Olá leitores!
O Nico Rosberg é um piloto difícil de, por assim dizer,
decifrar. Acontecesse com o Vettel, com o Alonso, com o Hamilton, com um Lauda,
com um Prost, com um Scheckter, o que aconteceu com ele nesse GP da Malásia, e
poderíamos dizer que ele está com “sorte de campeão”. Dentro do cenário que se
apresentava ao final da primeira volta, o que aconteceu com ele deu tão certo
ao cruzar a bandeirada que – com esses pilotos citados – poderíamos cravar que
o moral estaria em uma curva ascendente, que ele conseguiria se impor sobre o
companheiro de equipe, e que já estava com uma mão e dois dedos na taça. No
entanto, é o Nico Rosberg... e simplesmente não consigo imaginar ele
aproveitando essa fase em que o companheiro de equipe está abalado
(principalmente por ser o companheiro de equipe dele quem é) para abrir
vantagem até o final do ano. Não consigo cravar o “pintou o campeão” que eu
cravaria com os pilotos supracitados. Ele é um piloto rápido, mostrou isso nas
categorias de acesso e na própria F-1, mas não consigo perceber nele aquele “sangue
nos olhos” de aproveitar um momento desses e se superar até o final do ano. Ele
me passa a impressão de ser alguém como o Gerhard Berger, como o David
Coulthard, um bom piloto, um piloto vencedor, mas sem aquele “algo a mais”...
eu espero, sinceramente, que eu esteja redondamente errado, e que eu queime a
língua até o final do campeonato, que ele se consagre o campeão de 2016, mas
não apostaria dinheiro nisso.
Após essas divagações sobre um dos dois postulantes ao
título, devo ressaltar a excelente atuação da Red Bull no calorão malaio. Fariam
dobradinha 1-2 caso Rosberg não tivesse sido atingido pelo Vettel na primeira volta
e se o Hamilton não tivesse o motor quebrado? Claro que não, mas foram de longe
os melhores da F-1 (não estou considerando a dupla da F-Mercedes), e foi um
resultado que deve ser comemorado como o fruto de uma estratégia bem traçada,
que passa pela grande eficiência que os pilotos da Red Bull demonstram nas
largadas, em contraste com a irregularidade da dupla que disputa o título.
Vitória de Daniel Ricciardo, quebrando um jejum de 2 anos e
dedicando a vitória ao Jules Bianchi, já que desde a morte da promessa francesa
ele não subia ao degrau mais alto do pódio. Não conseguiu ameaçar diretamente o
Hamilton em nenhum momento que não fosse uma saída de safety car virtual para a
bandeira verde, mas conseguiu ficar próximo o suficiente para o inglês não se
sentir confortável a corrida toda, e isso certamente foi importante para o
resultado final. Teve uma estratégia mais acertada que o companheiro, ficando
com os pneus mais macios no final e usando os duros no trecho intermediário. Seu
companheiro Max Verstappen (2º) bem que tentou pressionar no final, mas com
pneus duros não conseguiu alcançar o australiano. Também fez uma grande
corrida, mostrando que a decisão da Red Bull de o trocar de lugar com o Kvyat
foi extremamente acertada.
Em 3º chegou o grande sortudo do dia, Nico Rosberg, que após
ser atingido por um Vettel que escolheu uma trajetória heterodoxa para entrar
na complicada primeira curva do circuito de Sepang e rodar, saiu do incidente
sem nenhum prejuízo na suspensão. Conseguiu (ajudado pelo abismo que existe
entre o carro da Mercedes e os outros) galgar novamente as posições perdidas
até chegar atrás das Red Bull. Não sem antes tentar uma “vingança” com a
Ferrari do Kimi, fazendo uma ultrapassagem “NASCAR style”, dando um toquinho na
roda traseira do finlandês no momento da ultrapassagem – manobra que rendeu uma
inócua punição de 10 segundos no tempo total da prova. Resultado, como podemos
ver, vantajoso para o alemão. Já seu companheiro Lewis Hamilton (19º) abandonou
após um belo espetáculo pirotécnico propiciado pelo motor. O inglês – como
seria de se esperar – deu um chilique ao chegar de volta aos boxes, dizendo que
haveria um complô na equipe para que ele não fosse campeão, e outras bobagens.
