quinta-feira, 18 de junho de 2015

Não é mais nostalgia, mas fato: O futebol do passado foi muito melhor



Futebol brasileiro acabou. É fato consumado e estatístico. Mais que isso: é situação analisada pelos especialistas, que de maneira mais sutil, analisam o futebol brasileiro apenas como “despreparado” para competir com outras seleções. O eufemismo vale: estamos aqui acompanhando a seleção brasileira (com letras minúsculas) como se houvesse alguma chance. Existe, no futebol nem tudo está perdido. Mas essa chance de chegarmos novamente ao topo depende de uma organização que não temos. De uma cultura que não faz parte de nós. Tomar vergonha na cara, reorganizar; desfazer tudo que está mal feito. Estamos longe ainda da capacidade em destruir para poder reconstruir.

A primeira grande chance de acontecer uma reviravolta foi o jogo contra a Alemanha. Ainda pregamos que aquilo foi apenas o acaso. Vejam quantos resultados o Dunga conseguiu depois da “revolução”. A desculpa de bons resultados acalma o pavor de novos péssimos jogos. Lembrando que fomos campeões da Copa das Confederações, dando um baile na Espanha na final. De lá para cá, o que aconteceu? Nenhuma explicação evidente, exceto o acaso. O acaso que tenta explicar a vitória da Alemanha por goleada não é o mesmo que explica a nossa vitória sobre a Espanha. Tem um contexto que, por vezes, é deixado de lado.

O futebol brasileiro perdeu a magia. A natureza sempre tão generosa, agora nos limitou ao excepcional Neymar. O resto, todos eles, são mais do mesmo, quase todos medianos. Troca-se seis por meia dúzia. É claro que alguns nomes estão bem abaixo do que podemos considerar mediano; mesmo assim não justifica uma equipe tão pequena. Somos pequenos pela primeira vez na história, e não sabemos como lidar com isso. Não sabemos sequer reverter o quadro. Ainda pensamos nos jogadores como material chave para a mudança, esquecendo que os jogadores são formados aqui em nosso país, seguindo regras e trejeitos que já deixaram de existir há muito tempo lá fora.

Aqui o moleque vira profissional muito cedo. Mas o profissional apenas no contrato assinado, nas cifras milionárias. Continua sendo moleque no pior sentido da palavra: mimado e antiprofissional. Cobramos desse moleque, desde pequeno, a vitória; mas sem ao menos prepara-lo para isso. A vitória começa com o carro do ano, uma modelo do lado; uma chuteira colorida. O preparo de horas de treinamento e do doar-se em campo. Deixou de lado o amor pelo futebol, mas adora uma negociação e um direito de imagem. Nossos profissionais milionários não são cobrados em planos realmente profissionais, dentro e fora de campo. Como já foi dito por dois grandes treinadores: enquanto passarmos a mão na cabeça dos nossos jogadores, seremos reféns de seu estado de espírito.


A seleção brasileira vira um catado. Não por falta de treinamento; por maneira incorreta de preparo. Mas por um problema sério de formação. Exatamente por isso o pessimismo: novos jogadores medianos estarão surgindo para deteriorar ainda mais o futebol brasileiro. Enquanto não jogar com bola de meia, com trave demarcada com chinelo; em campos lamacentos e esburacados; teremos uma geração que não saberá usar a criatividade tampouco a imaginação. Enquanto os jogadores nascidos agora se surpreenderem mais com o lançamento do novo jogo eletrônico que o museu do nosso futebol estaremos próximos mais próximos a extinção que a tal renovação. A entressafra, portanto, perdurará mais algumas décadas de um futebol medonho, medroso e com poucas alternativas. 




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