Olá leitores!
Sempre é um prazer ver a Fórmula 1 voltar a uma pista
clássica, ainda que “estragada” pelos regulamentos atuais. Foi o caso de Paul
Ricard: depois que a pista perdeu (por motivos puramente políticos) a sede do
GP da França para a horrorosa e medonha Magny-Cours, o autódromo entrou em
crise financeira e foi vendido para Titio Bernie, que o transformou em uma
pista de testes. Assim sendo, ele tem mais de 10 opções diferentes de traçado,
e áreas de escape gigantescas. Como diferenciar essas áreas de escape da pista
propriamente dita? Pintando faixas, e essa foi a primeira má surpresa do
retorno. Mas o pior, de longe, não foi isso. Vamos lá: entre os muros de Baku,
lá no Azerbaijão, a Dona FIA aceita uma reta gigante, mas com grandes áreas de
escape não tem a capacidade de aceitar 1800 metros de reta em ligeiro aclive em
Paul Ricard, e usaram uma medonha chicane (provavelmente a pior opção de
chicane, e olha que tem uma opção que reproduz o antigo traçado da Bus Stop de
Spa) que, mas palavras da minha filha de 9 anos e meio, que estava assistindo o
treino classificatório comigo no sábado, “papai, a reta (Mistral) não merece
essa chicane”. Até uma criança de menos de 10 anos tem mais lógica e bom senso
que os idosos encarquilhados da FIA... lamentável, quiçá sofrível. Outra
aberração foi cortesia da transmissão brasileira, onde após a execução da
Marselhesa mostraram os jatos da Patrouille Acrobatique de France passando por
sobre a reta de largada com os aviões deixando rastros de fumaça nas cores da
bandeira francesa, e o “jênio” do locutor do SporTV menciona a apresentação da “Real
Força Aérea Francesa”... quase tive uma síncope no sofá, tirei o som da TV e
passei a ouvir a narração pelo rádio, onde bobagens diversas foram ditas, mas
não conseguiram a proeza de confundir a Armée de l’Air francesa com a Royal Air
Force britânica...
Vitória das mais fáceis para Lewis Hamilton, que deve ter
achado a corrida profundamente tediosa, já que não foi ameaçado seriamente em
momento algum após a primeira curva. Natural: dominou quase todos os treinos,
foi magnífico na classificação, e venceu praticamente de pijamas e pantufas.
Quem teve vida difícil foi seu companheiro Valtteri Bottas (7º), vítima de um
erro de cálculo (a.k.a. burrada) do Sebastian Vettel na primeira curva, que
estourou seu pneu traseiro e no longo caminho de volta aos boxes danificou o
assoalho do carro. Nessas condições, pontuar foi quase uma vitória.
Em 2º terminou Max Verstappen, que no início da corrida,
após a relargada, até tentou ficar próximo do Lewis, mas não conseguiu assustar
o inglês em momento algum. Também teve uma corrida tranquila. Seu companheiro
Daniel Ricciardo (4º) sofreu boa parte da corrida com uma asa dianteira
quebrada, e não teria como conseguir resultado melhor em um final de semana em que
tudo pareceu dar errado com ele: nos treinos foi a asa traseira a apresentar
problemas, e na corrida a asa dianteira quebrou sem que ele tivesse contato com
outro carro. Um final de semana ruim para o australiano, mas que ao menos não
teve a cena lamentável de champanhe sendo bebido na bota... há males que vem
para o bem.
Em 3º, com uma bela apresentação, chegou Kimi Räikkönen, que
cresceu muito na segunda metade da corrida, após ter se classificado mal
(largar em 6º, com o carro que tem, é classificar mal) e apostar em uma
estratégia privilegiando os pneus mais macios disponíveis no final de semana.
Seu companheiro Sebastian Vettel (5º) deve ter se divertido bastante durante a
corrida, já que após o toque no Bottas quebrou a asa dianteira e teve de ir
trocar a mesma, voltando à corrida em
penúltimo lugar e fazendo uma série de ultrapassagens. Poderia ter chegado em
4º lugar, mas não fez por merecer tanto assim após o erro de julgamento
primário da largada. Curioso que a Dona FIA escolheu a opção mais travada para
a chicane pós largada, mas a versão original dos anos 70 ainda está lá, com o
mesmo asfalto e com MUITO menos chance de dar enrosco do que essa variante
utilizada esse ano. Quem sabe ano que vem deixam de frescuras e adotam a versão
mais veloz da chicane e eliminam aquela aberração no meio da Mistral? Sonhar ainda
é de graça...
