Olá leitores!
Um final de semana cheio de alternativas de esporte a motor,
começando por uma corrida verdadeiramente surpreendente no Azerbaijão. Ao passo
que a corrida do ano passado foi um excelente soporífero, a desse ano não
deixou ninguém reclamar de falta de interesse. Teve filho de lenda do rali
errando sozinho na primeira volta (Papai Carlos Sainz deve ter desligado a TV
naquele momento e ido fazer outra coisa), um tetracampeão e um tricampeão se
comportando como iniciantes da Fórmula 4, e um final verdadeiramente
surpreendente.
Vitória merecida de Daniel Ricciardo, que soube se manter
longe das confusões na pista e não cometeu erros. Isso é, até chegar no pódio e
tomar champanhe na sapatilha de piloto, que se não for um erro é no mínimo
nojento, principalmente após o quanto os pilotos transpiram durante uma
corrida, mas enfim... foi aquele final de semana em que tudo deu certo para o
australiano, e ele soube aproveitar e fez por merecer. Já seu companheiro Max
Verstappen (18º) vinha acompanhando o Ricciardo, mas teve uma pane no motor
(provavelmente algo relacionado ao gerenciamento eletrônico), perdeu potência e
teve de abandonar.
2º lugar absolutamente inesperado para Valtteri Bottas, haja
vista que após a largada ele bateu no carro do compatriota Räikkönen e precisou
voltar aos boxes para trocar a asa dianteira quebrada e o pneu furado, perdendo
uma volta. Mas, no melhor estilo do automobilismo norte americano, recuperou
essa volta perdida durante o safety-car, veio galgando posições, e na última
volta conseguiu ultrapassar o novato Lance Stroll a poucos metros da linha de
chegada. Talvez uma das maiores exibições do jovem finlandês desde a sua
estréia. Seu companheiro Lewis Hamilton (5º) poderia ter vencido a corrida com
um pé nas costas, praticamente pilotando de pijama, se fosse um pouco mais
MADURO e não se comportasse na pista como uma criança birrenta e mimada. Esse
excesso de convivência dele com os astros da música que ele tanto adora está
fazendo com que ele tenha ataques de estrelismo exatamente como os músicos...
exceto que os cantores em questão não pilotam carros de corrida a mais de 300
km/h. Para ser muito caridoso com o que ele fez, foi ridículo.
3º lugar mais inesperado ainda que o 2º do Bottas: no começo
da temporada, quem diria que esse ano ainda o herdeiro canadense Lance Stroll
iria subir ao pódio em sua 8ª corrida? Confesso que tenho minhas dúvidas se, no
caso dessa corrida ser em Austin, se ele teria idade para comemorar com
champanhe no pódio, mas tudo bem. Em uma pista onde finalmente a Williams se
mostrou competitiva, ele quase estreou no pódio na 2ª posição. Se a bandeira
vermelha tivesse aparecido uma volta mais tarde, ou a corrida fosse uma volta
mais curta, Bottas não o teria alcançado. Sinceramente, parece até que foi
outro piloto que correu no lugar daquele Lance que fez as 3 primeiras corridas
do ano e as desastradas participações nos testes de pre temporada. Seu companheiro
Felipe Massa (16º) tinha chances reais de estar no pódio, e levando em conta
que ele estava andando na frente do Ricciardo, até chances de vencer a corrida,
mas se existe algo que o piloto brasileiro tem é pé frio. E esse pé frio fez
com que o carro dele apresentasse um problema de suspensão que o tirou da
corrida. Provavelmente o amortecedor, não deve ter sido nada muito complexo,
mas foi o problema que retirou do brasileiro um resultado que ele não obtinha
há um bom tempo... agora é torcer para outra oportunidade dessas aparecer para
ele.
Em 4º lugar chegou Sebastian Vettel, um piloto que já foi
mais cerebral mas que ultimamente está “entrando na pilha” do Hamilton. Se ele
emparelhasse o carro, gesticulasse, reclamasse vivamente pelo rádio da súbita
desaceleração do inglês, talvez o punido fosse o piloto da Mercedes. Como ele
jogou o carro para cima do seu desafeto, perdeu a razão e ganhou a punição.
