Olá leitores!
Felizmente a corrida da Alemanha teve mais atrativos que a
da semana passada em Hungaroring, embora não tenha sido exatamente
imprevisível. Rosberg fazer a pole? Previsível. Hamilton ganhar? Previsível.
Rosberg mostrar que hoje em dia é o entregador de paçoca oficial da categoria?
Previsível. Rosberg mostrar que não sabe “espalhar” para cima de outro piloto?
Também previsível. Red Bull dar banho na Ferrari depois do começo da temporada europeia?
Mais do que previsível. Pilotos brasileiros se dando mal na Alemanha (principalmente
após o 7X1)? Previsível. No entanto, foi uma previsibilidade que rendeu uma boa
corrida, e isso é o que importa.
Essa deve ter sido uma das vitórias mais fáceis da vida do
Hamilton, que após a 3ª curva apenas teve o trabalho de ficar mais distante possível
dos outros pilotos . Fácil, muito fácil. Continuo com minha opinião: está com
uma mão e quatro dedos na taça. Seu companheiro Rosberg (4º) deveria aproveitar
o intervalo de férias na categoria e ver o tamanho da bobagem que ele fez na
largada, e estudaria mais as funções do controle de largada... Sofrível. E a espalhada
pra cima do Verstappinho? Tão ruim quanto... o cidadão esquece que hoje em dia,
ao contrário da época em que o pai dele corria, você tem câmeras on board em
todo carro, e sim, os comissários vão olhar o VT do que ele fez com o volante
naquele momento da espalhada. Se ele tivesse tentado esterçar para a direita e
o carro saísse de frente, OK, foi um incidente de corrida... mas não, o volante
fica reto até ele esterçar tudo de uma vez já próximo à zebra externa da curva.
Assim não dá, né? Vamos ver se nas férias da categoria ele coloca a cabeça no
lugar.
Em 2º e 3º chegou a ótima dupla da Red Bull, respectivamente
Daniel Ricciardo e Max Verstappen. Ricciardo voltou a ser o homem sorriso da
categoria após dois pódios seguidos, e teve motivos para isso: corrida
estratégica, superando o colega de equipe na estratégia de pneus mais acertada
e com uma bela atuação ao volante. Comemorou com motivos. Já Max largou muito
bem, e teve uma atuação boa o suficiente para irritar o Rosberg e o forçar a
fazer aquele papelão no hairpin. Não tenho medo de afirmar que apenas muito
azar evitará esse garoto de entrar na galeria dos maiores pilotos da categoria.
Se mesmo com a falta de experiência dele ele faz grandes corridas como
normalmente faz, quando estiver um pouco mais maduro e com um carro capaz de
disputar vitórias (vamos esperar o que virá com o novo regulamento ano que
vem...) ele deve entrar com certa facilidade na galeria dos pilotos com mais de
um título na categoria.
Em 5º lugar a cara da decepção: definitivamente esse não foi
o GP da Alemanha dos sonhos de Sebastian Vettel, mas foi o que deu fazer com
sua Ferrari em nítida decadência técnica. O projeto desse ano nitidamente é
inferior ao do ano passado, o carro é muito mais difícil de acertar, e acredito
que o objetivo até o final do ano seja não passar muita vergonha. Provavelmente
as forças principais da equipe estão dedicadas ao carro do ano que vem, o desse
aqui – como diria mestre Carsughi – é um clamoroso fracasso. Vettel está
exercitando sua capacidade de dar desculpas nas entrevistas mais do que ele
gostaria, e a insatisfação me parece nítida por conta do maior número de
reclamações pelo rádio do que o padrão dele. E não, não dá para acreditar na
esperança dele de uma segunda parte do campeonato melhor. Não vão alcançar a
Red Bull e os italianos têm de ficar felizes em não serem alcançados pelas
outras equipes, que estão ainda piores do que eles. Kimi Räikkönen (6º) também
estava muito decepcionado com um carro que simplesmente não reage na pista de
maneira minimamente convincente para uma equipe com os recursos da Ferrari. A
sorte é que Kimi normalmente é mais taciturno, pois as entrelinhas do discurso
pós corrida dele são mais incisivas que as do Vettel.
Em 7º um feliz Nico Hülkemberg, atingindo o melhor resultado
que a equipe pode almejar quando as Mercedes, Red Bull e Ferrari não quebram ou
batem. Um grande trabalho para o vencedor das 24 Horas de Le Mans de 2015,
contando com a ajuda da equipe que soube mudar de estratégia no meio da disputa
(seria muita maldade dizer que a Force India está melhor de estrategista que a
Ferrari? Acho que não...).Mais uma prova que ele é o piloto certo na equipe
errada. Seu companheiro Sérgio Pérez (10º) fez uma bela corrida de recuperação após
uma largada que conseguiu ser ainda pior que a do Rosberg – e isso não é
exatamente algo fácil. Nas voltas finais protagonizou com Alonso a “briga dos
sem pneus”, já que as borrachas de ambos estavam em estado terminal, mas
conseguiu se manter na zona de pontuação graças à sua habilidade em poupar
pneus.
Em 8º chegou Jenson Button, para alegria do pessoal da
McLaren, que ainda sofre muito com a falta de potência dos motores Honda. Esses
são outros que estão torcendo para 2017 e o novo regulamento chegarem o mais
rápido possível... aliás, do oitavo lugar para trás todos os pilotos estavam
brigando com carros instáveis por conta das estratégias de tentar fazer o maior
número possível de voltas com o mesmo jogo de pneus. Eu vejo isso como algo tão
pouco compreensível quanto aquelas estratégias de economia de combustível em
algumas provas da NASCAR, mas tudo bem... seu companheiro Alonso (que fez 35
anos na sexta-feira) estava na zona de pontuação, mas não lidou tão bem com os
pneus e acabou em 12º lugar.
Em 9º chegou Valtteri Bottas, reclamando muito da estratégia
da equipe em fazer apenas 2 paradas para troca de pneus. Poderia ter beliscado
um 7º lugar, mas a degradação dos pneus não permitiu, fazendo com que perdesse
muito desempenho. Seu companheiro Massa teve outro final de semana muito
difícil. Se ele for esquecer todos os finais de semana ruins que vem tendo, vai
ficar com mais falhas na memória que o Ozzy Osbourne... ele já não estava com
um carro bom nos treinos, aí foi tocado por trás na largada, e o toque afetou a
suspensão traseira, fazendo com que a já não perfeita estabilidade do carro
ficasse pior ainda. Seria o único piloto a abandonar, se Nasr não fosse
solidário com seu compatriota e abandonasse a seis voltas do final com
problemas de falta de potência no motor. Não que o Nasr estivesse em uma boa
posição, mas vinha fazendo uma prova decente dentro da penúria técnica do
equipamento dele, hoje em dia talvez o pior do grid.
Agora a F-1 entra nas férias de verão no hemisfério norte e
volta apenas dia 28/08, no maravilhoso Spa-Francorchamps, uma pista que nem as
draconianas regras de segurança atuais conseguiu estragar.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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