Em 6º um ótimo resultado para Kevin Magnussen, que fez uma
corrida segura e sem erros (jamais imaginei que escreveria isso sobre o Kevin,
mas enfim...) e conquistou importantes pontos para a Haas. Seu companheiro
Romain Grosjean (11º) esteve entre os que se enroscaram na primeira volta, e
veio fazendo uma corrida de recuperação dentro daquilo que o carro permitia. Não
foi exatamente a impressão que ele queria deixar para sua torcida...
Em 8º, bastante chateado, terminou Carlos Sainz Jr., que passou
boa parte da prova em 6º lugar, uma posição que alegraria sua equipe (Renault)
em sua corrida “de casa”, mas uma súbita perda de potência a 5 voltas do final
atrapalhou sua corrida, que ainda foi salva pelo safety car virtual acionado
por conta do Stroll, que não consegue levar o carro com pneu furado para um
ponto menos perigoso da pista... essas crianças mimadas são um problema
seríssimo... seu companheiro Nico Hülkemberg chegou logo atrás, em 9º lugar, dando
aos franceses a satisfação de pontuar com os dois carros.
Em 10º, fechando a zona de pontos, um genial Charles
Leclerc. Genial? Sim, levar esse carro à zona de pontuação é genial, sem contar
que durante a corrida toda duelou com pilotos mais experientes como se ele
também fosse um veterano. É a aposta de muitos para substituir Kimi na Ferrari
ano que vem, aposta essa endossada e corroborada por esse vosso escriba.
Maranello será muito idiota de deixar ele escapar para outra equipe. Seu companheiro
Marcus Ericsson (13º) fez uma boa corrida, dentro das limitações de velocidade
e talento dele, e não decepcionou.
Próxima etapa semana que vem, na Áustria, no mutilado Red
Bull Ring (como deixaram o Tilke colocar suas patas no maravilhoso
Österreichring, como puderam fazer aquilo?), vejamos o que os líderes do
campeonato apresentam por lá...
Mas o final de semana não foi só F-1: no meio da semana saiu
o resultado das vistorias pós 24 Horas de Le Mans, e o vencedor da categoria
LMP2 foi desclassificado por irregularidades. Como resultado, o brasileiro
André Negrão e seus companheiros de equipe Signatech Nicolas Lapierre e Pierre
Thiriet são oficialmente os vencedores de Le Mans na categoria LMP2. Parabéns à
equipe!!!!!
Tivemos a tradicional corrida do DTM em Norisring, aquela
pista que contorna o enorme palanque construído a mando daquele austríaco de
bigodinho ridículo para contar lorotas para o povo alemão (que
impressionantemente acreditou nele, mas isso é outra conversa...) e que ninguém
no Brasil conseguiu acompanhar, pois o canal que DEVERIA passar a corrida, e
que possui os direitos de transmissão para a Banânia, o BandsTênis, estava
transmitindo uma partida de tênis de algum torneio obscuro ao invés de
transmitir a corrida... cada dia é um 7X1 diferente... enfim, teve rodada
dupla, e no sábado a vitória ficou com Edoardo Mortara (Mercedes), sua segunda
nessa pista, já que também venceu em 2016. Foi acompanhado no pódio por Gary
Paffett (Mercedes) em 2º e por Marco Wittmann (BMW) em 3º, que por ter nascido
em uma cidade perto de Nuremberg considera Norisring sua “corrida de casa”.
Augusto Farfus terminou em 14º lugar. No domingo, vitória extremamente
comemorada de Marco Wittmann, seguido por Edoardo Mortara em 2º e por Daniel
Juncadella (Mercedes) em 3º. Mais um mau resultado para Farfus, que terminou
apenas em 17º lugar. Se eu fosse ele, investia apenas no Endurance...