Jogou no lixo os 25 pontos da vitória e tem que se dar por muito feliz de ainda
ter conseguido esse 4º lugar. Seu companheiro Kimi Räikkönen (14º) teve um dia
muito complicado: foi abalroado pelo Bottas, acabou desalinhando o carro mas
conseguiu continuar, depois furou o pneu traseiro nos detritos que se
espalhavam pela pista e esse pneu quebrou a asa traseira e parte do assoalho...
um dia para esquecer. Não sei se a vodca da região é boa, mas pela proximidade
com a Rússia deve ter boa variedade de produtos para o ajudarem a esquecer o
domingo.
Em 6º chegou Esteban Ocon, um dos que propiciou emoção não
esperada/prevista para a corrida. As entrevistas pós corrida foram
relativamente tranquilas, mas imagino que após ele e o companheiro de equipe
Sérgio Pérez (15º) se estranharem na pista levando ao abandono de um deles o
chefe de equipe deve ter tido uma longa conversa com ambos (conversa, no caso,
um eufemismo para bronca máster...) para evitarem esse tipo de comportamento no
futuro. Pareceu-me, pela TV, que o Pérez forçou a barra no acidente, mas os
comissários nada viram e nenhum dos dois assumiu publicamente a culpa, vou
entender como barbeiragem de corrida, pane cerebral, qualquer coisa do gênero.
Em 7º apareceu Kevin Magnussen, que conseguiu superar os
crônicos problemas de freios da Haas em uma pista onde, por conta das grandes
retas e das curvas apertadas, os freios são bastante exigidos, para marcar uns
pontinhos para a equipe. Correu muito bem, na segunda metade da prova chegou a
estar em 3º lugar (uma Haas chegando ao pódio faria uma festa enorme nos boxes
da equipe...), mas acabou perdendo posições para pilotos com carros melhores
que o dele, não havia nada que pudesse fazer para defender a posição. Foi uma
grande apresentação do filho do Jan. Seu companheiro Romain Grosjean (13º)
sofreu mais com o carro, e foi o último a cruzar a linha de chegada, 1 volta
atrás (e numa pista tão longa, 1 volta atrás é um bom tempo...).
Em 8º terminou Carlos Sainz Jr., que após rodar sozinho ao
se assustar vendo o companheiro de equipe voltar para a pista após escapar na
1ª curva colocou a cabeça no lugar, evitou maiores confusões na pista e se
preocupou em trazer o carro inteiro até a bandeirada. Foi mais maduro que um
certo tricampeão que gosta de uma badalação... seu companheiro Daniil Kvyat
(19º) vinha se recuperando do erro da largada quando o carro “apagou” e ele
teve que abandonar a prova.
Em 9º lugar, finalmente marcando pontos esse ano, chegou
Fernando Alonso. Dessa vez o motor da Honda não quebrou, e mesmo com uma nítida
falta de velocidade máxima em relação aos outros carros ele conseguiu fazer uma
bela apresentação. OK, contou com uma série de circunstâncias estranhas na
corrida, mas ainda assim conseguiu levar o carro para a zona de pontuação. Seu
companheiro Stoffel Vandoorne (12º) também terminou a corrida, o que deve ser
um recorde esse ano para o time de Woking. Vamos ver se até o final do ano os 2
carros voltam a terminar a corrida...
Fechando a zona de pontos em 10º lugar chegou Pascal
Wehrlein, que pode ter sido o pivô da saída da chefe da equipe, Monisha
Kaltenborg, haja vista que os novos donos da equipe demonstraram vontade de
favorecer o Ericsson na equipe, enquanto a Monisha preferia manter ambos em
condições de igualdade. Ele mostrou na pista que é melhor que o Ericsson,
chegando à frente do mesmo, agora vamos ver o que será até o final do ano... já
Marcus Ericsson (11º) reclamou de carro danificado por detritos que ele teria
passado por cima, mas também fez uma boa corrida. Talvez pudesse ter terminado
em 9º sem o carro danificado, mas foi o que deu para fazer.
