Olá leitores!
Sinceramente, acredito que a temporada de 2017 merecia se
despedir com uma corrida menos chata que esse GP de Abu Dhabi... uma verdadeira
e autêntica procissão. Deveria ter colocado a corrida para gravar, seria de
extrema utilidade naquelas noites em que sou atacado pela insônia. Horrível, simplesmente
horrível. E quando a corrida é ruim, a transmissão da mesma para o Brasil acaba
sendo uma sessão de tortura, pois os narradores (seja na TV, seja no rádio)
começam a tentar “criar” emoção onde não existe... isso, evidentemente, acaba piorando
as coisas.
Vitória ficou com Valtteri Bottas, que fez a pole position,
conseguiu se manter à frente do companheiro de equipe na primeira curva e lá
permaneceu até a bandeirada. Foi evidente a tentativa da Mercedes de fazer ele
conquistar o vice campeonato, mas parece que esqueceram de combinar com o
pessoal da Ferrari, afinal para ser vice o Bottas teria que vencer e o Vettel
terminar lá atrás... bem, ao menos a tentativa foi feita e digamos que o garoto
merecia essa vitória pelo tanto que fez para ajudar o Hamilton durante o ano.
Por sua vez, Lewis Hamilton (2º) até tentou se aproximar do Bottas e conquistar
mais uma vitória, mas como ele próprio reclamou ao final da prova, é uma pista
esteticamente muito bonita mas que praticamente inviabiliza ultrapassagens
quando você tem um equipamento igual ou muito próximo ao do competidor à frente
e seu carro depende de aderência aerodinâmica (podem perceber, as
ultrapassagens que normalmente se veem nessa pista são de categorias onde a
aderência mecânica é mais importante que a aerodinâmica, como provas de carros
de Turismo ou GT). Enfim, não seria o Hamilton se não reclamasse de algo quando
não chega em primeiro lugar.
Em 3º chegou Sebastian Vettel, que andou aquilo que seu
carro permitiu, ou seja, terminou quase 20 segundos atrás do Bottas. Corrida
bastante apagada, mas foi o suficiente para garantir o vice campeonato. O carro
da Ferrari melhorou bem em relação ao que era ano passado, mas ainda não foi o
suficiente para fazer frente aos Mercedes... e convenhamos que alguns erros de
equipe principiante (e que jamais poderiam acontecer em uma estrutura como a
Ferrari) minaram o bom trabalho do Vettel durante o ano. Vamos ver o que vem
por aí para o próximo ano... seu companheiro Kimi Räikkönen (4º) fez uma prova
tão apagada quanto, mas que serviu para conquistar o 4º lugar no Mundial de
Pilotos, sobrepujando o Ricciardo. Kimi motivado é um ótimo piloto, mas sem
motivação como estava nessa última corrida... é tão animado quanto a
comemoração do Bottas no pódio.
Em 5º chegou Max Verstappen, que tentou se aproximar do Kimi
boa parte da corrida, mas nunca conseguiu chegar perto o suficiente para tentar
uma ultrapassagem sem perder pressão aerodinâmica, então teve de se contentar
em comboiar o finlandês, esperando por um erro dele, que não aconteceu. Mas
ainda teve melhor sorte que seu companheiro Daniel Ricciardo (20º), que pela 3ª
vez nas últimas 4 corridas abandonou por falha no motor... e pensar que a
McLaren está feliz por trocar o motor Honda (que aparentemente parou de
quebrar) pelo Renault, que desde o anúncio está quebrando por atacado...
Em 6º terminou o ótimo Nico Hülkemberg, mais uma vez
arrancando do carro da Renault um desempenho que o carro não possui. Graças a
ele, a Renault conseguiu o 6º lugar no campeonato de construtores, o que
melhorou um pouco o orçamento para o próximo ano... seu companheiro, o bom
Sainz Jr. (substituindo o horrível Jolyon Palmer, talvez um dos piores pilotos
que vi chegar à F-1), fazia uma corrida decente até a equipe não prender
direito uma roda no pit-stop e ele ter que abandonar, ficando em um melancólico
19º lugar.
Em 7º e 8º chegaram os pilotos da Force India,
respectivamente Sérgio Pérez e Esteban Ocon, curiosamente a mesma posição em
que terminaram o Mundial de Pilotos. Uma dupla muito interessante, quando não
batem um no carro do outro demonstram desempenho bastante consistente. E o 4º
lugar no Mundial de Construtores para a Force India foi, definitivamente, fruto
dessa consistência. Se a equipe tivesse mais orçamento para desenvolver o
carro...
Em 9º chegou Fernando Alonso, um dos poucos pilotos que efetivamente
ganhou posições na corrida (largou em 11º), encerrando o capítulo da McLaren
com motor Honda de maneira digna – e sem quebra, que era a principal
preocupação dele durante a prova. Seu companheiro Stoffel Vandoorne (12º)
brigou com o carro sem aderência desde a largada, mas conseguiu acelerar o que
o carro permitia sem quebrar o motor – o que certamente será um alívio para a
equipe que receber os motores da Honda próximo ano, provavelmente a Toro Rosso.
Em 10º lugar, se despedindo da categoria com um ponto
solitário, terminou Felipe Massa. Enquanto Alonso não o ultrapassou, foi
combativo, após a ultrapassagem não teve forças para retomar a posição. O
típico comportamento do Massa após aquele fatídico sábado em Hungaroring em que
recebeu a mola na cabeça, e que – em minha opinião – encerrou a carreira de
piloto de ponta do brasileiro. Voltou a correr depois, claro, mas nunca mais
teve aquele brilho de antes, até conseguia mostrar bons tempos no cronômetro,
mas nunca mais foi o mesmo piloto. Foi homenageado pelos colegas de profissão e
pelo pessoal técnico das outras equipes, claro, e sinceramente espero que
encontre seu caminho fora da F-1, seja em corridas de longa duração, seja de
volta ao Brasil na Stock Car. Seu companheiro Lance Stroll (18º) conseguiu uma
grande proeza nesse domingo: mesmo com a decadência técnica do carro da
Williams, conseguiu terminar a prova atrás dos dois Toro Rosso e dos dois
Sauber... impressionante, só que não. Dinheiro compra muitas coisas, menos
talento...
Fórmula 1 agora só em março, quando a temporada 2018 começar
lá na Austrália, com os carros parecendo chinelos de dedo sobre quatro rodas
com o maledetto do Halo. Também foi apresentado pelos novos donos da festa (o
grupo Liberty Media) o novo logotipo da categoria. Sei que eles querem que a
Fórmula 1 volte a ser empolgante como foi no passado, mas não precisavam também
mostrar um logotipo que lembra o de alguns times da NBA nos anos 80, e que
poderia tranquilamente ser feito em um computador 486 DX4 rodando Windows 98
SE, com os softwares de design da época... praticamente um logotipo “vintage”,
se me permitem a hipérbole...
A boa notícia é que o piloto brasileiro Sérgio Sette Câmara assinou
para correr em 2018 na F-2 com a equipe Carlin, que retorna à categoria.
Lembrando que onde ela entra, costuma ser equipe de ponta... o companheiro dele
será Lando Norris, campeão europeu de F-3 (com a Carlin) e piloto de testes da
McLaren... vamos ver como ele se comporta.
Até a próxima!
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