domingo, 15 de novembro de 2015

Pé no Fundo no Brasil

Olá leitores!

O melhor que posso escrever a respeito da corrida como um todo é que foi decepcionante. Uma corrida em que os 10 primeiros colocados tiveram muito poucas alterações em relação à posição de largada, onde o único piloto que decididamente resolveu atacar e ultrapassar outros pilotos foi Max Verstappen, definitivamente o melhor piloto da etapa, e uma corrida tão chata que fez até a audiência da emissora oficial despencar. Preciso continuar?
Em primeiro lugar, Nico Rosberg, que com esse resultado assegurou o vice campeonato da temporada. Largou na frente, e lá permaneceu. Após a primeira volta, seu grande trabalho foi manter o companheiro de equipe, Lewis Hamilton (2º), a uma distância segura, e isso conseguiu fazer. Como costuma acontecer quando não está na liderança, Lewis reclamou um bocado pelo rádio. Deve ser complicado o clima na equipe Mercedes, afinal lidar com dois adultos que se comportam como crianças birrentas não deve ser fácil... acho que tem vezes que o Lauda deve ter vontade de dar surra de cinta nos dois.
Em 3º, sem ameaçar os líderes mas sem ser ameaçado por ninguém, chegou Sebastian Vettel. Outro que vai para Abu Dhabi cumprir tabela, já que não perde mais o 3º lugar no campeonato. Andou o que o carro permitia, e o carro não permitiu se aproximar sensivelmente dos Mercedes. Em 4º chegou seu companheiro Kimi Räikkönen, com uma estratégia diferente nos pneus e que não funcionou muito bem, já que teve mais trabalho para ficar isolado na pista... ao final da prova, com aquela franqueza tipicamente finlandesa, disse que a corrida foi chata do início ao fim. Grande Kimi.
Em 5º, uma volta atrás (sim, o pessoal se espalhou bem pela pista...), chegou Valtteri Bottas. Largou bem, e depois se dedicou a administrar o consumo dos pneus. Em nenhum momento teve ritmo para chegar perto das Ferrari, nem com a estratégia furada adotada pelo Kimi. Isso pode ter sido positivo, já que evitou novo toque entre ambos... seu companheiro Massa cruzou a linha em 8º, após um UFC com o carro a prova inteira, mas foi desclassificado por conta dos fiscais terem encontrado irregularidade na temperatura e pressão do pneu traseiro. A Williams informou que vai recorrer. Acredito que a punição tenha vindo por conta da temperatura, afinal uma pressão 0,1 PSI fora do recomendado não acredito que tenha alguma influência sensível no desempenho. Se teve, foi negativa, haja vista o quão atrás do companheiro ele chegou, mas enfim...
Em 6º chegou o ótimo Nico Hülkemberg, trazendo mais um resultado positivo para a equipe indiana (garantiu o 5º lugar no Mundial de Construtores) e mostrando mais uma vez sua grande capacidade de administração do consumo dos pneus. Seu companheiro Pérez chegou apenas em 12º, não conseguiu em nenhum momento encontrar um acerto para o carro que correspondesse ao seu estilo de pilotagem.
Em 7º chegou o competente russo Kvyat, numa boa posição para quem corre com um motor que não é reconhecido pela entrega de potência, numa pista com uma longa subida que exige muito da cavalaria como aquele trecho da Junção até a parte da frente dos boxes. Dentro das limitações, foi o melhor que ele poderia fazer com o motor que tem. Seu companheiro Ricciardo (11º) teve um dia difícil, tendo largado lá atrás por conta da troca do motor antes da prova, mas ao menos teve uma bela disputa com o Pérez para animar um pouco.
Em 8º, visivelmente preocupado/chateado com a barbárie do terrorismo em seu país natal, ficou Grosjean. Apesar desse psicológico desfavorável, fez uma bela corrida, e segundo ele mesmo se divertiu na pista. Assim sendo, isso é o que verdadeiramente importa, os pontos são um detalhe. Seu companheiro Maldonado (10º) fez uma boa corrida, sendo um dos dois pilotos que optou por largar com os pneus mais duros oferecidos para ter os pneus mais velozes à disposição na parte final da corrida. Teve um toque com o Ericsson, mas apenas um toque de corrida, não vi como proposital – mas como é o Maldonado, os fiscais aplicaram uma punição de 5 segundos para ele.