Também tivemos MotoGP, GP da Holanda no tradicional circuito
de Assen, e tenho apenas poucas palavras a dizer a respeito: Valentino Rossi é
um monstro. Sim, MONSTRO, em caixa alta. São 20 anos vencendo corridas no
Mundial de Motovelocidade, desde a sua primeira ainda na categoria 125 cm³ (que
foi substituída pela atual Moto3), um piloto de 38 anos e meio enfrentando
alguns garotos que mal eram nascidos, ou tinha aprendido a andar há pouco
tempo, quando ele venceu pela primeira vez. Creio que em breve teremos nova
versão daquele capacete que ele usou há um tempo atrás com os dizeres “galinha
velha ainda dá um bom caldo”... Rossi aproveitou as condições de tempo
instáveis e usou sua habilidade e experiência para se impor aos outros pilotos.
O acompanharam no pódio Danilo Petrucci em 2º (e que quase ultrapassou Rossi
nas voltas finais, mas ficou no quase) e Marc Márquez, a mais de 5 segundos de
distância.
Na Indy, corrida na belíssima pista de Elkhart Lake, e
vitória impressionante do Scott Dixon, impondo seu carro da Ganassi sobre uma
equipe Penske que dominou o final de semana inteiro (tanto que do 2º ao 5º
lugares só deu carro da Penske, pela ordem: Newgarden, Castroneves, Pagenaud e
Power), mesmo tendo menos potência nas retas que o esquadrão do Tio Roger...
espetacular a pilotagem do Dixon, foi a primeira vitória esse ano e foi uma
vitória maiúscula. Infelizmente Tony Kanaan não terminou a prova, tendo se
tocado com Alexander Rossi e perdido o controle do carro após um pequeno dano
na asa dianteira causado por esse toque. Pelo menos, apesar da força do
acidente, Tony saiu andando do carro.
E tivemos a primeira de 2 corridas em circuito misto da
temporada da NASCAR, prova em Sonoma, na Califórnia, onde tivemos como destaque
positivo a vitória de Kevin Harvick, sua primeira desde que a equipe mudou dos
motores Chevrolet para os Ford, e como destaque negativo a apresentação do Dale
Jr., que recebeu uma festa da torcida por ser a sua última corrida nessa pista
antes de se aposentar no final do ano, e que retribuiu esse carinho recebido
com uma pilotagem abaixo da crítica, se envolvendo em acidentes dignos dos
pilotos estreantes na Truck Series... ele fez alguns torcedores pensarem que ao
invés de se aposentar ao final de 2017 ele já podia ter parado no final de
2016. Aliás, os 3 primeiros colocados foram da Ford: além do vencedor Harvick,
tivemos o 2º colocado Clint Bowyer e o 3º Brad Keselowski, seguidos dos Toyotas
do Denny Hamlin em 4º e do Kyle Busch em 5º. Mesmo tendo causado alguns
acidentes durante a prova, Dale Jr. ainda terminou em 6º lugar.
E tivemos WTCC em Portugal, circuito de rua de Vila Real,
onde nos treinos de sábado tivemos uma cena inusitada: Tom Coronel escapou em
um trecho de pista onde não havia guard rail nem barreira de pneus, e o que “amorteceu”
a batida dele contra a mureta de concreto foi uma ambulância que estava
estacionada atrás de um canteiro. Nada aconteceu nem ao piloto nem ao ocupante
que estava dentro da ambulância, mas o carro sofreu danos suficientes para
impedir a participação do piloto nas corridas do domingo. Por falar nessas
corridas, a primeira prova foi vencida pelo marroquino Bennani, com o herói
local Tiago Monteiro em 2º Thed Björk em 3º. Já a segunda prova foi vencida por
Norbert Michelisz, com Björk em 2º e Tiago Monteiro em 3º. Com esses
resultados, o atual líder do campeonato é o piloto português que já teve
passagem pela F-1.
Até a próxima!
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