Olá leitores!
Após as férias de verão da categoria, o espetáculo da
velocidade retorna em um de seus mais belos palcos, Spa-Francorchamps. Confesso
que fiquei aguardando a chuva que a meteorologia prometia desde o sábado, mas
mesmo assim a corrida não foi ruim. O novo procedimento de largada determinado
pela FIA (sem que os engenheiros digam para a Geração Y o que eles têm que
fazer) deu uma maior emoção para a corrida, com a volta dos erros de largada, e
descontando a briga na frente que inexistiu, no restante das posições até que pudemos
assistir algumas disputas. Não foi a melhor corrida que já teve em Spa, mas não
comprometeu.
Vitória mais do que previsível do Hamilton, já que o
companheiro Rosberg estava com a cabeça na esposa que estava na boca da
maternidade, com a filha dele podendo nascer a qualquer momento, inclusive com
um esquema preparado para tirar ele rapidamente do autódromo e o colocar num
jatinho para ir acompanhar o nascimento da criança. Hamilton largou bem,
assumiu a liderança e após as primeiras voltas não mais foi ameaçado. Rosberg
largou mal, mas após 15 voltas estava de retorno ao segundo lugar que lhe era
de direito. E mais não tivemos ali na frente. Nesse ponto, a corrida foi bem
chatinha.
Em 3º lugar chegou um surpreendente Romain Grosjean, com sua
Lotus-Mercedes muito veloz nas retas, e com o francês fazendo uma pilotagem
segura e sem erros (sim, o Grosjean não fez bobagens, podem anotar esse dia no
calendário). Talvez uma das melhores apresentações dele na F-1. Seu companheiro
Maldonado (19º), por outro lado, abandonou logo na segunda volta, com pane no
volante – como a maior parte dos comandos está nele, foi o fim da linha. Pelo
desempenho apresentado pelo Grosjean, se não batesse poderia ter terminado nos
pontos.
Em 4º lugar surpreendentemente chegou Kvyat. Não que o
piloto russo nessa posição seja surpreendente, ele tem talento para isso e até
mais, porém em uma pista onde a cavalaria do motor conta muito, ele aparecer
com um carro da Red Bull empurrada por um motor Renault não deixa de ser um
espanto. Correu muito bem nesse domingo, e soube aproveitar a estratégia que a
equipe montou para ele, não o chamando para a troca de pneus por ocasião do
safety-car virtual que apareceu por ocasião da pane do Ricciardo, chamando-o
para trocar os pneus mais tarde para que tivesse borracha em melhor estado no
final da corrida. Afinal, não adianta montar estratégia se o piloto não for capaz
de a cumprir (não é, Miojinho?). Foi uma boa prova para ele. Seu companheiro
Ricciardo (18º) também vinha com um desempenho bem aceitável, na largada chegou
a estar em 3º, vinha correndo bem, mas teve uma pane e abandonou.
Em 5º chegou Sérgio Pérez, conseguindo importantes pontos
com sua Force India, e fazendo uma corrida muito madura e consistente. Ele é um
bom piloto, pena que é inconsistente, uma corrida vem bem, na seguinte comete
erros infantis... nesse domingo, especificamente, fez uma largada magistral e chegou
a ameaçar a liderança do Hamilton por alguns instantes. A diferença entre os
carros não permitiu, mas deu para ver o que o Pérez pode fazer em um dia
inspirado. Depois acabou perdendo posições por conta do desgaste alto dos
pneus, mas eu acredito que tenha sido a melhor apresentação do mexicano esse
ano. Seu companheiro Hülkemberg (20º), fazendo jus à fama de Chris Amon do
século XXI, nem largou, teve pane na volta de apresentação. Que dureza...
