segunda-feira, 15 de maio de 2017

Pé no Fundo na Espanha e outros lugares também...

Olá leitores!


Um final de semana do qual dificilmente algum apaixonado por velocidade poderá reclamar. Começando com o GP da Espanha de F-1, onde Hamilton venceu, Vettel continuou líder do campeonato, mas quem roubou a cena foi um garotinho francês chamado Thomas, que em sua primeira visita a uma corrida de F-1 com os pais, torcedores fanáticos da Ferrari, e devidamente trajado com as roupas da equipe, foi flagrado pelas câmeras que filmavam a arquibancada chorando copiosamente o abandono do Räikkönen e comemorando efusivamente a ultrapassagem do Vettel sobre o Bottas. A equipe foi sensível às reações do garotinho, e providenciou com a organização credenciais VIP para os pais e o garoto irem ao motorhome da Ferrari, onde ele encontrou o ídolo Kimi, ganhou o boné que estava na cabeça do piloto (devidamente autografado), tirou foto junto e ao final da corrida conheceu também o Sebastian Vettel. Graças aos novos donos da categoria serem norte-americanos, finalmente parece que a Fórmula 1 está começando a ver que o público é parte importante da história e do sucesso dela, e convenhamos que foi um golpe de mestre de Relações Públicas. É isso que a categoria precisa, sangue novo e se aproximar do público.

Vitória do Hamilton na base da pilotagem de altíssimo nível e da escolha correta de estratégia de pneus para a corrida. Lewis soube aproveitar o momento em que ele estava com pneus mais rápidos que os do Vettel e assumiu a liderança perdida na largada para colocar fogo no campeonato, reduzindo a diferença que o separa do alemão. No pódio pudemos perceber que ele está passando muito tempo com o povo da música que ele tanto gosta, notadamente a Beyoncé, já que até tingiu o cabelo de uma cor parecida... seu companheiro Bottas (17º) largou mal, bateu no Kimi fazendo o compatriota se descontrolar e ir para cima do Max Verstappen, mas continuou na corrida até que na volta 39 seu motor Mercedes fez um belo espetáculo pirotécnico dando trabalho para os bombeiros que estavam junto ao ponto de socorro em frente ao qual ele parou.

Em 2º terminou Sebastian Vettel, que andou muito bem com os pneus macios até a metade da corrida mas recebeu os médios para fazer a segunda metade inteira... sinceramente, se eu fosse piloto e o engenheiro viesse com esse papo de usar os pneus mais duros (consequentemente mais lentos) na parte final da corrida, que é quando o carro está com menos combustível e portanto mais leve e mais rápido, teríamos uma séria discussão. Até aceito isso quando a estratégia é de apenas uma parada, mas quando se para 2 ou 3 vezes o lógico é usar esse pneu no meio da corrida e depois fazer as últimas voltas “voando baixo”. Pena que o elemento que fica em frente ao computador nos boxes, e que nunca deve ter colocado seu traseiro em um carro de corrida, fica inventando essas estratégias perdedoras... enfim, hoje em dia os pilotos parece que tem medinho de dizer “não” para o engenheiro... queria ver se inventassem uma dessas para cima do Nelson Piquet (pai), certamente a progenitora do engenheiro seria muitíssimo bem lembrada... Seu companheiro Kimi Räikkönen (20º) não deve ter completado 2km na pista, já que a suspensão dianteira esquerda quebrou ao tocar no carro do Max após ser alvejado pelo Bottas. Mas sua grande função foi cumprida, propiciou alegria para um jovem fã da Ferrari...

Em 3º chegou Daniel Ricciardo, muito feliz pelo seu primeiro pódio no ano, mesmo terminando a corrida mais de 1 minuto atrás dos dois primeiros colocados. O pacote de atualizações que a Red Bull levou tornou o carro melhor, mas para enfrentar Mercedes e Ferrari ainda falta muita coisa... se bem que a próxima corrida é em Mônaco, onde a diferença de cavalaria do motor é muito minimizada e o equilíbrio do chassis é mais importante – e nesse item a Red Bull historicamente é muito boa. Seu companheiro Max Verstappen (19º) teve uma corrida muito curta, também vítima do excesso de otimismo do Bottas com a freada da primeira curva.

Em 4º e 5º chegaram os carros rosa da Force India, em uma apresentação surpreendente para uma equipe que lida com as limitações orçamentárias que eles têm e cujo dono está vendo o Sol nascer quadrado por conta de dívidas... excelente corrida tanto de Sérgio Pérez (4º) quanto de Esteban Ocon (5º), que nas 5 provas até agora pontuaram nas 5. Única equipe que conseguiu esse feito até o momento, realmente impressionante. E se levarmos em conta a temporada passada, o Pérez pontuou nas últimas 15 corridas...