Neste final de semana também tivemos uma corrida para
pilotos “de verdade”: Superbike em Laguna Seca. Se o Saca Rolhas é desafiador
sobre 4 rodas, sobre 2 é quase insano. As cenas dos pilotos passando por ali
eram de fazer brilhar os olhos. Sábado a vitória (de novo...) ficou com
Jonathan Rea (Kawasaki), seguido por Chaz Davies (Ducati) em 2º e o pódio ficou
completo com Alex Lowes (Yamaha) em 3º. No domingo, mais uma vitória para Rea e
mais um segundo lugar para Davies, só que dessa vez o degrau mais baixo do
pódio ficou com a Aprilia de Eugene Laverty, que acelerou muito para conquistar
esse 3º lugar.
Rolou WTCR em Portugal, no tradicional circuito de rua de
Vila Real, e no sábado um susto tamanho gigante: pouco após a largada, os dois
companheiros da equipe do Sébastien Loeb (Rob Huff e Mehdi Bennani) se
estranharam em um dos trechos mais estreitos e velozes da pista, e como a
receita para dar m... estava pronta, não foi necessário muito para ela
acontecer; um “Big One” de fazer os torcedores da NASCAR que frequentam
Talladega aplaudir em pé, inclusive com direito a carro pegando fogo. Mas o que
se sucedeu após a batida monstro foi inesperado, e trouxe de volta o melhor do
automobilismo dos anos 50, 60 e 70: os pilotos que estavam mais para trás da
pancada saíram de seus carros e foram ver se os envolvidos com maior gravidade
estavam bem. O simpático holandês Tom Coronel resolveu sair filmando o
ocorrido, em um belo momento “jornalismo verdade”, e as cenas são das mais
humanas que assisti recentemente. Maravilhoso. A corrida claro que ficou
interrompida por bandeira vermelha até retirarem os carros que não tinham
condições de continuar e consertar o guard rail danificado, e no retorno a
vitória ficou nas mãos de Yvan Müller (Hyundai), seguido pelo “Hermano” Esteban
Guerrieri (Honda) em 2º e pelo espanhol Pepe Oriola (Seat) em 3º. A segunda corrida,
já no domingo, foi vencida por Mato Homola (Peugeot), seguido por Yvan Müller
em 2º e Pepe Oriola novamente em 3º, e a derradeira corrida do final de semana
foi um massacre da Hyundai, que monopolizou o pódio com Thed Björk em primeiro,
seguido por Gabrielle Tarquini em 2º e Norbert Michelisz em 3º.
A Indy foi para o melhor circuito misto norte americano,
Road America, e a corrida não foi das mais emocionantes, confesso. Talvez a melhor
coisa da corrida tenha sido o Karma atingindo o glorioso Alexander Rossi, que
forçou dois pilotos para fora da pista e depois teve a roda do carro
danificada, perdendo rendimento e sendo forçado a uma parada mais longa nos
boxes para dar um jeito no braço de direção, retornando à corrida para terminar
apenas em 16º lugar. Vitória merecida para Josef Newgarden, que fez uma ótima
corrida e conquistou pela 3ª vez esse ano o primeiro lugar. Grande trabalho
resistindo aos ataques do 2º colocado, Ryan Hunter-Reay, que não deu sossego ao
Josef. Quem também se destacou foi o Scott Dixon, que na base da estratégia e
de uma excelente pilotagem levou um carro que não se destacou o final de semana
inteiro até o 3º lugar. Um monstro, só isso. Os brasileiros da Foyt fizeram o que
o carro lhes permitiu, ou seja, Tony Kanaan em 14º e Matheus Leist em 15º.
E a NASCAR também se aventurou a fazer curvas para a
direita, e foi para o meio da região vinícola da Califórnia correr em Sonoma.
Vitória merecida do atual campeão Martin Truex Jr., com uma apresentação
excelente no último segmento (o primeiro foi vencido por AJ Allmendinger e o segundo
por Denny Hamlin) e com um show de estratégia por parte do seu chefe de equipe.
Foi seguido por Kevin Harvick, que tentou repetir a vitória do ano passado mas
não teve como segurar Truex e precisou se contentar com o 2º lugar, Clint
Bowyer em 3º, Chase Elliott mais uma vez como o melhor Chevrolet da prova em 4º
e fechando o Top 5 chegou Kyle Busch, outro que tentou arduamente a vitória mas
nunca efetivamente teve velocidade para acompanhar os líderes.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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