Olá leitores!
O Grande Prêmio da Rússia é uma corrida que eu acho
interessante. Um exemplo para as autoridades competentes do Rio de Janeiro, uma
perfeita convivência entre um parque olímpico e as instalações destinadas ao
automobilismo, e o asfalto com menor aderência em relação a um circuito mais
tradicional acaba produzindo algumas surpresas no resultado final. Esse ano
creio que o destaque (negativo) acabou sendo para as barreiras de proteção. Evidentemente
os russos não quiseram adotar o SAFER Barrier (conhecido como “soft wall”),
afinal é uma invenção norte americana, e alguém deve ter dito que seria uma
ótima ideia cobrir as tradicionais barreiras de pneus com uma proteção. O
“pequeno” problema é que a tal da proteção se soltou no treino livre da manhã
de sábado (com o feio acidente do Sainz Jr., felizmente sem maiores
consequências), se soltou na prova de GP2, causando uma bandeira vermelha para
que pudessem consertar aquela porcaria – e pior, reduzindo a duração da prova
por conta da demora no conserto – e durante a corrida essa proteção novamente
se danificou no acidente do Grosjean. Como no evento principal do final de
semana ficaria muito feio interromper tudo como foi feito na GP2 para consertar
aquela encrenca, os russos deram uma de mecânicos da NASCAR e remendaram a
cobertura dos pneus na base do silver tape. Ficou lindo, eu ri de monte em
frente à TV vendo aquela gambiarra.
Independente de gambiarras, quem se deu bem nessa corrida
foi o vencedor Lewis Hamilton, que demonstrou que tem um dos mais importantes
itens para um piloto que quer alcançar o título: sorte de campeão. Afinal de
contas, em uma corrida onde ele não fez a pole position e onde ele não assumiu
a liderança logo na primeira curva, o seu principal adversário na luta pelo
título, seu próprio companheiro de equipe, Nico Rosberg (18º), teve de
abandonar por problema no pedal do acelerador. Sua vantagem, no momento, é de
confortáveis 66 pontos sobre Rosberg. Se na próxima corrida ele marcar 9 pontos
a mais do que Nico, já pode levar o 3º título para casa. Aí o resto da
temporada é para se divertir na pista. Nico, evidentemente, estava desolado com
o problema, mas deve estar mais aliviado, afinal extraoficialmente já tinha
jogado a toalha, agora só falta fechar a tampa das chances dele ser campeão. E
com a punição ao Kimi pela lambança que fez, a Mercedes já assegurou o título
de Construtores.
Em 2º, com uma bela apresentação, chegou Sebastian Vettel.
Andou grudado no Bottas antes da parada para troca de pneus, depois quando o
finlandês foi trocar os pneus fez aquilo que o seu ídolo Schummy fazia à
perfeição: volta em ritmo de classificação para ganhar a posição na parada nos
boxes. Não que precise grande coisa para ser mais rápido que a Williams nos
boxes, mas enfim, ele executou a manobra muito bem, acelerou bastante, e foi um
2º lugar merecido. Seu companheiro Räikkönen (8º) não estava em um dia dos mais
inspirados, e fez lambança no final: disputando a 3ª colocação com o
compatriota Bottas, inventou um espaço para passar onde não existia, tocou na
roda traseira do Williams e o jogou para fora da pista. Com o toque, seu carro
também foi prejudicado e ele perdeu 3 posições até passar na linha de chegada.
Só que a FIA achou (com motivos) que ele forçou demais a barra, e o puniu com
30 segundos no tempo final, fazendo ele cair de 6º para 8º lugar. E que não
reclame muito, que poderia ter sido maior.
Em 3º, recompensando sua boa fase e uma pilotagem de alto
nível, chegou Pérez. Fez uma aposta bem arriscada, parando para sua única troca
de pneus durante o safety-car do acidente do Grosjean, fazendo 40 voltas com um
único jogo de pneus, e foi recompensado com o acidente entre os dois
finlandeses. Esse pódio deve gerar uma grande procura por ingressos para o GP
do México, de volta ao Hermanos Rodrigues (medo de ver o que o Tilke fez na
pista...) após muitos anos. Seu companheiro Hülkemberg (19º) ficou logo na
primeira volta, enroscado com o Ericsson.
