Enfim, ontem, passamos a régua
nos Jogos Olímpicos do Rio. Acabou rápido, com gostinho de quero mais! E, olha,
o Brasil organizou uma belíssima Olimpíada! Sem o luxo arquitetônico e
tecnológico de Pequim e Londres, mas, muito diferente do lixo que a maioria temia.
É bem verdade que, a exemplo do Carnaval – nosso grande evento - deixamos boa
parte dos preparativos pra última hora. Foi assim na Vila dos Atletas e na
maioria das praças esportivas. Para quem não mora no Rio, como eu, as notícias davam
a impressão de que tudo ainda estava na maquete, na pedra fundamental, que não
ia funcionar, que não ia ficar pronto, que alguém ia decretar o cancelamento
dos Jogos, enfim, uma catástrofe. Amigos, nada disso aconteceu!
Não fomos assombrados com o
fantasma mundial do terrorismo e nem com a picada do mosquito. Até a
malandragem deu um tempo, sem qualquer intervenção espiritual do Mestre
Bezerra, e os turistas puderam curtir os Jogos, numa boa, exceção feita a uma
ou outra batida de carteira que nem vale a pena botar na estatística. Segue o
jogo, Milton Leite! As coisas por aqui funcionam assim mesmo. O bloco só sai na
avenida quando o poder oficial, o paralelo e os interesses econômicos das
oligarquias se unem! Quem apostou que ia ter gringo assado no micro-ondas,
perdeu! Enfim, no quesito organização, passamos!
No esporte propriamente dito a
Olimpíada foi fantástica, como costuma ser. Esses foram os Jogos que marcaram a
aposentadoria de Michael Phelps e, talvez, Usain Bolt. Além de ganharem mais um
caminhão de medalhas, abandonaram a competição olímpica por cima, como
campeões. Essa é a beleza do esporte e fico feliz que o Brasil tenha sido a
última página na biografia olímpica desses gigantes. O mesmo não pode ser dito
de Yelena Isinbayeva que acabou pagando o pato de uma suspensão generalizada de
toda delegação de atletismo da Rússia. Os políticos, os cartolas e médicos que
articularam e financiaram toda a patifaria, às custas da saúde dos atletas,
estão muito bem, obrigado.
E o Brasil? Bom, o desempenho
brasileiro esteve dentro do esperado. A expectativa de 24 medalhas divulgada
pela cartolagem era despropositada. Só ganharíamos isso tudo se tivesse umas
vinte modalidades diferentes de vôlei. Como só temos vôlei de quadra e de
praia, masculino e feminino, ficou de bom tamanho. Não somos uma potência
esportiva. Aproveito o ensejo e pergunto ao leitor: Quantas pessoas você
conhece que praticam alguma modalidade olímpica? ... (pausa) Futebol da firma não vale! E, musculação não é modalidade
olímpica! ... (silêncio constrangedor).
Esses foram os primeiros Jogos
das políticas de incentivo à formação de atletas, que beneficiam, principalmente, aqueles jovens que vivem em
situação social de risco. Gente que até pouco tempo atrás já teria largado o esporte
pra trabalhar, ganhar dinheiro e sustentar a família, ou até mesmo teria
enveredado para o caminho do crime, hoje, é atleta olímpico, recebe honrarias e
medalhas que antes só eram reservadas para aqueles que tiveram acesso a clubes
esportivos e escolinhas particulares. Vimos um povo diferenciado nos pódios,
como a Rafaela Silva, o Isaquias Queiroz e o Robson Conceição. Todos ainda
jovens que têm lenha pra queimar por mais alguns anos. Que o governo
provisório, interino, em vias de definitivo, não acabe com tudo.
O futebol finalmente ganhou o seu
ouro, mas, deixarei os comentários para os outros colaboradores,
principalmente, porque sequer assisti aos jogos. Passamos vergonha no basquete
e deixamos a desejar no judô e na vela. A natação brasileira inexiste pós
Cielo. E, finalmente, o Diego Hypolito ganhou a sua medalha. Não gosto muito de
vôlei, mas, não há como não tirar o chapéu para a seleção masculina que ganhou
uma medalha, digamos, improvável. No geral, a campanha brasileira foi boa,
fizemos finais, melhoramos desempenho, conseguimos resultados em modalidades até então desconhecidas, enfim, temos grandes atletas, mas, não os
foras-de-série. E são esses que, normalmente, ganham as medalhas. Há um longo
caminho a percorrer até o pódio em Tóquio 2020.
Iniciamos, hoje, mais um ciclo
olímpico. Saem os Jogos da emoção, do choro, da vaia, do “Fora Temer”, e entram
os Jogos da modernidade, da tecnologia, da inovação. 2020 parece longe, mas, é
logo ali.
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