Olá leitores!
Que final de semana, que final de semana... se algum fã de
esporte a motor disser “não encontrei nada interessante para acompanhar”,
precisa ganhar uma camisa de força e uma carona até o hospital psiquiátrico
mais próximo.
Comecemos com a categoria rainha, a Fórmula 1, que
presenciou uma aparente volta aos tempos de “Fórmula Mercedes”, mas ao mesmo
tempo assistiu ao quanto fez bem a Fernando Alonso passar uns dias com os norte
americanos: quando seu carro quebrou nas voltas finais, em frente a uma
arquibancada que o aplaudia em pé, ele simplesmente “foi pra galera”, jogou as
luvas para o público... que diferença do Alonso rabugento pré-Indy... outra
coisa legal foi a presença do Professor Xavier, ops, Sir Patrick Stewart
entrevistando os pilotos no pódio e “pedindo” para repetir o gesto de
comemoração do Ricciardo, ou seja, beber champanhe da sapatilha do piloto.
Pessoalmente acho nojento, mas cada um cada um...
Vitória incontestável do Hamilton, que no sábado ao igualar
o número de poles do Senna ganhou um dos capacetes usados pelo ídolo, se
emocionou e atrapalhou consideravelmente a transmissão da corrida no Brasil, já
que beirou o insuportável as referências ao falecido na transmissão oficial (e
que por ser uma corrida no horário de jogo de futebol migrou da TV aberta para
a TV por assinatura). Inclusive percebemos uma mística na transmissão, afinal
foi dito que “Senna guiou Hamilton para essa pole excepcional”, ou coisa do
gênero (não lembro exatamente as palavras, de tão nauseado que fiquei com a
referência). Assim como para os grandes acidentes as redes sociais criaram o
“Maldonado seal of approval”, essa mereceria um “Chico Xavier seal of
approval”... Ah, se fosse possível assinar a transmissão de qualquer emissora
europeia aqui no Brasil, definitivamente eu assinaria. Não dá, desculpem, mas
os narradores brasileiros não possuem algo importantíssimo chamado “senso de
ridículo”. Bom, mas independente disso o Hamilton dominou a corrida como quis,
e teve provavelmente uma das vitórias mais fáceis da vida dele. Seu companheiro
Bottas (2º) basicamente teve o trabalho de escoltar o líder e não o incomodar,
após uma boa largada.
Em 3º chegou Daniel Ricciardo, seu 3º pódio seguido. A Red
Bull está menos próxima de Mercedes e Ferrari do que se esperava para essa
temporada, mas ele é quem está sabendo aproveitar o desempenho e as limitações
do carro para arrancar boas atuações com ele. O momento épico foi no pódio,
claro, mas durante a corrida ele fez o possível para fazer funcionar a
estratégia conservadora da equipe, se defendendo dos ataques dos carros da Force
India com maestria. Mereceu o pódio. Seu companheiro Max Verstappen (18º)
começou a corrida quebrando a asa dianteira do Vettel (e estragando a corrida
do alemão), mas depois vinha em um ritmo bem decente na 11ª volta quando o
motor apagou e não aceitou ser resetado, acabando com a corrida do holandês.
Em 4º terminou Sebastian Vettel, que considerando as
dificuldades todas decorrentes da má largada fez uma boa prova. A troca da asa
fez com que caísse para último poucas voltas após a largada, mas ele escalou o
pelotão até onde deu. Seu companheiro Kimi Räikkönen (7º) também largou mal, tentou
mudar a estratégia para conseguir recuperar posições mais rápido mas no final
teve problemas de freios – e ficar sem freio em uma pista como o Circuit Gilles
Villeneuve, definitivamente, não é agradável. Um dia para ser esquecido pela
escuderia de Maranello.
Em 5º e 6º chegaram os carros da Force India, talvez a maior
surpresa do ano. Quem viu o carro na apresentação, com aquele “degrau” no bico
que lembrava fracassados regulamentos do passado, pensou que seria uma equipe
para figurar no fundo do pelotão... e os pilotos? Pérez já era conhecido pela
sua rapidez e suavidade ao pilotar, mas Ocon é uma grata surpresa. Ainda tem
que evoluir, claro, ainda comete aqueles erros de inexperiência, mas quando não
se atrapalha sozinho mostra que tem potencial. Dessa vez a ordem foi Pérez e
Ocon, mas se a equipe tivesse atendido aos apelos via rádio poderia ser
inversa, já que Ocon estava se achando mais rápido e com melhores condições
para atacar Ricciardo, mas a equipe não atendeu aos pedidos para inverter as
posições, e pelo jeito o francês não quis atacar o mexicano. Muita reclamação
após a corrida, mas tudo previsível.
