Olá leitores!
Eu poderia fazer uma coluna estilo hai-kai a definir
sinteticamente: “Largou muito bem / Agora é o líder / Corrida muito chata”. Mas
não vou fazer isso, embora ela merecesse. Nos últimos anos o GP da Hungria foi
surpreendentemente movimentado, mas esse ano voltou ao normal. Sinceramente,
arrependi-me de não ter ficado na cama por mais uma hora e meia, sei que vou
lamentar essa oportunidade desperdiçada. Enfim, errado fui eu em criar
expectativas a respeito da procissão magiar. O “grande momento” da corrida foi
o Hamilton informando ao Gutiérrez que ele é o nº 1 utilizando a mão – mas não
com o dedo indicador – , e por aí podemos ter uma ideia da chatice que imperou.
Vitória tranquila do Lewis Hamilton, que alcançou a
liderança do campeonato e, arrisco-me a dizer, pode se considerar com uma mão e
4 dedos na taça (o outro dedo ele ainda está mostrando para o Esteban “chicane
móvel” Gutiérrez), já que seu único adversário é muito rápido mas não tem a
garra necessária para ir buscar essa liderança perdida. Seu companheiro Rosberg
(2º) fez o melhor tempo na classificação, mas na largada ficou tão preocupado
com o Hamilton que esqueceu de fazer uma largada boa, brindando o público com
uma bela disputa com o Ricciardo nas primeiras curvas, mas depois sua corrida
se resumiu em tentar alcançar o inglês e não conseguir. Sem brilho.
Em 3º chegou Daniel Ricciardo, que mostrou aquilo que já se
desconfiava: a diferença da Red Bull para a Mercedes hoje em dia é o motor, não
o chassi. Em termos de chassi, o da Red Bull deve ser tão bom ou melhor que o
da Mercedes, mas aí na hora de despejar a cavalaria para empurrar a barata
(como diria Edgard Mello Filho) ele fica para trás. Resistiu aos ataques do
Vettel, com pneus mais novos e velozes, com maestria. Grande desempenho dele,
após algumas corridas em que enfrentou um grande azar. Seu companheiro Max
Verstappen (5º) foi outro que merece elogio pela sua demonstração de “zagueiro”,
se defendendo dos ataques do Kimi. Também teve bom desempenho, nessa prova
talvez um pouco menos brilhante que nas anteriores desse ano, mas nada que
preocupe.
Em 4º chegou Vettel, que deve estar ficando cansado de
arrumar desculpas para o desempenho da Ferrari. Dessa vez ele apontou a falta
de melhor ritmo na classificação para a ausência no pódio – o que pode ser meia
verdade, já que o único piloto que vi fazer muitas ultrapassagens nessa pista
chamava-se Nigel Mansell, e não dá para usar o “leão” como parâmetro para muita
coisa, mas definitivamente o carro desse ano não “nasceu” bem – e a Ferrari só
não foi ultrapassada pela Red Bull no Campeonato de Construtores pois o Kimi
também fez uma boa apresentação esse domino, senão... a imprensa italiana já
poderia trocar o couro do bumbo e fazer a afinação do instrumento para tocar na
porta de Maranello. Sim, no finalzinho da corrida as Ferraris estavam andando
mais que a turma dos energéticos, mas não o suficiente para ultrapassar. E essa
superioridade foi apenas no final. Eu já transferi as esperanças para o carro do
ano que vem... Kimi Räikkönen chegou em 6º lugar, após reclamar horrores do
comportamento do jovem Max. Sinceramente? Max defendeu a posição de maneira
dura, mas não desleal. Ele reclamou de um duplo movimento na defesa de posição
que resultou no toque da asa dianteira com a traseira do Max, mas se nem os
malas dos comissários da FIA conseguiram achar algo de errado ali, é porquê não
houve mesmo.
Em 7º, graças à pista que não exige grande cavalaria e ao
seu próprio talento, chegou Fernando Alonso. Evidentemente estava feliz por
voltar a pontuar, principalmente com um carro que tantas dores de cabeça deu
durante esse ano (e ano passado...), embora tenha reconhecido que a corrida não
foi emocionante. Seu companheiro Button foi o único piloto a abandonar, após
enfrentar problemas de freio no começo e meio da corrida e um vazamento de óleo
no final.
Em 8º chegou Carlos Sainz Jr., feliz da vida por ter
conseguido um resultado bom após a sequência de problemas nos dias de treino. Ao menos ele teve o que
comemorar, pois seu companheiro Kvyat foi apenas o 16º, após uma largada
horrível e brigar com o acerto do carro no resto da corrida.
Em 9º, em um resultado surpreendente para um carro que
efetivamente anda melhor em pistar velozes, chegou Bottas, fazendo o possível
para arrancar desempenho de onde o carro não tem para oferecer. Seu companheiro
Massa (18º)... fica até difícil escrever algo a respeito. Bateu na classificação,
teve problemas no volante pouco antes da largada, e sofreu para levar o carro
até o final. Eu teria parado (o volante estava muito pesado quando virava para
um lado e leve ao virar para o outro), mas como a equipe não mandou ele parar,
ele continuou. Enfim... terminou 2 voltas atrás do Hamilton, enquanto o outro
brasileiro, Felipe Nasr, terminou “apenas” uma volta atrás com seu horrível
Sauber. Que fase...
Em 10º, fechando a zona de pontuação, chegou Nico
Hülkemberg, outro que arrancou vinho tinto de pedra para conseguir um
desempenho razoável com um Force India que é competitivo em pistas rápidas mas
claramente deficiente em pistas lentas. Nessas horas é que se vê o trabalho do
piloto... ele reclamou bastante da dificuldade de ultrapassar. Seu companheiro
Sérgio Pérez (11º) reclamou da dificuldade de tentar ultrapassar, e foi vítima
de um erro de principiante nos boxes: o estrategista na mureta dos boxes o
chamou para troca de pneus, mas quando ele parou a equipe não estava pronta.
Dureza... pior que acho que nem dá para demitir o responsável, se fizer isso a
equipe – que já está com problemas financeiros – ainda vai ter que pagar
indenização trabalhista, melhor deixar quieto.
Próxima corrida será domingo que vem em Hockenheim, ou ao
menos o que restou da pista depois que Tilke, o Maldito, colocou suas mãos no
traçado... espero sinceramente que seja um pouco mais emocionante.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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