Há um clamor
para que o Tite, atual treinador do Corinthians, assuma a seleção brasileira.
Embora seja considerado um dos maiores treinadores contemporâneos no Brasil,
ainda assim não considero o melhor nome. É verdade também que, tirando técnicos
estrangeiros, não temos outra opção para o lugar do Dunga. Mas, se Tite é o
melhor, qual o motivo de não o achar ideal? Bom, tenho três bons motivos.
Considerando os trabalhos feitos no Corinthians, temos: Defensivo, cauteloso e
leal. Em alguns aspectos, as três características podem ser excelentes para o
desempenho de uma equipe, em outros momentos, não.
O esquema tático
do Tite prioriza a questão defensiva. Por esse motivo, as críticas em relação
ao desempenho do seu ataque, e consequentemente dos seus atacantes, é contumaz.
Tite afirma que o equilíbrio faz os vencedores, portanto sabe da questão
ofensiva. Acredita que o sistema ofensivo começa com a posse da bola, que pode
acontecer com uma bola roubada no ataque, ou a destruição de uma jogada do
adversário na defesa. Assim, a questão ofensiva pode começar com a saída de
bola dos zagueiros, laterais e volantes. Por esse motivo, os laterais de Tite
quase sempre são os melhores em campo, pois são eles que alimentam o meio de
campo e o ataque. Talvez treinos específicos e jogadores melhores salvem a inoperância
de Tite no ataque, mas é fato que é o seu tendão de Aquiles.
O segundo
aspecto de Tite está em ser cauteloso. Inúmeras vezes os torcedores corintianos
se queixaram de ver o time perdendo o jogo e o técnico não movendo uma vírgula
sequer do seu esquema tático. Por uma questão pragmática, essa forma estática
quase sempre obtém resultados surpreendentes. É visível que o time “não se
abala” com resultados adversos. Mas também é o fato da “equipe não conseguir
sair de algumas armadilhas táticas dos adversários”. Assim, em alguns momentos,
o time treinado por Tite mostra demais sua forma de jogar, pois repete a
fórmula independente da competição. Esse esquema inalterado explica os motivos
do time ter bons resultados, ser estável, mas mesmo assim não conseguir ganhar
clássicos ou jogos eliminatórios. São nesses jogos que a tática deve ser
alterada, o comportamento modificado; opções reveladas. Corinthians versus
Ituano parece igual Corinthians versus Palmeiras, quando não é.
O terceiro
aspecto de Tite tem uma relação com a fidelidade aos nomes que trabalham com
ele. Considera que todo jogador tem um potencial que pode não estar sendo
explorado, principalmente quando o jogador está em péssima fase. Aconteceu isso
recentemente com Vágner Love, quando havia críticas por todos os lados, mas o
treinador deixou o jogador em campo, e por inúmeras partidas. Na cabeça do
treinador talvez rolasse aquele pensamento: “eu sei que esse cara joga, mostra
nos treinamentos, uma hora ele tem que colocar isso em prática”. Essa questão,
por exemplo, na seleção brasileira é impossível. Não há tempo para as seguidas
chances que Tite dá aos seus comandados.
Os lados
negativos apresentados são péssimos para a seleção, embora não seja para os
clubes que ele dirigiu, principalmente o Corinthians. Algumas vezes, quando os
resultados não acontecem, esse lado defensivo, leal e cauteloso do treinador;
são colocados em discussão na boca dos torcedores. Mas, esses mesmos lados
negativos, têm suas características positivas, e é por elas que Tite virou
unanimidade. Resta saber o quanto o treinador irá mudar quando receber o
comando da seleção, e se essas mudanças trarão benefícios a seleção.
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