Em 4º chegou Massa, que se classificou pessimamente mas
soube aproveitar as condições da corrida para galgar posições. Não que tenha
feito uma grande prova, na verdade 4º lugar foi muito para aquilo que ele
apresentou, mas a sorte resolveu sorrir para ele esse final de semana. Seu
companheiro Bottas (12º) sim, fez uma bela corrida, estragada por uma
ultrapassagem feita de maneira no mínimo equivocada pelo Kimi. Se a Williams
fosse menos tosca em paradas de troca de pneus, poderia tranquilamente ter terminado
em 2º lugar, já que nitidamente o Vettel não conseguia se aproximar o
suficiente nas retas para o ultrapassar.
Em 5º chegou Kvyat, fazendo a alegria da torcida ao ver um
compatriota chegando nos pontos. Retirou tudo o que era possível do carro, mesmo
em uma pista com retas que não favoreciam seu motor Renault. Seu companheiro Ricciardo
(15º) abandonou a poucas voltas do final com problema mecânico.
Em 6º, com uma pilotagem muito acima do que o carro oferece,
chegou Felipe Nasr. Sim, o Kimi foi punido, sim, o Bottas abandonou, sim, o Grosjean
bateu... mas ninguém tira do Felipe a bela pilotagem apresentada nesse final de
semana. Se classificou em 12º com um carro que não anda para isso tudo, e fez
uma corrida inteligente e pisando fundo o tempo todo. Talvez uma das melhores
apresentações dele desde a sua estreia, muito bom mesmo. Seu companheiro Ericsson
(20º) se classificou mal e só apareceu para tirar o Hülkemberg da corrida.
Em 7º chegou Maldonado. Sim, os tempos estão mudando, uma
Lotus bateu forte e não foi o Maldonado... não sei se é sinal do fim dos
tempos, mas enfim, dessa vez não foi ele. A bem da verdade, ele fez uma corrida
discreta, sem ameaçar fisicamente nenhum outro piloto, não se envolveu em
confusão, nem parecia que era ele ao volante (OK, foi maldade minha). Seu
companheiro Grosjean (17º) pareceu ter ido para o lado “sujo” da pista e perdeu
a aderência, em uma curva de alta velocidade. Não me pareceu ser culpa dele, e
sim da fornecedora de pneus que resolveu fazer esses compostos que esfarelam
rápido para atender à vontade do Mau Velhinho. Enfim, vai ficar uns dias
dolorido onde o cinto de segurança o segurou.
Em 9º chegou Button. Sim, em uma pista com longas retas uma
McLaren-Honda pontuou. Acho que isso é mais sinal do fim dos tempos que o
Maldonado não se envolver em encrenca, mas deixa para lá. Como não dava para
brigar com outros pilotos, andou junto ao companheiro o tempo todo. Alonso
(11º), por sinal, chegou em 10º mas recebeu punição por exceder os limites da
pista (bobagem criada por essa mania da FIA de área de escape asfaltada, fosse
nos tempos da grama quem excedesse os limites já era automaticamente punido), e
teve mais uma oportunidade de desfilar sua ironia para cima do engenheiro dele,
quando foi informado para “disputar posição com o Massa”. Mesmo o Massa não sendo
exatamente o melhor piloto da atualidade, a diferença de equipamento entre eles
é abissal, e não haveria muita possibilidade da ordem ser cumprida a contento.
Já tinha tomado uma invertida do pessoal da Manor, quando, comentando a
respeito da equipe receber motores Mercedes ano que vem, disse que “nem que
eles pusessem motor de avião andariam na frente”, ao que a equipe respondeu no
Twitter que essa é uma discussão que eles podem aprofundar ano que vem, quando
forem vizinhos de boxes (a McLaren é a penúltima no Mundial de Construtores e a
Manor é a ultima, o que as coloca em boxes vizinhos ano que vem).
E fechando a zona de pontuação chegou Max Verstappen, que
não teve uma corrida das mais fáceis, mas acabou sendo premiado com um
pontinho. Seu companheiro Sainz Jr. foi heroico: bateu forte no treino livre da
manhã de sábado, não participou da classificação (estava no hospital), mas
recebeu alta dos médicos e autorização da FIA para largar, e mesmo largando em
último lugar chegou a estar em 7º lugar. Foi traído a 8 voltas do final por
problemas nos freios, o que foi uma pena, já que o desempenho dele merecia uma
bandeirada final.
Próxima corrida GP dos EUA, em Austin, à tarde, portanto
provavelmente a corrida será transmitida apenas pela TV fechada, já que deve
ter algum jogo com pênalti a favor do Corinthians para transmitir no mesmo
horário.
Até a próxima!
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