Olá leitores!
Eu devo admitir, gosto muito da pista de Suzuka. Esse layout
em formato de 8, subidas, descidas, curvas de alta, é uma pista que me agrada
muito e que, em outras eras, com outros regulamentos, produziu corridas excelentes,
cheias de emoção. Aí saímos do passado e chegamos de volta a 2015. Não apenas a
corrida foi chata, como por questões politiqueiras a transmissão da corrida foi
das piores que já vi em décadas que acompanho o esporte.
A corrida foi chata pois logo na saída da curva 2 o menino
Rosberg entregou a rapadura (o pai deve ter entornado mais uma garrafa de vodka
depois dessa, já que ele era finlandês e não desistia nunca), o Hamilton
desapareceu na frente, e as disputas que aconteceram na pista em sua maioria foram
no pelotão intermediário. Aliás, o momento de acelerar os batimentos cardíacos
foi protagonizado pela equipe que mais ao fundo fica no grid, a Manor, quase um
carro de GP2: na saída da 130R, talvez a curva mais veloz da categoria, o Will
Stevens fez o favor de rodar no meio da pista, ficou a 90 graus em relação ao
eixo da pista, e no que foi se recuperar da rodada quase acertou seu
companheiro de equipe, o Alexander Rossi (que entrou corrida passada no lugar
do Merhi), mostrando grande competência para se desviar do companheiro
trapalhão.
Quanto à transmissão de TV, quem gera as imagens é a FOM,
empresa comandada pelo Titio Bernie, que está ouvindo muitas reclamações por
parte da Red Bull, ameaçando retirar seus 4 carros da categoria se não
conseguir um motor competitivo para ano que vem (reclamaram tanto da Renault
que a própria Renault já disse que não quer mais fornecer motores para eles).
Tanto a Mercedes como a Ferrari estão relutantes em fornecer seus motores para
a equipe. A princípio, a Mercedes já disse que não fornecerá, e a Ferrari não
quer fornecer a mesma versão usada pelo carro da equipe, ou ao menos não
fornecer a atualização na mesma corrida. E os austríacos estão esperneando. Não
me surpreenderia se houvesse um “conselho” para o pessoal mostrar o menos
possível os carros dessas equipes para as pressionar a atender o pedido da Red
Bull, Bernie é Bernie. Como isso pressiona? Mostrando menos os carros, o tempo
de exposição dos patrocinadores é menor, o que com certeza vai gerar
movimentação no departamento financeiro. Foi assim que vimos diversas vezes os
carros da McLaren, ouvimos Alonso reclamar como só Alonso sabe reclamar pelo
rádio, vimos as Manor em situações que não eram apenas sendo ultrapassadas
levando volta dos líderes, vimos as disputas entre as Lotus, Sauber e Force
India, e por aí vai, mas ao menos era onde aparecia alguma ação na corrida.
Enfim, foi difícil ficar acordado de madrugada.
Vitória previsível de Hamilton (sua 41ª, igualando a marca
do seu ídolo Senna, como a transmissão repetiu à exaustão), com 2º lugar
previsível de Rosberg. Logo na largada vimos quem está motivado e comprometido,
e quem não está. A vantagem da saída de pista do Rosberg foi termos a rara
oportunidade de vermos menino Nico fazendo uma ultrapassagem em disputa de
posição (sobre o Bottas) ao invés de apenas passar por retardatários. Quanto ao
Hamilton, deve ter sido uma das vitórias mais fáceis da vida dele. Não foi
ameaçado em momento algum depois de passar pelo companheiro. Fizeram o que é
esperado deles, não atrapalharam o carro da Mercedes em sua busca pelos dois
degraus mais altos do pódio.
Em 3º, também previsivelmente, chegou Vettel, o melhor
daqueles que não correm com carro da Mercedes. Passou Bottas na largada, e à
frente dele se manteve até o final. Passou parte da corrida em 2º, mas Rosberg
parou para trocar pneus uma volta antes e perdeu nos boxes a 2ª posição. O que
não estava no script era o 4º lugar do Räikkönen, que enfim teve uma corrida
sem problemas e conseguiu chegar logo atrás do companheiro de equipe.
Em 5º chegou Bottas, que fez uma boa corrida, mais uma vez
prejudicada pelos estrategistas da Williams, sem contar o trabalho de boxe não
exatamente eficiente que já é tradicional da equipe. Massa (17º), coitado, se
envolveu em um acidente com o Ricciardo logo na primeira curva, furou o pneu
dianteiro direito, envolveu Pérez e Sainz no enrosco, se arrastou até os boxes,
perdeu uma volta logo de cara, e se não fosse a habitual falta de vontade
própria dos pilotos da atualidade, deveria ter abandonado logo quando tomou a
2ª volta dos líderes, para poupar quilometragem do motor. Não o fez pois, via
de regra, piloto de hoje não faz nada sem o aval dos boxes. Dia para esquecer.
Em 6º chegou Hülkemberg, ótima corrida após largar em 13º e
já na segunda curva estar em 8º. Ganhou a posição dos Lotus na parada de boxe,
e fez por merecer os pontos. É o tipo de piloto que cresce em pistas mais
tradicionais. Seu companheiro Pérez (12º) se envolveu também na confusão entre
o Massa e Ricciardo, e fez uma corrida de recuperação. Complicada em uma
corrida em que apenas um carro abandonou.
Em 7º e 8º vieram os carros da Lotus, respectivamente
Grosjean e Maldonado. Resultado bom para a equipe, e os dois pilotos
protagonizaram belas disputas entre si, foram um dos destaques da corrida (por
mais surreal que a frase possa parecer...).
Em 9º e 10º, fechando a zona de pontuação, chegaram os
carros da Toro Rosso. Na frente, o favorito da FOM, Max Verstappen, que
apareceu na geração de imagens como nunca, e fez uma bela corrida levando sua
Toro Rosso até os pontos. Definitivamente o garoto está em uma fase iluminada,
e fez uma bela corrida. Seu companheiro Sainz Jr. fez uma corrida muito
consistente, mesmo tendo saído da pista na primeira curva e depois acertado um
pequeno poste que limita a entrada dos boxes, obrigando a equipe a fazer uma
troca de bico de improviso. Com o desempenho apresentado e sem os problemas,
poderia ter chegado em 7º ou 8º tranquilamente.
Próxima corrida daqui a 2 semanas, no balneário turístico de
Sochi, na Rússia. Uma pista que me agradou em sua primeira impressão ano
passado, e que acho que pode surpreender novamente esse ano.
Até a próxima!
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