Sempre gostei dos campeonatos regionais. Alguns acham que eles deverian ser extintos, para que ficássemos apenas com o campeonato nacional. Mas
acho que isso poderia levar a uma elitização ainda maior do futebol e não iria
acrescentar em nada o nível técnico. Basta ver quão longo é o campeonato
brasileiro, e poucos se lembram de um time que marcou época ou deixou saudades. Além do mais, é
nos estaduais que as rivalidades surgiram e se exacerbam. Em ordem de
importância, podem estar atrás do nacional, mas são tão tradicionais quanto ou até mais.
Se os regionais fossem extintos, não veríamos surgir um time
como o Audax. Uma inovação para o torneio, e também não vi nenhum clube do
Brasileirão jogar desta forma. Na verdade um conceito que teve seu início com a
Seleção de 1970, foi “aprimorado” com a Holanda de 1974 e o tricampeão europeu Ajax
(que até rima com o nosso time de Osasco) também jogava um pouco desta maneira.
Veríamos algo parecido com o tic-tac da seleção da Espanha e Barcelona muitos anos depois.
Futebol precisa sim de ousadia, e Fernando Diniz mostrou
isto. Não teria o mesmo espaço para implantar isto em uma equipe com mais
tradição, que precisa de resultados imediatos e não tem paciência para tal. E o
mais surpreendente, conseguiu fazer com que uma equipe mantivesse um bom toque
de bola em um gramado ruim, como é o campo de Osasco que prejudicou a futebol
das equipes no primeiro jogo.
Audax com sua “audácia” bateu nos grandes do chamado “trio-de-ferro” (um termo alías que tem caído em desuso, pois já não possuem tanta hegemonia assim). Só não
superou o Santos (com a derrota de 2x1 na primeira fase), mas fez com que o
Alvinegro Praiano, mudasse sua forma de jogar na final.
Confesso que nunca vi o Santos Futebol Clube correr atrás da
bola por tanto tempo no seu alçapão, a Vila Belmiro. Geralmente são os outros que se defendem e são
sufocados. Surpreendentes 80% de posse para o Audax, até por volta dos 20
minutos do primeiro tempo. O Audax deu seu primeiro chute com dois minutos de jogo, sem que o alvinegro tocasse na bola.
Pessoalmente gosto mais do jogo vertical, futebol que caracteriza o jeito santista de jogar, mas esta forma digamos “reimplantada” por
Fernando Diniz é também eficiente e não deve ser desconsiderada. A seleção de 1970
mesclava isto: tinha paciência em tocar a bola quando tinha a posse, até
verticalizar quando tinha alguém em condições de atacar. Poucas equipes na
história do futebol fizeram isto com eficiência.
Não que o Audax seja uma seleção de 1970, uma Holanda ou
Barcelona; não cabe comparações. Mas a grande virtude de Fernando Diniz foi
implantar este estilo “similar” de jogo, só que sem grandes craques. E isto
provavelmente tenha sido a chave para o sucesso, igualando taticamente sua
suposta inferioridade técnica a equipes com mais "estrelas".
Referindo aos dois times, concluo que a vitória foi do jogo
ofensivo, toque de bola, e da ousadia tática que tanto se tem cobrado. Não sei se veremos isto no campeonato nacional, cujo objetivo é colecionar pontos. Santos e
Audax forem merecedores em decidir o campeonato.
Parabéns a ambas as equipes.
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