quinta-feira, 4 de agosto de 2016

Ídolo de papel (moeda)

 

Hoje começa a saga do futebol brasileiro em busca do título inédito. É bem verdade que poucos andam interessados pelo futebol do Brasil. Depois de muitos desmandos (dos dirigentes e dos jogadores), a paixão do brasileiro pelo futebol foi minguando, enfraquecendo-se ao ponto de se tornar indiferente. Temos poucos ídolos. Temos poucos heróis. Talvez o Tite tome esse lugar, mas para isso terá de mostrar resultados. Nada é impossível, embora seja difícil.

Para Olimpíadas no Rio de Janeiro não temos Tite, mas temos Neymar. O maior nome do futebol nacional nos últimos anos, ainda não é, nem de longe, um ídolo que devemos nos orgulhar. É claro que ele ainda é um jovem jogador, e mais jovem ainda ser humano; portanto com tempo enorme ainda para provar que merece toda atenção que nos toma diariamente quando o assunto é seleção. Não quero discutir muitas coisas em relação ao Neymar, para não parecer pessimista; quero discutir mesmo as coisas que me incomodam, como torcedor e admirador do futebol brasileiro.

Em recente entrevista, perguntado sobre o comprometimento do jogador em relação ao futebol brasileiro, levando em consideração o comportamento do jogador fora de campo; pareceu aos olhos e ouvidos de muito uma pergunta sem sentido. Mas, se tomarmos no contexto, a pergunta fez um sentido enorme: o jogador na vida privada fez a vida pública se tornar questionável. O que ele faz como jogador expõe propósitos que ele tem na vida privada, simples assim. Vamos pensar o seguinte: até concordo que o dinheiro que ele tem deve mesmo curtir a vida e coisa e tal; mas que jogador se sentiria disposto a fazer uma festa sabendo que o seu time está sendo desclassificado? Que profissional se sente orgulhoso vendo a “empresa” onde ele trabalha indo para o buraco?

Volto a repetir, ele realmente é livre para fazer festa; tem dinheiro, prestígio e uma vontade da liberdade que só pessoas na idade dele podem compreender. Mas a questão principal não é essa, mas o quanto essa liberdade e vontade podem comprometer o desempenho, ou a falta de desempenho dele dentro de campo? Num plágio da famosa frase, “não importa ser comprometido com a seleção, é preciso parecer comprometido”. E nesse quesito, numa solicitação do próprio jogador; deve-se discutir como é o jogador dentro do campo, principalmente com a seleção brasileira.

Ao meu entender valorizamos demais o jogador. Não à-toa. Realmente é um sujeito fora do normal. Mas daí a dizer que ele está sendo essencial à seleção brasileira é um engano enorme. Na verdade, somos dependentes do potencial do Neymar na seleção, não o que ele é para a seleção. A sensação de que, “uma hora o jogador desencanta e salva a fraca geração”, toma a discussão interna, e às vezes, inconsciente; que Neymar é o melhor jogador brasileiro dentro do campo. Quando na verdade nunca foi o melhor, embora tenha mostrado vários momentos essa genialidade.

Enfim, temos um ídolo de papel, que nem dentro de campo nem fora dele poderá ser exemplo das melhores e maiores qualidades de um jogador de futebol. Não que não possa sê-lo, só estou dizendo que ele não é. Quem se orgulha das declarações ensaiadas diante dos jornalistas? Quem se orgulha de vê-lo fretando um avião, onde busca amigos onde quer que estejam para uma festa quando no mesmo instante os “companheiros” ralavam para ganhar uma partida?


Quem, com o dinheiro dele, prestigio dele e desejos faria diferente? Uma porção de gente, Neymar...


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