Olá leitores!
Um final de semana do qual dificilmente algum apaixonado por
velocidade poderá reclamar. Começando com o GP da Espanha de F-1, onde Hamilton
venceu, Vettel continuou líder do campeonato, mas quem roubou a cena foi um
garotinho francês chamado Thomas, que em sua primeira visita a uma corrida de
F-1 com os pais, torcedores fanáticos da Ferrari, e devidamente trajado com as
roupas da equipe, foi flagrado pelas câmeras que filmavam a arquibancada
chorando copiosamente o abandono do Räikkönen e comemorando efusivamente a
ultrapassagem do Vettel sobre o Bottas. A equipe foi sensível às reações do
garotinho, e providenciou com a organização credenciais VIP para os pais e o
garoto irem ao motorhome da Ferrari, onde ele encontrou o ídolo Kimi, ganhou o
boné que estava na cabeça do piloto (devidamente autografado), tirou foto junto
e ao final da corrida conheceu também o Sebastian Vettel. Graças aos novos
donos da categoria serem norte-americanos, finalmente parece que a Fórmula 1
está começando a ver que o público é parte importante da história e do sucesso dela,
e convenhamos que foi um golpe de mestre de Relações Públicas. É isso que a
categoria precisa, sangue novo e se aproximar do público.
Vitória do Hamilton na base da pilotagem de altíssimo nível
e da escolha correta de estratégia de pneus para a corrida. Lewis soube aproveitar
o momento em que ele estava com pneus mais rápidos que os do Vettel e assumiu a
liderança perdida na largada para colocar fogo no campeonato, reduzindo a diferença
que o separa do alemão. No pódio pudemos perceber que ele está passando muito
tempo com o povo da música que ele tanto gosta, notadamente a Beyoncé, já que
até tingiu o cabelo de uma cor parecida... seu companheiro Bottas (17º) largou
mal, bateu no Kimi fazendo o compatriota se descontrolar e ir para cima do Max
Verstappen, mas continuou na corrida até que na volta 39 seu motor Mercedes fez
um belo espetáculo pirotécnico dando trabalho para os bombeiros que estavam
junto ao ponto de socorro em frente ao qual ele parou.
Em 2º terminou Sebastian Vettel, que andou muito bem com os
pneus macios até a metade da corrida mas recebeu os médios para fazer a segunda
metade inteira... sinceramente, se eu fosse piloto e o engenheiro viesse com
esse papo de usar os pneus mais duros (consequentemente mais lentos) na parte
final da corrida, que é quando o carro está com menos combustível e portanto
mais leve e mais rápido, teríamos uma séria discussão. Até aceito isso quando a
estratégia é de apenas uma parada, mas quando se para 2 ou 3 vezes o lógico é
usar esse pneu no meio da corrida e depois fazer as últimas voltas “voando
baixo”. Pena que o elemento que fica em frente ao computador nos boxes, e que
nunca deve ter colocado seu traseiro em um carro de corrida, fica inventando essas
estratégias perdedoras... enfim, hoje em dia os pilotos parece que tem medinho
de dizer “não” para o engenheiro... queria ver se inventassem uma dessas para
cima do Nelson Piquet (pai), certamente a progenitora do engenheiro seria
muitíssimo bem lembrada... Seu companheiro Kimi Räikkönen (20º) não deve ter
completado 2km na pista, já que a suspensão dianteira esquerda quebrou ao tocar
no carro do Max após ser alvejado pelo Bottas. Mas sua grande função foi
cumprida, propiciou alegria para um jovem fã da Ferrari...
Em 3º chegou Daniel Ricciardo, muito feliz pelo seu primeiro
pódio no ano, mesmo terminando a corrida mais de 1 minuto atrás dos dois
primeiros colocados. O pacote de atualizações que a Red Bull levou tornou o
carro melhor, mas para enfrentar Mercedes e Ferrari ainda falta muita coisa...
se bem que a próxima corrida é em Mônaco, onde a diferença de cavalaria do motor
é muito minimizada e o equilíbrio do chassis é mais importante – e nesse item a
Red Bull historicamente é muito boa. Seu companheiro Max Verstappen (19º) teve
uma corrida muito curta, também vítima do excesso de otimismo do Bottas com a
freada da primeira curva.
Em 4º e 5º chegaram os carros rosa da Force India, em uma
apresentação surpreendente para uma equipe que lida com as limitações
orçamentárias que eles têm e cujo dono está vendo o Sol nascer quadrado por
conta de dívidas... excelente corrida tanto de Sérgio Pérez (4º) quanto de
Esteban Ocon (5º), que nas 5 provas até agora pontuaram nas 5. Única equipe que
conseguiu esse feito até o momento, realmente impressionante. E se levarmos em
conta a temporada passada, o Pérez pontuou nas últimas 15 corridas...
