. Com o grid invertido dos 8 primeiros colocados da primeira prova para a
largada da 2ª corrida, a pole ficou com Renato Martins (VW), que largou muito
bem e soube fazer valer sua posição de largada utilizando sua longa experiência
para conquistar a vitória na corrida. Foi seguido por Regis Boessio em 2º
lugar, Roberval Andrade em 3º, Felipe Giaffone no 4º lugar (e garantindo o título
da Copa Mercosul) e fechando o pódio em 5º lugar Djalma Fogaça (MAN).
Tivemos também a etapa da NASCAR em Dover, “The Monster Mile”,
com uma vitória grandiosa de Chase Elliott, definitivamente o grande nome da
atualidade entre os pilotos que correm com Chevrolet, conquistando sua segunda
vitória na temporada (e primeira nos Playoffs) com uma relargada excelente já
na prorrogação da corrida e com pneus bem mais gastos que os do Toyota de Denny
Hamlin, que teve que se contentar com a 2ª colocação. Foram acompanhados por
Joey Logano em 3º, Erik Jones em 4º e Kurt Busch fechando o Top-5. Quase deu dó
de Kevin Harvick: largou em 2º, venceu os dois primeiros segmentos, liderou
mais da metade da corrida (286 das 404 voltas) e acabou cruzando a linha de
chegada em 6º lugar. Outro dos pilotos que estão na luta para continuar
disputando o título que ficou decepcionado foi Aric Almirola: fez uma das
melhores corridas da vida dele, parecia que pela primeira vez poderia ganhar
uma corrida na categoria principal da NASCAR... e fez bobagem em uma das
relargadas, bateu no Keselowski e iniciou um enrosco que envolveu outros
pilotos também. Conseguiu se recuperar, terminou a prova em 13º, mas... depois
de ter sentido o gostinho de andar na frente, não deixa de ser decepcionante.
E o WRC está com a pontuação embolada após a etapa do País
de Gales: com o líder Thierry Neuville (Hyundai) terminando a prova em 5º lugar
e com a vitória de Sébastien Ogier (Ford), o campeonato continua aberto, o que
fará da etapa da Catalunha uma experiência proibida para cardíacos. Ogier foi
acompanhado no pódio por dois pilotos da Toyota, Jari-Matti Latvala em 2º e
Esapekka Lappi em 3º lugar. O troféu “pé frio” ficou com Ott Tänak, que
liderava com certa folga quando, em uma aterrisagem de um salto, danificou o
radiador do seu Toyota e foi forçado a abandonar a prova.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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