Na 8ª posição terminou Nico Hülkemberg, em um dia que ele
mesmo disse que tudo deu certo, e portanto sua limitada Renault conseguiu
pontuar. Seu companheiro Jolyon Palmer (11º) fez novamente o que sabe fazer
melhor: reclamar e dar desculpas, já que para pilotar ele nitidamente é
deficiente.
Em 9º lugar, miraculosamente, chegou Lance Stroll. Sim,
aquele, o de 18 anos que o papai paga todos os carros que ele quebra... talvez
embalado pela torcida o apoiando, conseguiu ultrapassar pilotos muito melhores
que ele como Alonso e Hülkemberg e mais do que isso, conseguiu não bater o
carro, não quebrar e ainda marcar seus primeiros pontos na categoria.
Impressionante. Seu companheiro Felipe Massa (19º) até que classificou bem, mas
na primeira volta foi acertado pelo Sainz Jr., que estava descontrolado após se
tocar com o Grosjean (não, dessa vez a culpa não foi do Grosjean...) e ambos
abandonaram a prova. Massa, definitivamente, não dá sorte nessa pista...
Fechando a zona de pontuação chegou Romain Grosjean, mesmo
após ter que trocar a asa dianteira logo na primeira volta, fruto da afobação
do Sainz Jr., o que mostra o bom ritmo que o carro tinha. Sem o toque, poderia
no mínimo ter ficado na frente do Nico.
Próxima corrida será naquele pedaço da Ásia que alguns
chamam de Europa, Azerbaijão, com os carros 20 cm mais largos desse ano
passando ao lado do castelo de Baku, numa curva mais apertada que as de Mônaco.
Gostaria de dizer “a conferir”, mas se for como ano passado será “a dormir”.
Mas não foi só isso que tivemos no final de semana. Muito
pelo contrário! Ficou até difícil para o fã de esporte a motor acompanhar tanta
corrida que tivemos. Na Alemanha, no histórico aeroporto de Tempelhof, o e-Prix
de Berlin em rodada dupla (sábado e domingo), em uma pista com um “túnel” que,
consta, era para reproduzir um hangar (afinal, a pista foi feita em um
aeroporto desativado que virou parque), mas serviu apenas para deixar a pista
mais travada após a largada. Adoro a localização da pista, mas tenho sérias
restrições quanto ao traçado. O pior é que, no caso de Tempelhof, pelo espaço
livre daria para fazer muita, mas muita coisa legal em termos de traçado. Bom,
no sábado a vitória ficou com o talentoso Felix Rosenqvist (com esse sobrenome
com sonoridade de nórdico ralizeiro, só poderia ser rápido...), dando aos
indianos da Mahindra sua primeira vitória na categoria em 3 anos de existência.
Em 2º chegou Lucas di Grassi, que fez uma bela corrida mesmo não conseguindo
resistir ao Felix, e em 3º o outro carro da Mahindra, o de Nick Heidfeld. O
grande sortudo do sábado foi o di Grassi: o líder do campeonato Sébastien Buemi
chegou em 6º, mas foi desclassificado por irregularidades na pressão dos pneus,
que estavam abaixo do mínimo imposto pela fabricante. Já no domingo o menino
Rosenqvist ganhou, mas não levou: em um “ataque de F-1”, os comissários resolveram
punir a equipe por liberar o piloto para sair dos boxes quando o companheiro de
equipe estava chegando, resultando no que eles chamaram de “liberação
insegura”. Francamente... bom, ele teve 10 segundos acrescidos ao tempo, o que
fez com que ele perdesse a liderança no cronômetro para o Buemi, que certamente
respirou aliviado. Felix acabou em 2º, com Di Grassi em 3º.
Ainda no sábado (ou melhor, começando sábado e terminando no
domingo) tivemos a Indy correndo no Texas, com direito a “big one” e tudo o
mais. A vitória ficou nas mãos de Will Power, seguido por Tony Kanaan em 2º e
Simon Pagenaud em 3º. Sei que americanos adoram ovais de uma milha e meia com
boa inclinação, mas eles são perfeitos para a NASCAR. Os fórmulas andam rápido
demais nessa configuração de pista, e a chance de grandes acidentes é real.
Nessa corrida, dos 22 que largaram terminaram a prova apenas 8, sendo que
apenas em um acidente ficaram 8 carros (pouco mais de 1/3 do grid) fora. Acho
que seria o caso de se repensar essa prova do Texas. Helinho Castroneves vinha
numa boa corrida, mas teve um furo no pneu dianteiro direito na curva 1 e foi
conferir a qualidade do soft wall. Zonzo após o acidente, mas sem ferimentos,
lembrou que na época que o muro era puramente de concreto esse tipo de batida
que ele deu machucava...