Em 6º terminou Nico Hülkemberg, levando seu Renault à zona
de pontuação já que o outro piloto (Jolyon Palmer, 15º lugar) não tem
capacidade e/ou competência para fazer isso... realmente um grande trabalho do
alemão em levar o carro nas costas, já que muito provavelmente o trabalho de desenvolvimento
deve ser feito sobre o feedback dado por ele, haja vista que não imagino o
pastel de vento que divide a equipe com ele ter condições de informar nada que
não seja capturado pelos sensores existentes.
Em 7º terminou Carlos Sainz Jr., que largando de 12º lugar
fez uma senhora duma corrida, praticamente só precisou se preocupar com os
espelhos retrovisores quando a dupla Hamilton e Vettel chegou para dar uma
volta sobre ele, esteve sempre mais rápido que os outros carros contra quem
disputou. Atuação de gala, verdadeiramente, e a equipe também foi eficiente nos
pit-stops. Seu companheiro Daniil Kvyat (9º) também teve uma bela apresentação,
e terminou a corrida bastante satisfeito após uma classificação cheia de problemas
no sábado. No geral, a Toro Rosso se apresentou muito bem e mostrou consistente
evolução em relação ao começo da temporada.
Em 8º (na cronometragem, já que na pista foi 7º, graças a
uma punição de 5 segundos que os comissários inventaram) chegou Pascal
Wehrlein, dando os primeiros pontos para a Sauber. O garoto realmente é muito
bom, conseguir pontuar com aquela carroça não é coisa para os fracos, e podemos
imaginar o que ele poderia fazer com um carro decente... aliás, ano passado ele
conseguiu pontuar uma vez com a finada Manor, outra carroça. A equipe apostou
em uma arriscada estratégia de apenas uma parada, o tipo de coisa que funciona
se o piloto é bom na arte de conservar os pneus e ser rápido ainda assim, e o
Pascal mostrou que a domina. Muito, muito boa a atuação dele. Seu companheiro
Marcus Ericsson (11º) não conseguiu mostrar nada que merecesse destaque, e
apareceu na transmissão apenas nos momentos em que levava volta dos líderes,
muito apagado.
Fechando a zona de pontuação em 10º lugar terminou Romain
Grosjean, rendendo mais um pontinho para a Haas, que nessa prova não apresentou
problemas de freio – o que definitivamente é um bom sinal. No entanto, ele
declarou ainda não estar feliz com o comportamento do carro com os pneus mais
duros. Seu companheiro Kevin Magnussen (14º) poderia ter chegado em 9º, mas
teve a infelicidade de um pneu furado a poucas voltas do final, sofrendo com
isso um grande prejuízo na posição de pista. Uma grande infelicidade para ele.
Fora da zona de pontuação dois destaques, um positivo e
outro negativo. O positivo foi a atuação de Fernando Alonso em sua última
corrida antes da aventura das 500 Milhas de Indianapolis, que chegou a andar
por algum tempo entre os pilotos que pontuavam mas acabou perdendo rendimento
no final. De qualquer maneira, foi a primeira vez que o ídolo espanhol terminou
a corrida, o que já é um senhor avanço, principalmente levando em conta que no
treino de sexta-feira o motor deu problema menos de 500 metros após entrar na
pista... o destaque negativo foi Felipe Massa. Surpreso? Não, né? Nem eu. Nos
sonhos dele, ele disse que tinha chances de terminar a corrida em quarto
lugar... se você, caro leitor, quiser acreditar, esteja à vontade.
Próxima corrida, dia 28, GP de Mônaco, aquele que o
tricampeão Nelson Piquet já se referiu como “andar de bicicleta dentro da sala
de casa”. Com os carros 20 cm mais largos que ano passado, deve ser isso mesmo.