Em 6º chegou Massa, em um final de semana em que pouca coisa
deu certo para a Williams. Ao final da prova, fiel ao seu estilo, reclamou de
tanta coisa que não deu para saber exatamente o que que estava atrapalhando o
rendimento do carro, parece que o principal foi o pneu... pela quantidade de
reclamações, parecia que estava pilotando uma McLaren. Mas o cúmulo da várzea
aconteceu com o seu companheiro Bottas (9º), que na parada para troca de pneus
recebeu 3 pneus macios... e 1 médio. Sim, a cor das inscrições dos pneus é
diferente, o médio é branco e o macio é amarelo, mas segundo o engenheiro
ninguém percebeu na hora. Levando em conta que tanto Niki Lauda como o Tio
Bernie andaram visitando a MotoGP, devem estar pensando em algo parecido com a
MotoGP, onde pode ter um tipo de pneu na frente e outro atrás... deixando a
brincadeira de lado, mais uma burrada para o cartel da Williams. Antes disso,
Bottas vinha acelerando forte em 5º lugar, e podia sonhar com podio.
Em 7º chegou Kimi Räikkönen, já de contrato renovado e
fazendo uma boa corrida dentro das limitações: para quem não treinou bem e
largou em 16º, 7º lugar no final não é uma má posição... mas efetivamente a
Ferrari poderia ter apresentado um rendimento melhor. Seu companheiro Vettel
(12º) arriscou uma ousada estratégia de apenas uma parada, e na penúltima volta
teve o pneu traseiro direito estourado em plena reta Kemmel, demonstrando
grande habilidade em controlar o carro com o pneu em frangalhos. Depois da
prova cornetou de monte a Pirelli, em minha opinião injustamente: ele arriscou
e deu errado, como o pneu poderia aguentar mais 2 voltas e dar certo. No meio
da semana ele vai esfriar a cabeça e perceber que não era nada daquilo.
Em 8º chegou o Max Versatappen, levando a Toro Rosso à zona
de pontos mais uma vez. A exemplo do Kimi, fez algumas boas ultrapassagens e
correu no limite do que o carro permitia, foi bem. Seu companheiro Sainz Jr.
(17º) teve problemas logo na volta de apresentação, largou dos boxes 2 voltas
atrás e continuou na corrida até que a equipe pediu para recolher o carro, já
que não teria como pontuar mesmo.
Em 10º, fechando a zona de pontos, chegou Marcus Ericsson,
garantindo um solitário ponto para a Sauber. Teve a corrida atrapalhada por
detritos na primeira fase da corrida, e dentro das grandes limitações do carro
fez o melhor que podia. Seu companheiro Nasr (11º) chegou logo atrás, e a
exemplo do xará Massa saiu reclamando de falta de aderência do carro... e
também dos freios, e do pneu furado... enfim, um dia que ele quer esquecer.
Poderia ser menos azedo e lembrar a bela ultrapassagem que fez sobre o Alonso
na volta 17, mas parece que não era esse o objetivo dele.
Nesse domingo faleceu, aos 85 anos, o ex-piloto e ex-dono de
equipe Guy Ligier, cuja equipe (tendo o competente Jacques Lafitte como
primeiro piloto) teve seu auge entre 1977 e 1981. A equipe deixou de existir ao
final de 1996, quando ele a vendeu para outro ex-piloto, Alain Prost.
Para encerrar, sei que não é F-1, mas não posso deixar passar
em branco: nesse domingo, na corrida de 500 milhas no meu oval favorito, Pocono,
pela Fórmula Indy, um dos pilotos mais persistentes que existe (querer correr
de fórmula quando se tem 1,92m de altura é muita persistência...), o Justin
Wilson, sofreu um acidente tipo o do Massa, só que pior: Massa foi apenas uma
porca, Justin recebeu na cabeça o crash box (aquela peça que fica no bico do
carro de fórmula que serve para absorver o impacto) do carro do Sage Karam.
Atrasei a entrega da coluna, mas até agora o que se tem de notícia é que ele
está em coma, sem responder a estímulos externos. A imagem é arrepiante, não
recomendo a pessoas impressionáveis que assistam. Como disse Dario Franchitti
por ocasião do falecimento do Jules Bianchi, esse esporte que amamos pode ser
profundamente ingrato. Meus pensamentos positivos estão voltados para o talentoso
Wilson, um piloto que só não foi para a F-1 por não caber no carro,
literalmente... triste, muito triste.
Próxima corrida da F-1 será em outro templo da categoria,
Monza, dia 06/09.
Até a próxima!
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