Olá leitores!
Eu poderia começar a coluna descascando para cima do cidadão
que nasceu para ser Principe Valente mas nesse domingo quis ser Dick Vigarista,
mas vou deixar para mais adiante. Agora quero comemorar uma corrida boa, uma
corrida interessante como desde os tempos do traçado original eu não lembrava
de assistir na encosta montanhosa de Spielberg, e comemorar a ótima
apresentação do Felipe Nasr. “Mas ele terminou apenas em 13º lugar, como assim
comemorar a boa apresentação dele?”, vocês podem se perguntar. Simples: a
equipe saiu da caixinha, pensou um pouquinho diferente, e ao invés de largar
com os pneus mais macios para depois no final colocar os mais duros, ele já
largou com o pneu mais duro disponível (o macio), e enquanto o pessoal que largou
com supermacios e ultra macios parava nos boxes para trocar seus pneus de
desgaste rápido, ele ficou na pista e acabou tendo a oportunidade de disputar
posições com pilotos com carros melhores (não que precise muito para ser melhor
que a Sauber 2016...), pilotos mais experientes, e protagonizou disputas de
posição que permitiram a ele mostrar o que sabe fazer. Acredito que essa
apresentação desse domingo possa alavancar ele para uma equipe melhor, ou pelo
menos uma equipe que consiga pagar o salário dos funcionários em dia (até isso
a Sauber está atrasando...) e que permita ao Felipe ao menos sonhar em chegar
na zona de pontuação. Sauber, definitivamente, é uma perda de tempo e de
dinheiro. Próxima corrida não, pois Silverstone é uma pista de ultrapassagem
fácil, mas se ele repetir a dose em alguma das pistas que vem em que
ultrapassar depende de um esforço ou arrojo maior (Hungaroring, por exemplo),
eu acho que possa conseguir um contrato melhorzinho para ano que vem.
Vamos à corrida, que teve como vencedor Lewis Hamilton,
mesmo reconhecendo na véspera que não é uma pista na qual ele consiga ser
naturalmente veloz. Correu bem, não fez nada impensado, soube se aproveitar da
sorte que teve na classificação, e ao final – com pneus menos velozes mas em
melhor estado que os do companheiro de equipe – conseguiu colocar o carro em
posição para fazer uma bela ultrapassagem, sendo colocado para fora dos limites
da pista pelo coleguinha de profissão que divide a equipe com ele. No meu
entendimento, uma vitória merecida. Seu coleguinha de equipe, Nico Rosberg (4º),
se entende melhor com a pista. Consegue naturalmente ser mais veloz que o
Hamilton nessa pista. Deu azar na classificação, verdade, mas no geral consegue
andar melhor que Lewis nessa pista. Estava com pneus mais desgastados no final?
Sim, estava. Mas ainda tinha chances de segurar o companheiro atrás na última
volta. Só que na última volta as orelhas cresceram dentro do capacete e
atrapalharam a visão, só pode ser. Observando as imagens, dá para ver que ele
não tinha exatamente muita intenção de fazer aquela tomada... se fosse um
problema de freio – como ele alegou – ele poderia aproveitar que naquela curva
tem área de escape em asfalto e tentar fazer uma trajetória mais larga,
entrando mais por dentro na tomada... nem marca de saída de frente na curva
tem; pode espernear e sapatear de raiva à vontade, ele fez uma trajetória para
bater no Hamilton. Gostaria de ter acesso aos dados da telemetria, deve ser
mais indefensável ainda do que as imagens. Queria ser um mosquitinho para
presenciar a reunião – “carcada” do Toto Wolff com os dois intelectuais do volante...
a única missão grande deles é trazer o carro para os boxes ao final sem baterem
um no outro, e até isso estão errando...