Mas não é só de Fórmula 1 que vive o apaixonado por
automobilismo. Já no sábado tivemos muita ação, começando com a corrida de
Fórmula E nas ruas de Mônaco, em um traçado mais curto que o usado na F-1 mas
ainda assim bem interessante. Como seria de se esperar em uma pista tão
estreita como a de Mônaco, as ultrapassagens foram bem dificultadas (creio que
a única outra pista tão estreita pela qual a categoria passou foi a de Punta
del Este, maravilhosa mas claustrofóbica, mas ainda acho Mônaco mais estreita),
e os pilotos bons na arte de se defender puderam mostrar serviço. Como Nelsinho
Piquet (4º lugar), que resistiu aos ataques de Vergne até que este tentou
passar por fora no hairpin que levava os carros a contornar a chicane do Porto
usada pela F-1, até contornou a curva por fora, mas foi prensado na barreira de
proteção pelo Nelsinho e teve de abandonar com a suspensão quebrada. A vitória
ficou nas mãos de Sébastien Buemi (Renault), que controlou bem a sua vantagem
para o 2º colocado, o brasileiro Lucas di Grassi (Audi Abt), e aumentou sua
vantagem como líder do campeonato. Justiça seja feita, Buemi perderá 2 provas
da Fórmula E por conta de compromissos assumidos em outra categoria, então ele
precisa “acumular gordura” para não se dar mal no final da temporada. Di
Grassi, talvez por isso mesmo, pressionou o suíço mas não se esforçou muito
para fazer a ultrapassagem, sabedor que tem um bom carro e condições de vencer
essas duas provas na qual ele se ausentará. Esperemos que a estratégia dele
esteja correta... em 3º, fechando o pódio, chegou Nick Heidfeld (Mahindra), a
mais de 10 segundos dos líderes, mas contente com o próprio desempenho com um
carro que não é dos mais rápidos do grid.
Também no sábado tivemos a corrida da Indy no circuito misto
de Indianapolis, com o ótimo Will Power quebrando a corrente de azar e vencendo
pela primeira vez na temporada, fazendo uma grande pilotagem combinada com uma
estratégia correta feita pela equipe e merecendo a posição de honra na
bandeirada final. A corrida em si não foi das mais interessantes, confesso, mas
valeu para ver o desempenho individual de alguns pilotos. Na primeira metade da
prova o destaque foi Spencer Pigot, que com o carro da acanhada equipe de Eddie
Carpenter chegou a andar em 7º, mas depois o carro foi perdendo rendimento e com
muita luta, garra e vontade de acelerar ainda conseguiu no finalzinho um
honroso 9º lugar. Scott Dixon mais uma vez arrancou tudo o que podia do carro e
do motor Honda para terminar em 2º lugar, posição que não reflete o quanto a
equipe Ganassi sofreu com a troca dos motores Chevrolet pelos Honda, tanto que
seu companheiro Chilton chegou apenas em 7º lugar. Em 3º, também apresentando
um ótimo desempenho, chegou Ryan Hunter-Ray, a 7 segundos do Dixon. No tocante
aos brasileiros, Hélio Castroneves chegou a ameaçar a liderança do Power mas
perdeu muito desempenho na parte final da prova com os pneus duros (engraçado,
acho que teve coisa semelhante do outro lado do Atlântico, mais especificamente
nos arredores de Barcelona...) e teve de se contentar com o 5º lugar. Já Tony
Kanaan foi apenas 20º lugar, prejudicado que foi com um toque logo na primeira
volta desferido por Marco Andretti, aquele piloto que corre pois o papai é o
dono da equipe...
Ainda no sábado, corrida da NASCAR no Kansas e vitória
merecida do Martin Truex Jr., pela pequena mas competente equipe Furniture Row.
Pilotou muito, carro na mão a corrida inteira, um desempenho muito bonito por
parte do Truex. A prova foi marcada pelo sério acidente causado (provavelmente)
pela quebra do disco de freio do carro do Joey Logano (Penske), que bateu na
lateral traseira do carro da Danica Patrick (Stewart-Haas), que conforme bateu
no muro entrou em chamas. Enquanto os dois carros se arrastavam pelo muro, Aric
Almirola (Richard Petty) deve ter derrapado nos fluidos derramados por um dos
dois carros e nitidamente sem controle bateu fortemente no carro de Logano,
sofrendo uma fratura por compressão na vértebra T5 e necessitando da ajuda da
equipe de resgate para sair do carro, sendo retirado com uma prancha para
evitar maiores traumas. O acidente fez com que a prova fosse paralisada com a
bandeira vermelha por quase meia hora, entre retirada do piloto do carro e
limpeza dos detritos na pista. Antes disso, o primeiro segmento teve a vitória
do Kyle Busch, que estava muito rápido no começo da corrida, e o segundo ficou
nas mãos de Ryan Blaney. Na parte final, contudo, a estrela que brilhou foi a
do Truex Jr, que foi perfeito na última relargada a 2 voltas do final, deixando
para trás o então líder Blaney (que relargou mal) e conseguiu sua primeira
vitória no ano. Em 2º chegou Keselowski, em mais um bom resultado para a
Penske, em 3º o Kevin Harvick (Stewart-Haas), em 4º Ryan Blaney (Wood Brothers)
e fechando o Top-5 Kyle Busch (Joe Gibbs).
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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