Na manhã de domingo tivemos MotoGP na Catalunha, e tudo
estava pronto para a tradicional festa espanhola... até que chegou Andrea
Dovizioso para dar trabalho para o pessoal do cerimonial, que provavelmente
correu para encontrar onde tinham guardado o arquivo MP3 com o “Fratelli
d’Italia” para tocar pro vencedor. Aliás, desde os tempos do gênio Troy Corser
(talvez o piloto que melhor entendeu o modo de pilotar uma Ducati) a simpática
marca de Borgo Panigale não vencia duas corrida seguidas. Desde o começo
percebeu-se que as Ducatis estavam muito bem adaptadas à pista, com a
fulminante primeira volta de Jorge Lorenzo. Infelizmente o espanhol começou a
perder rendimento, o que fez com que Dovizioso começasse a “cozinhar o galo” do
líder Dani Pedrosa, que nesse ponto da corrida estava sensivelmente mais rápido
que Márquez. A menos de 10 voltas para o final a confirmação: Andrea passou
Dani e começou a abrir, mostrando que efetivamente estava poupando a moto para
a parte final da prova. Logo atrás do Dovizioso chegou Marc Márquez em 2º, após
passar Dani nas voltas finais, e em 3º terminou Pedrosa. Final de semana
irreconhecível para as Yamahas: Rossi foi apenas 8º e o (por enquanto...) líder
do campeonato Maverick Viñalez em 10º. Para terem idéia, as duas Yamahas da
Tech3 (equipe privada) chegaram à frente da duas oficiais.
Aqui no Brasil, em Campo Grande, tivemos corrida da Copa
Truck, com a decisão do título do Torneio Centro Oeste. Ao contrário da Fórmula
Truck, na Copa a corrida tem um formato parecido com o WTCC, duas corridas
curtas com pontuação em separado. Na primeira prova, vitória do Felipe
Giaffone, seguido do Adalberto Jardim em 2º e do David Muffato em 3º (o pódio
da 1ª prova é feito no asfalto mesmo, então vão só os 3 primeiros). Na segunda
prova, com os 6 primeiros largando em posições invertidas entre eles de acordo
com a ordem de chegada da primeira prova, outra vitória do Felipe Giaffone, que
estava impossível esse final de semana, seguido por Beto Monteiro em 2º (que,
com esse resultado, se sagrou campeão do Torneio Centro Oeste), David Muffato
em 3º, Regis Boessio em 4º e fechando o pódio Duda Bana em 5º. Próxima etapa
será em Caruaru, dia 9 de julho, valendo pela abertura do Torneio do Nordeste.
Em Cascavel tivemos rodada dupla da Stock Car, e na primeira
prova uma maiúscula vitória de ponta a ponta de Max Wilson (RCM), seguido por
Daniel Serra (RC) em 2º e Átila Abreu (TMG) em 3º. Prova cheia de disputas,
algumas até mais acirradas, mas a única bandeira amarela da prova foi obra e
graça do Antônio Pizzonia. Uma bela corrida, no geral. Na segunda corrida do
dia, vitória na base do pé direito pesado e da estratégia do Vitor Genz (Carlos
Alves), seguido por Guilherme Salas (Full Time Academy) em 2º e por Tuka Rocha (RCM)
em 3º. Na pista, o 2º lugar ficou com Lucas Foresti, mas após a prova foi
encontrada uma irregularidade técnica no carro dele e os comissários optaram
por desclassificar o piloto.
Por último, mas não menos importante, tivemos prova da
NASCAR naquela que provavelmente é minha pista favorita junto com Talladega:
Pocono, com suas 3 curvas rigorosamente diferentes entre si, fazendo com que os
engenheiros quebrem a cabeça para tentar descobrir qual acerto usar. E a
vitória ficou nas mãos de Ryan Blaney, que além de conseguir sua primeira
vitória na categoria principal levou de novo o carro #21 da Wood Brothers, a
mais antiga equipe em atividade, para o lugar de honra na corrida. Nas últimas
voltas ele resistiu como um veterano às investidas de Kevin Harvick (2º
colocado, Stewart-Haas)) para conquistar sua passagem para os playoffs da
categoria. Em 3º chegou Erin Jones (Furniture Row), em 4º Kurt Busch
(Stewart-Haas) e fechando o Top 5 terminou Brad Keselowki (Penske).
Impressionante foi o problema de freios do Jimmie Johnson na freada da Curva 1,
fazendo com que ele batesse forte no muro e deixasse fluido de freio na pista.
Dessa maneira, Jamie McMurray, que vinha atrás, derrapou no fluido derramado e
também bateu no muro, causando um incêndio no carro que provocou uma bandeira
vermelha no final do Segmento 2 para atender o zonzo Jimmie e limpar todo o pó
antifogo que foi jogado no carro do Jamie.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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