segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Foi bom, pena que acabou


Enfim, ontem, passamos a régua nos Jogos Olímpicos do Rio. Acabou rápido, com gostinho de quero mais! E, olha, o Brasil organizou uma belíssima Olimpíada! Sem o luxo arquitetônico e tecnológico de Pequim e Londres, mas, muito diferente do lixo que a maioria temia. É bem verdade que, a exemplo do Carnaval – nosso grande evento - deixamos boa parte dos preparativos pra última hora. Foi assim na Vila dos Atletas e na maioria das praças esportivas. Para quem não mora no Rio, como eu, as notícias davam a impressão de que tudo ainda estava na maquete, na pedra fundamental, que não ia funcionar, que não ia ficar pronto, que alguém ia decretar o cancelamento dos Jogos, enfim, uma catástrofe. Amigos, nada disso aconteceu!

Não fomos assombrados com o fantasma mundial do terrorismo e nem com a picada do mosquito. Até a malandragem deu um tempo, sem qualquer intervenção espiritual do Mestre Bezerra, e os turistas puderam curtir os Jogos, numa boa, exceção feita a uma ou outra batida de carteira que nem vale a pena botar na estatística. Segue o jogo, Milton Leite! As coisas por aqui funcionam assim mesmo. O bloco só sai na avenida quando o poder oficial, o paralelo e os interesses econômicos das oligarquias se unem! Quem apostou que ia ter gringo assado no micro-ondas, perdeu! Enfim, no quesito organização, passamos!

No esporte propriamente dito a Olimpíada foi fantástica, como costuma ser. Esses foram os Jogos que marcaram a aposentadoria de Michael Phelps e, talvez, Usain Bolt. Além de ganharem mais um caminhão de medalhas, abandonaram a competição olímpica por cima, como campeões. Essa é a beleza do esporte e fico feliz que o Brasil tenha sido a última página na biografia olímpica desses gigantes. O mesmo não pode ser dito de Yelena Isinbayeva que acabou pagando o pato de uma suspensão generalizada de toda delegação de atletismo da Rússia. Os políticos, os cartolas e médicos que articularam e financiaram toda a patifaria, às custas da saúde dos atletas, estão muito bem, obrigado.

E o Brasil? Bom, o desempenho brasileiro esteve dentro do esperado. A expectativa de 24 medalhas divulgada pela cartolagem era despropositada. Só ganharíamos isso tudo se tivesse umas vinte modalidades diferentes de vôlei. Como só temos vôlei de quadra e de praia, masculino e feminino, ficou de bom tamanho. Não somos uma potência esportiva. Aproveito o ensejo e pergunto ao leitor: Quantas pessoas você conhece que praticam alguma modalidade olímpica? ... (pausa) Futebol da firma não vale! E, musculação não é modalidade olímpica!  ... (silêncio constrangedor).

Esses foram os primeiros Jogos das políticas de incentivo à formação de atletas, que beneficiam,  principalmente, aqueles jovens que vivem em situação social de risco. Gente que até pouco tempo atrás já teria largado o esporte pra trabalhar, ganhar dinheiro e sustentar a família, ou até mesmo teria enveredado para o caminho do crime, hoje, é atleta olímpico, recebe honrarias e medalhas que antes só eram reservadas para aqueles que tiveram acesso a clubes esportivos e escolinhas particulares. Vimos um povo diferenciado nos pódios, como a Rafaela Silva, o Isaquias Queiroz e o Robson Conceição. Todos ainda jovens que têm lenha pra queimar por mais alguns anos. Que o governo provisório, interino, em vias de definitivo, não acabe com tudo.

O futebol finalmente ganhou o seu ouro, mas, deixarei os comentários para os outros colaboradores, principalmente, porque sequer assisti aos jogos. Passamos vergonha no basquete e deixamos a desejar no judô e na vela. A natação brasileira inexiste pós Cielo. E, finalmente, o Diego Hypolito ganhou a sua medalha. Não gosto muito de vôlei, mas, não há como não tirar o chapéu para a seleção masculina que ganhou uma medalha, digamos, improvável. No geral, a campanha brasileira foi boa, fizemos finais, melhoramos desempenho, conseguimos resultados em modalidades até então desconhecidas, enfim, temos grandes atletas, mas, não os foras-de-série. E são esses que, normalmente, ganham as medalhas. Há um longo caminho a percorrer até o pódio em Tóquio 2020.

Iniciamos, hoje, mais um ciclo olímpico. Saem os Jogos da emoção, do choro, da vaia, do “Fora Temer”, e entram os Jogos da modernidade, da tecnologia, da inovação. 2020 parece longe, mas, é logo ali.

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