terça-feira, 3 de novembro de 2015

Por incrível que pareça.

Acabo de ler aqui no UOL essa reportagem pra lá de insólita de um torcedor suíço, chamado Rudolf Bantle, que se perdeu num desses labirínticos estádios de futebol e nunca mais achou o caminho de volta. A história é curiosa, engraçada e até um tanto inverossímil para quem nunca esteve num estádio de futebol, mas, amigos, acreditem, pode acontecer.

Ainda não estive numa dessas arenas modernas, construídas sob o Padrão Fifa, mas, nos velhos estádios de futebol brasileiros, a história do suíço Rudolf Bantle, não tem nada de fantasiosa. Pra se ter uma idéia, os estádios de futebol eram os únicos locais onde era normal, aceitável e até recomendável dois ou mais marmanjos irem juntos ao banheiro. E nem era por conta de nenhuma pederastia. Era questão de segurança mesmo.

Uma vez que o torcedor levantava do seu cantinho pra tirar aquela indispensável água do joelho era praticamente impossível retornar para o mesmo lugar. Ou o torcedor errava o portão e acabava em outro setor do estádio, ou até conseguia voltar, mas, tinha alguém já instalado em seu lugar. O jeito era chamar os amigos para aquele “tour” do intervalo rumo ao banheiro. Onde se perde um, perdem dois, perdem três, mas, juntos. Isso sem falar no risco de entrar no portão de acesso à torcida adversária! O linchamento era inevitável!

Não era a toa que muitos torcedores, receosos de perder o lugar na arquibancada ou de tomar uns sopapos da torcida coirmã, acabavam por aliviar-se do jeito que dava, assim, sem a menor cerimônia. Talvez, se o amigo Rudolf fosse brasileiro, isso não teria acontecido; ele poderia ter feito as suas necessidades num copinho plástico, como mandam as leis da arquibancada.

Amigos, eu acredito na história do suíço. É claro que, no Brasil, um “perdido” dessa proporção raramente aconteceria. Mesmo perdido, o camarada acaba se enturmando, encontra uma galera, pega um ônibus e desce sem pagar, fila um lanche e, mais cedo ou mais tarde, encontra o caminho de casa. Com um suíço é diferente; tem vergonha de pedir um fiado, de pular catraca, enfim, é um lance cultural mesmo. O brasileiro, por sua vez, raramente se perde, exceção feita, é claro, ao perdido proposital muito comum em feriados prolongados e vésperas de Carnaval, mas, nada que se compare à história do nosso herói Rudolf.    

Nenhum comentário: