quinta-feira, 20 de julho de 2017

Diário de Maratonista (Reflexões pré-prova - 8º dia de 20)

Eu estou vestido com as roupas e as armas de jorge
Para que meus inimigos tenham mãos
E não me toquem
 (Jorge da Capadócia, Jorge Ben, 1975)

Bem na reta final pra maratona, bem nas últimas semanas de preparação, eis que uma frente fria, ou melhor, uma frente glacial chega ao país. Se é difícil realizar as tarefas mais simples do dia a dia nessa “friaca”, imagine você, leitor, sair da cama às 05:00 horas da matina e enfrentar o vento gelado e cortante das primeiras horas do dia pra correr! Nessas horas, eu tenho que concordar que corredor é tudo maluco mesmo.

De um lado, tenho que realizar os treinos dessa fase final de preparação. É o chamado polimento pra corrida. De outro lado, preciso tomar cuidado para não ficar doente; um resfriado ou uma gripe podem acabar com a minha corrida – pé de pato mangalô treis veis!! Por essa razão, nos últimos dias, tenho saído de casa vestido com uma verdadeira armadura. Dois pares de meia, calça isolante térmica, jaqueta corta vento, luvas, gorros, segunda pele ... terceira pele.

Após o treino, correr pra retirar as roupas suadas, entrar rápido no chuveiro, não ficar muito tempo, secar o corpo, vestir roupas secas, calçar luvas, vestir cachecol, tomar vitamina C, e sair pra trabalhar. Essa é a rotina. E, mesmo assim, toda essa precaução é incapaz de evitar o medo que eu tenho de pegar uma gripe. Qualquer rouquidão, tosse ou coriza tem sido tratado com todos os “cuidados de vovó” de que tenho notícia. São chás, ervas, xaropes e extratos consumidos como antídotos contra uma maratona frustrada.


Já corri gripado. Sei o quanto é difícil. Dores no corpo, dificuldade para respirar, dor de cabeça, tontura, náuseas, mal estar generalizado. Se eu já senti tudo isso numa corrida de 5 km, que dura menos de meia hora, que dirá de uma corrida de 42 km e quase quatro horas de duração? Pra quem já está debilitado pelo vírus da gripe, participar de um evento extremo como a maratona seria impossível, o fim, teria de abortar a corrida. Não seria o fim do mundo, claro. Acontece. Mas, pra quem se inscreveu um ano antes e treina há quatro meses para o evento, ter de desistir seria um grande desapontamento. Pé de pato mangalô treis veis!!  

Nenhum comentário: