segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Pé no Fundo nos EUA

Olá leitores!


Infelizmente, norte americano não tem muita sorte com F-1. Na época de Watkins Glen, algumas das mortes mais cabeludas da F-1 aconteceram em território norte-americano. Em 2005, justamente quando o público norte-americano estava se acostumando com aquele (para eles) exótico mundo da F-1, aconteceu aquele problema com os pneus levados pela Michelin para a corrida no circuito misto criado dentro do lendário oval de Indianapolis, que não suportavam por mais de 10 voltas as forças laterais produzidas na velocíssima curva antes da reta principal, a última do misto mas a primeira do oval, usada em sentido contrário, quando todos os carros com pneus Michelin abandonaram a prova e apenas 6 carros disputaram a corrida. Isso matou o interesse dos ianques pela categoria. OK, Titio Bernie é insistente, e convenceu a criarem no Texas um circuito maravilhoso, talvez a melhor obra de Tilke, o Maldito, esse ano não choveu (ano passado passou um furacão perto e a água que caiu não foi pouca), mas a corrida não pôde exatamente ser chamada de “empolgante”. Não foi chata, em absoluto, mas... podia ter sido melhor. Numa pista daquelas, se espera uma partida de truco, não de xadrez. Enfim...

Vitória de Lewis Hamilton, 50ª de sua carreira, auxiliado nas estatísticas certamente pelo grande número de corridas disputadas na atualidade. Fez uma volta maravilhosa na classificação, largou na frente e lá permaneceu sem ser ameaçado. Simples. Seu companheiro Nico Rosberg (2º) fez o necessário para se manter com a mão na taça, auxiliado pelo safety-car virtual (invençãozinha do inferno, diga-se de passagem...) que facilitou seu trabalho de passar o Ricciardo, que fez uma grande largada com seu Red Bull. Enfim, a princípio não devemos ter decisão antecipada do título, mas não tivemos emoção também...

Em 3º chegou Daniel Ricciardo, que fez mais uma apresentação de alto nível nesse domingo. Se não fosse o maledetto do safety-car virtual provocado pelo seu companheiro de equipe, que parou o carro em um lugar que requereu a intervenção de um guindaste para o tirar do caminho, e muito provavelmente ele teria chegado em segundo, pois o Rosberg estava tentando se aproximar e não conseguia. Uma pena. Seu companheiro Max Verstappen vinha em 6º lugar, após uma desastrada troca de pneus em que ele entrou nos boxes sem avisar a equipe e sem ter sido chamado (ele disse que achou que eles tinham pedido para ele entrar, coitado, tão novo e já ouvindo vozes na cabeça...), quando ocorreu uma quebra, pelo barulho provavelmente de câmbio.

Em 4º chegou Sebastian Vettel, mesmo em um dia tecnicamente desastroso para a Ferrari. Ele mesmo teve um pouco de sorte, pois dois carros que normalmente estariam à frente dele (Max e Kimi) abandonaram, então a posição está de bom tamanho. O difícil é o repórter que está cobrindo a corrida ter que fazer cara de paisagem quando ele disse que “o safety-car atrapalhou a tentativa dele chegar ao pódio”... como, se ele no máximo acompanhava o ritmo das Red Bull, sem conseguir se aproximar?? Difícil... Seu companheiro Kimi Räikkönen teve de abandonar depois do elemento pernicioso que opera aquela porcaria de “semáforo de partida” da Ferrari soltar o piloto enquanto o mecânico ainda prendia a porca da roda traseira direita. Eu acho o famoso “pirulito” mais eficiente e mais barato, mas o pessoal tem que inventar... a Ferrari está próxima de voltar àquela fase tenebrosa de 1992, só falta fazer um chassi que na teoria é maravilhoso e na prática é um dos mais lentos do grid.

Em 5º chegou Fernando Alonso, em um grande resultado para a McLaren, e conquistada com uma pilotagem estilo NASCAR, bastante agressiva. Ele sabe que pode fazer esse tipo de coisa à vontade, pois quando os comissários vão distribuir punições dificilmente o fazem sobre o Alonso... medo de ouvir as reclamações do espanhol, talvez. De qualquer maneira, fez por merecer a posição. Seu companheiro Button terminou em 9º, um bom resultado para quem foi péssimo na classificação e largou em 19º. Não empolgou, mas convenhamos que pouquíssimas vezes na carreira ele empolgou, e não seria agora nos estertores que ele conseguiria fazer algo diferente...

Em 6º chegou um feliz Carlos Sainz Jr., feliz com a confirmação que estará na equipe ano que vem e com a bela apresentação feita na pista. Talvez uma das melhores apresentações do jovem espanhol, em minha opinião poderia talvez apenas ter oferecido um pouco mais de resistência ao Alonso quando ocupava a 5ª posição, um lugar pouco comum de estar com uma Toro Rosso com o motor Ferrari do ano passado. Seu companheiro Daniil Kvyat (11º) estava com uma estratégia boa para quem iria largar mais lá atrás, que foi jogada fora quando ele recebeu a (justa) punição por empurrar o Pérez para fora da pista na atribulada primeira volta. Depois disso, levou o carro ao final.

Em 7º chegou Felipe Massa, que sofreu uma passada “de força” do Alonso e depois ficou reclamando. O problema é o seguinte, futuro aposentado da F-1: você estava cozinhando o galo, meditando se iria para cima do Sainz Jr. ou não, e o Alonso foi mais decidido que você. Se você ao invés de ficar estudando o adversário fosse logo pra cima, ele não teria chegado e passado você. Essa mania do Massa ficar enrolando na pista me irrita, profundamente. Mesmo. Menos mal que resolveu sair de fato da pista, afinal eu o considero um ex piloto em atividade desde aquele acidente com a mola na cabeça, que acabou com o pouco de arrojo e decisão que ele tinha. Seu companheiro Valtteri Bottas (16º) se enroscou com Hülkemberg na primeira volta, danificou o assoalho do carro e depois apenas levou o carro até o final, já que o dano no assoalho diminuiu o downforce do carro, que já não é dos maiores.

Em 8º chegou Sérgio Pérez, que conseguiu superar o prejuízo causado pela direção estabanada do Kvyat com uma boa pilotagem, uma bela apresentação na verdade. Seu companheiro Nico Hülkemberg (de mudança para a Renault ano que vem) não teve chance de fazer nada, tendo o carro danificado logo na primeira curva. Frustrante, convenhamos.

Finalizando a zona de pontuação chegou Romain Grosjean, para felicidade da equipe Haas, pontuando na sua corrida “de casa” após uma série de provas fora da zona de pontos e com problemas mecânicos (principalmente freios). Problema esse que apareceu para o companheiro Gutiérrez, que abandonou por conta disso.

Menção honrosa para a prova do Felipe Nasr, que mesmo com o pior carro do grid conseguiu se envolver em algumas disputas de posição no meio da corrida, algo impressionante levando em conta o carro de boi que ele conduz. Para quem largou em 21º com um carro tão ruim, o 15º lugar não é definitivamente uma posição a ser desprezada.

Agora é torcer para a próxima corrida, no México, ser mais animada... em tese, a pista ajuda, mas infelizmente isso não tem sido o suficiente.

Até a próxima!



Alexandre Bianchini

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