Hoje começa a
saga do futebol brasileiro em busca do título inédito. É bem verdade que poucos
andam interessados pelo futebol do Brasil. Depois de muitos desmandos (dos
dirigentes e dos jogadores), a paixão do brasileiro pelo futebol foi minguando,
enfraquecendo-se ao ponto de se tornar indiferente. Temos poucos ídolos. Temos poucos
heróis. Talvez o Tite tome esse lugar, mas para isso terá de mostrar
resultados. Nada é impossível, embora seja difícil.
Para Olimpíadas
no Rio de Janeiro não temos Tite, mas temos Neymar. O maior nome do futebol
nacional nos últimos anos, ainda não é, nem de longe, um ídolo que devemos nos
orgulhar. É claro que ele ainda é um jovem jogador, e mais jovem ainda ser
humano; portanto com tempo enorme ainda para provar que merece toda atenção que
nos toma diariamente quando o assunto é seleção. Não quero discutir muitas
coisas em relação ao Neymar, para não parecer pessimista; quero discutir mesmo
as coisas que me incomodam, como torcedor e admirador do futebol brasileiro.
Em recente
entrevista, perguntado sobre o comprometimento do jogador em relação ao futebol
brasileiro, levando em consideração o comportamento do jogador fora de campo;
pareceu aos olhos e ouvidos de muito uma pergunta sem sentido. Mas, se tomarmos
no contexto, a pergunta fez um sentido enorme: o jogador na vida privada fez a
vida pública se tornar questionável. O que ele faz como jogador expõe propósitos
que ele tem na vida privada, simples assim. Vamos pensar o seguinte: até
concordo que o dinheiro que ele tem deve mesmo curtir a vida e coisa e tal; mas
que jogador se sentiria disposto a fazer uma festa sabendo que o seu time está
sendo desclassificado? Que profissional se sente orgulhoso vendo a “empresa”
onde ele trabalha indo para o buraco?
Volto a repetir,
ele realmente é livre para fazer festa; tem dinheiro, prestígio e uma vontade da
liberdade que só pessoas na idade dele podem compreender. Mas a questão
principal não é essa, mas o quanto essa liberdade e vontade podem comprometer o
desempenho, ou a falta de desempenho dele dentro de campo? Num plágio da famosa
frase, “não importa ser comprometido com a seleção, é preciso parecer
comprometido”. E nesse quesito, numa solicitação do próprio jogador; deve-se
discutir como é o jogador dentro do campo, principalmente com a seleção
brasileira.
Ao meu entender
valorizamos demais o jogador. Não à-toa. Realmente é um sujeito fora do normal.
Mas daí a dizer que ele está sendo essencial à seleção brasileira é um engano
enorme. Na verdade, somos dependentes do potencial do Neymar na seleção, não o
que ele é para a seleção. A sensação de que, “uma hora o jogador desencanta e
salva a fraca geração”, toma a discussão interna, e às vezes, inconsciente; que
Neymar é o melhor jogador brasileiro dentro do campo. Quando na verdade nunca
foi o melhor, embora tenha mostrado vários momentos essa genialidade.
Enfim, temos um ídolo
de papel, que nem dentro de campo nem fora dele poderá ser exemplo das melhores
e maiores qualidades de um jogador de futebol. Não que não possa sê-lo, só
estou dizendo que ele não é. Quem se orgulha das declarações ensaiadas diante
dos jornalistas? Quem se orgulha de vê-lo fretando um avião, onde busca amigos
onde quer que estejam para uma festa quando no mesmo instante os “companheiros”
ralavam para ganhar uma partida?
Quem, com o
dinheiro dele, prestigio dele e desejos faria diferente? Uma porção de gente,
Neymar...
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