Em segundo chegou Max Verstappen, com um macacão com
grafismo lembrando as tradicionais bermudas de couro dos Alpes e uma pilotagem
muito boa. Mesmo com as deficiências de potência do motor Renault, ele
conseguiu dar muito trabalho para pilotos que tinham um bocado mais de cavalaria
à disposição do que ele, arrancou leite de pedra. Seu companheiro Daniel
Ricciardo (5º) reclamou um bocado de falta do seu equipamento, e ficou feliz
pelo resultado geral para a equipe – o que significa que ele fez o que estava
ao alcance dele. Em sua corrida “de casa” (afinal, a Red Bull é uma empresa
austríaca, em que pese a sede da equipe ficar na Inglaterra) os carros da
equipe tiveram um desempenho bem interessante.
Em 3º chegou Kimi Räikkönen, que se não empolgou na corrida
também esteve longe de decepcionar. Reclamou ao final que o resultado não refletiu
o quanto o carro estava bom, mas não vi a coisa dessa maneira. Achei que faltou
velocidade de reta para os carros, e portanto creio que esse pódio está um
pouco acima daquilo que se poderia prever analisando o todo da prova. Seu
colega Vettel abandonou a corrida após um estouro de pneu em um dos pontos mais
velozes da pista, a reta dos boxes. Deu muita sorte de ter dado apenas um
toquinho no muro e que nenhum outro carro o acertou no seu retorno para o outro
lado. Tem engenheiro que vai ter que explicar a estratégia equivocada, e
garanto que na época do Commendatore Enzo esse já poderia passar pegar seu bilhetinho
azul no RH essa segunda.
Em 6º chegou um surpreendente Button. Sim, um piloto quase
aposentado, em um carro cujo motor ainda deixa muito a desejar, em uma pista
com subidas e retas que requerem uma cavalaria extra no motor, conseguiu marcar
uns pontinhos bem interessantes para a equipe McLaren. Ele deu sorte na
classificação, claro, mas mesmo assim largou bem, e por algum tempo esteve em
2º e 3º lugares, o que com a McLaren de hoje em dia é quase um milagre. Seu
companheiro Alonso seguiu a tradição da equipe desde que voltaram a usar
motores Honda e abandonou, não sem antes ter circulado na zona de pontuação. O
que indica que o problema não é chassi, como foi nos últimos anos, mas o motor
que ainda é deficiente.
Em 7º chegou Grosjean, com seu Haas. Teve uma corrida
difícil, perdeu algumas posições por conta de um enrosco na largada, mas
conseguiu se recuperar e conquistar mais alguns pontos para a equipe. Admito
que nem parece aquele mesmo Grosjean de alguns anos atrás, evoluiu muito satisfatoriamente.
Seu companheiro Gutiérrez largou muito mal, se recuperou durante a prova mas
não o suficiente para pontuar, terminando em 11º.
Em 8º veio Carlos Sainz Jr, com 3 pontinhos para coroar uma
ótima corrida de recuperação com uma pilotagem madura e segura. Bela apresentação.
Seu companheiro Kvyat não teve a mesma sorte e foi o primeiro a abandonar a
prova, depois de largar dos boxes. Não foi o domingo dele.
Em 9º chegou Bottas, após um Ultimate Super Fight contra os
pneus que não aqueciam o suficiente. Esse carro da Williams, definitivamente,
não é dos melhores da história recente da equipe (nem falo da história mais
distante para não passar muita vergonha...). Seu companheiro Massa abandonou
com problemas de freio.
Em 10º, motivo de muita festa nos boxes da equipe, chegou o
novato Pascal Wehrlein, coroando um final de semana inspirado: conseguiu o 12º
tempo na classificação, e se recuperou da última posição na hora da relargada
do safety-car para um honroso décimo lugar, marcando o primeiro ponto da Manor
no campeonato. Vale lembrar que a última vez que a equipe tinha pontuado ela
ainda se chamava Marussia e o piloto era o finado Jules Bianchi... seu
companheiro Rio Haryanto (é, o nome é esse...) foi apenas o 16º colocado.
Próxima etapa será em Silverstone, dia 10/07, outra pista “de
verdade”, e que espero que produza um espetáculo tão bonito quanto o da
Áustria.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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