Em 6º terminou Nico Hülkemberg, levando seu Renault à zona de pontuação já que o outro piloto (Jolyon Palmer, 15º lugar) não tem capacidade e/ou competência para fazer isso... realmente um grande trabalho do alemão em levar o carro nas costas, já que muito provavelmente o trabalho de desenvolvimento deve ser feito sobre o feedback dado por ele, haja vista que não imagino o pastel de vento que divide a equipe com ele ter condições de informar nada que não seja capturado pelos sensores existentes.

Em 7º terminou Carlos Sainz Jr., que largando de 12º lugar fez uma senhora duma corrida, praticamente só precisou se preocupar com os espelhos retrovisores quando a dupla Hamilton e Vettel chegou para dar uma volta sobre ele, esteve sempre mais rápido que os outros carros contra quem disputou. Atuação de gala, verdadeiramente, e a equipe também foi eficiente nos pit-stops. Seu companheiro Daniil Kvyat (9º) também teve uma bela apresentação, e terminou a corrida bastante satisfeito após uma classificação cheia de problemas no sábado. No geral, a Toro Rosso se apresentou muito bem e mostrou consistente evolução em relação ao começo da temporada.

Em 8º (na cronometragem, já que na pista foi 7º, graças a uma punição de 5 segundos que os comissários inventaram) chegou Pascal Wehrlein, dando os primeiros pontos para a Sauber. O garoto realmente é muito bom, conseguir pontuar com aquela carroça não é coisa para os fracos, e podemos imaginar o que ele poderia fazer com um carro decente... aliás, ano passado ele conseguiu pontuar uma vez com a finada Manor, outra carroça. A equipe apostou em uma arriscada estratégia de apenas uma parada, o tipo de coisa que funciona se o piloto é bom na arte de conservar os pneus e ser rápido ainda assim, e o Pascal mostrou que a domina. Muito, muito boa a atuação dele. Seu companheiro Marcus Ericsson (11º) não conseguiu mostrar nada que merecesse destaque, e apareceu na transmissão apenas nos momentos em que levava volta dos líderes, muito apagado.

Fechando a zona de pontuação em 10º lugar terminou Romain Grosjean, rendendo mais um pontinho para a Haas, que nessa prova não apresentou problemas de freio – o que definitivamente é um bom sinal. No entanto, ele declarou ainda não estar feliz com o comportamento do carro com os pneus mais duros. Seu companheiro Kevin Magnussen (14º) poderia ter chegado em 9º, mas teve a infelicidade de um pneu furado a poucas voltas do final, sofrendo com isso um grande prejuízo na posição de pista. Uma grande infelicidade para ele.

Fora da zona de pontuação dois destaques, um positivo e outro negativo. O positivo foi a atuação de Fernando Alonso em sua última corrida antes da aventura das 500 Milhas de Indianapolis, que chegou a andar por algum tempo entre os pilotos que pontuavam mas acabou perdendo rendimento no final. De qualquer maneira, foi a primeira vez que o ídolo espanhol terminou a corrida, o que já é um senhor avanço, principalmente levando em conta que no treino de sexta-feira o motor deu problema menos de 500 metros após entrar na pista... o destaque negativo foi Felipe Massa. Surpreso? Não, né? Nem eu. Nos sonhos dele, ele disse que tinha chances de terminar a corrida em quarto lugar... se você, caro leitor, quiser acreditar, esteja à vontade.

Próxima corrida, dia 28, GP de Mônaco, aquele que o tricampeão Nelson Piquet já se referiu como “andar de bicicleta dentro da sala de casa”. Com os carros 20 cm mais largos que ano passado, deve ser isso mesmo.