Depois que os diretores responderam à altura da bobagem ele esfriou a cabeça e
se desculpou, mas é chato ter que trabalhar com piloto mimado e chiliquento
assim. Tinha que passar umas 5 corridas na Manor para aprender o que é uma vida
dura...
Em 4º chegou Kimi Räikkönen, reclamando (justificadamente,
diga-se de passagem) da falta de velocidade do carro. Simplesmente por mais que
ele tentasse baixar os tempos de volta, o tempo não vinha. Ele deve estar
torcendo para esse ano acabar o mais rápido possível para ver se com o novo
regulamento do ano que vem ele pode voltar a almejar lugares no pódio, pois o
carro do ano passado já não foi maravilhoso, mas o desse ano realmente deixa a
desejar para uma equipe com os recursos da Ferrari. Seu companheiro Vettel teve
uma largada atribulada, tentou encontrar um espaço e se deu mal, fazendo o
Rosberg rodar, quebrando sua suspensão dianteira esquerda, não chegou a
completar nem uma única volta e, para completar a obra, ainda foi punido pelos
comissários com a perda de 3 posições no grid de largada da corrida do Japão,
na próxima semana.
Em 5º chegou Valtteri Bottas, que fez uma ótima corrida
arrancando tudo que foi possível do apenas regular carro da Williams. Uma das
melhores atuações do ano por parte do jovem finlandês. Seu companheiro Massa
(13º) por outro lado teve um dia terrível, com problemas elétricos na largada,
depois sofreu um furo no pneu 3 voltas após efetuar a troca... mais um dia para
esquecer.
Em 6º chegou Sérgio Pérez, salvando alguns pontos após o
safety car virtual prejudicar sobremaneira a estratégia de pneus escolhida para
a prova. Seu companheiro Nico Hülkemberg (8º) também não tem muito o que
agradecer, tendo perdido posições desviando do incidente Rosberg/Vettel, depois
perdeu mais um bocado de tempo atrás do Button, enfim, não foi um dia dos mais
bem sucedidos para ele. Também deve agradecer por chegar nos pontos.
Em 7º, demonstrando mais uma vez o tamanho do seu talento,
chegou Fernando Alonso, após largar em último por conta das punições recebidas
por causa das mexidas da McLaren no motor do carro. A McLaren nitidamente
conseguiu evoluir o carro, e a Honda avançou bastante no motor, pena para eles
que ano que vem muda o regulamento... e aí é o recomeço de novo. Comprovando o
bom dia que a equipe teve, Button também pontuou, chegando em 9º lugar. Chegou
em nono mas reclamou de monte de ter tido a estratégia prejudicada pelo safety
car virtual... é, o ano sabático virá em ótimo e apropriado momento...
E para espanto desse vosso escriba, em 10º chegou Jolyon
Palmer, da Renault. Sim, até o Palmerzinho pontuou. Deve ter sido aquele dia em
que o alinhamento planetário estava completamente favorável ao garoto, pois a
habilidade dele ao volante não é para isso tudo não. Seu companheiro Kevin
Magnussen foi tocado no incidente da largada, trocou a asa, e posteriormente
foi chamado de volta aos boxes para abandonar antes que os problemas nos freios
causassem um acidente.
E o calvário de Felipe Nasr com a Sauber continua, tendo
abandonado por problemas no freio eletrônico (aquele que aciona as rodas
traseiras). Que consiga um lugar um pouco melhor ano que vem...
Próxima corrida já é final de semana que vem, para desagrado
do Hamilton, que está com saudades de pegar seu avião e ir visitar os amigos do
meio musical em New York...
Antes de encerrar, vamos comemorar o vice campeonato do
Christian Fittipaldi no IMSA SportsCar Championship e a vitória dele no
Campeonato Norte Americano de Endurance, que compreende as provas de duração
mais longa do IMSA. Esse descobriu que existia uma vida, e uma vida feliz, fora
da F-1 e está lá fazendo seu trabalho de maneira competente. E antes que algum
brasileiro que segue a lógica do finado de que “o segundo colocado é o primeiro
dos perdedores”, cumpre ressaltar que ele foi vice esse ano depois de ser
campeão em 2014 e 2015...
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
Um comentário:
Por conta dessa "lógica do finado" Rubens Barrichello é caçoado até hoje...
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