Como seria de se esperar, cerca de 2/3 da corrida em
Barcelona foram extremamente chatos. Previsível na única pista em que a Dona
FIA autoriza fazer testes, que os pilotos conhecem como a palma das mãos. E essa
mania dos engenheiros de pista mandarem os pilotos usarem o sonífero, digo, o composto
médio da Pirelli, não cooperou em nada para o espetáculo.
Felizmente ainda existe o imponderável, e o imponderável
salvou a corrida e fez história. Será que alguém, em sã consciência, imaginaria
que a dupla da Mercedes iria se enroscar com menos de 1 minuto de corrida? Será
que alguém, em sã consciência, iria em uma daquelas casa de apostas britânicas e
cravaria que a vitória estaria nas mãos de um garoto de 18 anos e poucos meses,
que foi promovido da equipe satélite para a principal porquê na corrida
anterior o titular do carro fez tanta bobagem que foi ficar de castigo na
equipe “B”? Se alguém acertou o pódio dessa corrida, o fez de zoeira.
Pequena nota sobre os envolvidos na batida: não que sejam
maus pilotos (ao menos o Hamilton não é, embora esteja longe de ser um
fenômeno. É um Mansell com mais talento para Relações Públicas), mas com um
carro tão superior aos demais como a Mercedes, a única coisa que eles têm
obrigação de fazer é não bater um no outro. E fizeram isso... inacreditável. Imagino
a felicidade do Toto na reunião após retornarem aos boxes...
Como os dois intelectuais do volante se excluíram na 3ª
curva, a corrida teve muito mais opções, e a aposta vencedora foi a da Red
Bull: o mais jovem vencedor da história da categoria, Max Verstappen, e eu
diria que quase certamente ele já é um dos maiores nomes do automobilismo
holandês. Esse recorde dele, aliás, deve ser daqueles que o acompanharão até a
morte, já que ele chegou na categoria ainda com 17 anos e a FIA alterou o
regulamento, fazendo com que hoje em dia seja obrigatório já ter 18 anos para
ingressar na categoria. Estava em 2º na relargada, passou o companheiro
Ricciardo na base da estratégia de box, correu com maestria, suportou de forma
inteligente a pressão do Kimi, e merecidamente se tornou o primeiro holandês a
vencer na F-1. Simplesmente estava em um daqueles dias em que tudo dá certo.
Ricciardo (4º) também fez uma bela prova, mesmo com uma estratégia de pneus
incorreta e tendo um pneu furado no finalzinho da corrida. Ainda conseguiu
despertar o lado chorão do Vettel, que reclamou muito da tentativa de
ultrapassagem (absolutamente normal, diga-se de passagem) que o australiano fez.
Em 2º e 3º chegaram os pilotos da Ferrari, dessa vez
Räikkönen na frente de Vettel. Kimi fez uma belíssima prova, como há muito não
fazia, tentou o quanto pôde ultrapassar o Max, porém mesmo o carro sendo mais
rápido na reta ele não conseguia entrar na reta principal junto o suficiente
para conseguir emparelhar com o Verstappinho na freada do final da reta. Culpa
do carro com aerodinâmica menos eficiente da Ferrari, que perdia tempo no miolo
do circuito catalão. Aliás, tanto é menos eficiente que no meio da prova as
Ferrari estavam tomando calor da Toro Rosso do Sainz, que usa o motor Ferrari
do ano passado... Vettel acelerou aquilo que o carro deixou, e nas últimas
voltas protagonizou uma bela e acalorada disputa pelo pódio com Daniel
Ricciardo. Deu para ver que o carro da Ferrari precisa evoluir se quiserem
brigar por vitórias com as Mercedes na pista.
Em 5º chegou Valtteri Bottas, que tirou leite de pedra do
carro da Williams e terminou em uma posição bastante boa para o equipamento que
lhe foi entregue esse ano. Seu companheiro, o experiente Felipe Massa, não passou
de um 8º lugar, pior até que a média dele, que é chegar em 6º. Contudo, devemos
lembrar que largou em 18º lugar...mas que
Por falar em 6º, a sexta posição ficou com Carlos Sainz Jr,
vigiado dos boxes pelo pai, a lenda espanhola dos ralis Carlos Sainz. Largou
maravilhosamente bem, mas não teve ritmo para segurar os carros da Ferrari, No
entanto, deu um grande trabalho para eles, o que é excelente em se tratando de
uma equipe satélite. Seu novo companheiro, o Daniil Kvyat, cruzou a linha de
chegada em 10º lugar, bastante bom para um piloto que nitidamente sentiu o
baque psicológico da remoção para a equipe satélite da Red Bull.
Em 7º apareceu Sérgio Pérez, outro cujo carro (Force India)
não se adapta bem ao traçado espanhol, e fez uma corrida solitária na maior
parte do tempo. Seu companheiro Hülkemberg novamente não conseguiu terminar a
prova. Esse ano está mais azarado que de costume...
Em 9º lugar um surpreendente Jenson Button. Não
surpreendente pelo piloto, mas pelo carro, claro, que provou que possui um
chassi melhor projetado que o do ano passado, mas ainda sofre com a falta de
potência do motor Honda. Reclamou demais da falta de aderência. Seu companheiro
Alonso foi vítima de uma pane no carro, e abandonou curiosamente quase no lugar
em que ele se acidentou no comecinho do ano passado.
Próxima prova, Mônaco, no último domingo do mês. Curioso
para ver a estreia do pneu ultra macio da fábrica italiana, no mesmo dia da
monumental 500 Milhas de Indianapolis.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
Um comentário:
Excelente! Vi a corrida do meio em diante e fiquei embasbacado com a performance do jovem Verstappen...
E o melhor, daqui 2 semanas tem o Grande Final de Semana, com o GP de Monaco e as 500 Milhas... Alguma aposta?
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