Em 9º terminou o homem responsável por alguma emoção na corrida, Max Verstappen. Se houvesse na F-1 a premiação “Rookie of the Year”, como tem nas corridas norte-americanas, definivamente esse prêmio seria dele. Se eu fosse dar nota para a apresentação dele hoje, seria 10 com louvor. Seu companheiro Sainz Jr, coitado, teve problemas na volta de alinhamento, foi rebocado para os boxes, largou do pit lane, mas abandonou ainda no meio da primeira volta. Um dia para esquecer.
Próxima corrida em Abu Dhabi, dia 29/11. Se México e Brasil foram chatas, temo pela corrida final. Muito medo, mas estarei acompanhando para lhes fornecer as impressões a respeito.
Agora, queria compartilhar convosco uma experiência: no dia do meu aniversário (11/11), estive na entrega da premiação da Revista Racing aos pilotos nacionais, o Capacete de Ouro. Não vou me estender sobre a parte técnica da premiação, pois sobre isso a própria revista com certeza fará uma cobertura de ótimo nível, como é costume dela. A grande vantagem desse tipo de evento é ter contato com o piloto fora do seu “ambiente de trabalho”, onde ele pode te dar uma entrevista, mas ele vai estar pensando no que tem que mexer no acerto do carro, como fazer a melhor largada possível do lado da pista em que ele vai largar, vai estar sempre preocupado com alguma outra coisa e vai ser um contato quase mecânico. Em uma celebração como essa, eles vão estar muito mais relaxados e podemos perceber coisas que no final de semana de corrida dificilmente conseguiremos perceber. Por exemplo: já ouvi falar em uma certa “antipatia” do Nelsinho Piquet. Não troquei uma única palavra com ele, mas só de ficar por perto observando o comportamento dele já percebi que o “problema” dele é o mesmo que o meu: somos socialmente introvertidos. Não nos sentimos bem perto de pessoas que não conhecemos. Seu irmão mais novo, Pedro Piquet, já é mais sociável, mas no que se refere ao Nelsinho eu me identifiquei perfeitamente com o comportamento dele. Outra coisa: o fruto não cai longe da árvore. Uma característica marcante do piloto da Stock Car Ricardo Maurício é o seu comportamento, a sua simpatia com as pessoas. Tive oportunidade de conversar com o pai dele, e percebe-se que o Ricardo é assim pois foi educado por uma pessoa que tem a mesma, como dizer, fidalguia no trato com as pessoas.
O mais interessante, para uma pessoa como eu, é encontrar os grandes heróis do passado, não apenas aqueles pioneiros, mas também aqueles que você viu correr. E em determinado momento, eu parei, olhei para a roda em que eu estava conversando, e me toquei que aquele era um momento mágico: eu, uma pessoa que respiro automobilismo, tinha em minha frente Paulo Gomes (Paulão), Luiz Evandro Águia e Regina Calderoni. O primeiro, 4 vezes campeão da Stock Car (1979, 1983, 1984 e 1995) e um dos mais arrojados pilotos do automobilismo nacional, o cara que quando o eixo rígido do Opala queria ter vontade própria, ele segurava o eixo pelo chifre e mostrava para ele quem é que estava mandando ali. E meu ídolo de infância e juventude. O segundo, único piloto brasileiro pelo que eu sei que foi campeão de velocidade no asfalto E no rali, e outro ídolo meu. E a terceira, simplesmente a primeira mulher a correr na Stock Car, ainda na época dos Opalões difíceis de controlar... Fui apresentado também ao Gastão Fráguas, um dos 3 brasileiros que possuem um título que Ayrton Senna perseguiu mas não conseguiu: o de Campeão Mundial de Kart pela FIA (Senna foi bi-vice campeão), outra simpatia de pessoa. Como escrevi anteriormente, mágico.
Até a próxima!

Alexandre Bianchini

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