Futebol
brasileiro acabou. É fato consumado e estatístico. Mais que isso: é situação
analisada pelos especialistas, que de maneira mais sutil, analisam o futebol
brasileiro apenas como “despreparado” para competir com outras seleções. O
eufemismo vale: estamos aqui acompanhando a seleção brasileira (com letras
minúsculas) como se houvesse alguma chance. Existe, no futebol nem tudo está
perdido. Mas essa chance de chegarmos novamente ao topo depende de uma
organização que não temos. De uma cultura que não faz parte de nós. Tomar
vergonha na cara, reorganizar; desfazer tudo que está mal feito. Estamos longe
ainda da capacidade em destruir para poder reconstruir.
A primeira
grande chance de acontecer uma reviravolta foi o jogo contra a Alemanha. Ainda
pregamos que aquilo foi apenas o acaso. Vejam quantos resultados o Dunga
conseguiu depois da “revolução”. A desculpa de bons resultados acalma o pavor
de novos péssimos jogos. Lembrando que fomos campeões da Copa das
Confederações, dando um baile na Espanha na final. De lá para cá, o que
aconteceu? Nenhuma explicação evidente, exceto o acaso. O acaso que tenta
explicar a vitória da Alemanha por goleada não é o mesmo que explica a nossa
vitória sobre a Espanha. Tem um contexto que, por vezes, é deixado de lado.
O futebol
brasileiro perdeu a magia. A natureza sempre tão generosa, agora nos limitou ao
excepcional Neymar. O resto, todos eles, são mais do mesmo, quase todos
medianos. Troca-se seis por meia dúzia. É claro que alguns nomes estão bem
abaixo do que podemos considerar mediano; mesmo assim não justifica uma equipe
tão pequena. Somos pequenos pela primeira vez na história, e não sabemos como
lidar com isso. Não sabemos sequer reverter o quadro. Ainda pensamos nos
jogadores como material chave para a mudança, esquecendo que os jogadores são
formados aqui em nosso país, seguindo regras e trejeitos que já deixaram de
existir há muito tempo lá fora.
Aqui o moleque
vira profissional muito cedo. Mas o profissional apenas no contrato assinado,
nas cifras milionárias. Continua sendo moleque no pior sentido da palavra:
mimado e antiprofissional. Cobramos desse moleque, desde pequeno, a vitória;
mas sem ao menos prepara-lo para isso. A vitória começa com o carro do ano, uma
modelo do lado; uma chuteira colorida. O preparo de horas de treinamento e do doar-se em campo.
Deixou de lado o amor pelo futebol, mas adora uma negociação e um direito de
imagem. Nossos profissionais milionários não são cobrados em planos realmente
profissionais, dentro e fora de campo. Como já foi dito por dois grandes
treinadores: enquanto passarmos a mão na cabeça dos nossos jogadores, seremos
reféns de seu estado de espírito.
A seleção
brasileira vira um catado. Não por falta de treinamento; por maneira incorreta de
preparo. Mas por um problema sério de formação. Exatamente por isso o
pessimismo: novos jogadores medianos estarão surgindo para deteriorar ainda
mais o futebol brasileiro. Enquanto não jogar com bola de meia, com trave
demarcada com chinelo; em campos lamacentos e esburacados; teremos uma geração
que não saberá usar a criatividade tampouco a imaginação. Enquanto os jogadores
nascidos agora se surpreenderem mais com o lançamento do novo jogo eletrônico
que o museu do nosso futebol estaremos próximos mais próximos a extinção que a
tal renovação. A entressafra, portanto, perdurará mais algumas décadas de um
futebol medonho, medroso e com poucas alternativas.
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