Mas não é só de Fórmula 1 que vive o apaixonado por automobilismo. Já no sábado tivemos muita ação, começando com a corrida de Fórmula E nas ruas de Mônaco, em um traçado mais curto que o usado na F-1 mas ainda assim bem interessante. Como seria de se esperar em uma pista tão estreita como a de Mônaco, as ultrapassagens foram bem dificultadas (creio que a única outra pista tão estreita pela qual a categoria passou foi a de Punta del Este, maravilhosa mas claustrofóbica, mas ainda acho Mônaco mais estreita), e os pilotos bons na arte de se defender puderam mostrar serviço. Como Nelsinho Piquet (4º lugar), que resistiu aos ataques de Vergne até que este tentou passar por fora no hairpin que levava os carros a contornar a chicane do Porto usada pela F-1, até contornou a curva por fora, mas foi prensado na barreira de proteção pelo Nelsinho e teve de abandonar com a suspensão quebrada. A vitória ficou nas mãos de Sébastien Buemi (Renault), que controlou bem a sua vantagem para o 2º colocado, o brasileiro Lucas di Grassi (Audi Abt), e aumentou sua vantagem como líder do campeonato. Justiça seja feita, Buemi perderá 2 provas da Fórmula E por conta de compromissos assumidos em outra categoria, então ele precisa “acumular gordura” para não se dar mal no final da temporada. Di Grassi, talvez por isso mesmo, pressionou o suíço mas não se esforçou muito para fazer a ultrapassagem, sabedor que tem um bom carro e condições de vencer essas duas provas na qual ele se ausentará. Esperemos que a estratégia dele esteja correta... em 3º, fechando o pódio, chegou Nick Heidfeld (Mahindra), a mais de 10 segundos dos líderes, mas contente com o próprio desempenho com um carro que não é dos mais rápidos do grid.

Também no sábado tivemos a corrida da Indy no circuito misto de Indianapolis, com o ótimo Will Power quebrando a corrente de azar e vencendo pela primeira vez na temporada, fazendo uma grande pilotagem combinada com uma estratégia correta feita pela equipe e merecendo a posição de honra na bandeirada final. A corrida em si não foi das mais interessantes, confesso, mas valeu para ver o desempenho individual de alguns pilotos. Na primeira metade da prova o destaque foi Spencer Pigot, que com o carro da acanhada equipe de Eddie Carpenter chegou a andar em 7º, mas depois o carro foi perdendo rendimento e com muita luta, garra e vontade de acelerar ainda conseguiu no finalzinho um honroso 9º lugar. Scott Dixon mais uma vez arrancou tudo o que podia do carro e do motor Honda para terminar em 2º lugar, posição que não reflete o quanto a equipe Ganassi sofreu com a troca dos motores Chevrolet pelos Honda, tanto que seu companheiro Chilton chegou apenas em 7º lugar. Em 3º, também apresentando um ótimo desempenho, chegou Ryan Hunter-Ray, a 7 segundos do Dixon. No tocante aos brasileiros, Hélio Castroneves chegou a ameaçar a liderança do Power mas perdeu muito desempenho na parte final da prova com os pneus duros (engraçado, acho que teve coisa semelhante do outro lado do Atlântico, mais especificamente nos arredores de Barcelona...) e teve de se contentar com o 5º lugar. Já Tony Kanaan foi apenas 20º lugar, prejudicado que foi com um toque logo na primeira volta desferido por Marco Andretti, aquele piloto que corre pois o papai é o dono da equipe...

Ainda no sábado, corrida da NASCAR no Kansas e vitória merecida do Martin Truex Jr., pela pequena mas competente equipe Furniture Row. Pilotou muito, carro na mão a corrida inteira, um desempenho muito bonito por parte do Truex. A prova foi marcada pelo sério acidente causado (provavelmente) pela quebra do disco de freio do carro do Joey Logano (Penske), que bateu na lateral traseira do carro da Danica Patrick (Stewart-Haas), que conforme bateu no muro entrou em chamas. Enquanto os dois carros se arrastavam pelo muro, Aric Almirola (Richard Petty) deve ter derrapado nos fluidos derramados por um dos dois carros e nitidamente sem controle bateu fortemente no carro de Logano, sofrendo uma fratura por compressão na vértebra T5 e necessitando da ajuda da equipe de resgate para sair do carro, sendo retirado com uma prancha para evitar maiores traumas. O acidente fez com que a prova fosse paralisada com a bandeira vermelha por quase meia hora, entre retirada do piloto do carro e limpeza dos detritos na pista. Antes disso, o primeiro segmento teve a vitória do Kyle Busch, que estava muito rápido no começo da corrida, e o segundo ficou nas mãos de Ryan Blaney. Na parte final, contudo, a estrela que brilhou foi a do Truex Jr, que foi perfeito na última relargada a 2 voltas do final, deixando para trás o então líder Blaney (que relargou mal) e conseguiu sua primeira vitória no ano. Em 2º chegou Keselowski, em mais um bom resultado para a Penske, em 3º o Kevin Harvick (Stewart-Haas), em 4º Ryan Blaney (Wood Brothers) e fechando o Top-5 Kyle Busch (Joe Gibbs).

Até a próxima!



Alexandre Bianchini

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