Futebol tem lá
suas particularidades. Mas, em algumas oportunidades, só conseguimos entendê-lo
de fato fazendo determinadas comparações. O futebol da Libertadores,
especificamente para São Paulo e Corinthians; tem pesos e medidas completamente
diferentes. Parece que estamos tratando de apresentações opostas, na grandeza,
na forma e na história. Um desavisado qualquer do futebol, trataria o São Paulo
como aquele time médio, pequeno; mal em todos os aspectos. Corinthians grande,
espetacular; invencível. Mas vamos com calma, que nem tudo parece tão óbvio.
Um dos esportes
em que o aspecto psicológico arregaça as mangas e vai para o campo é o futebol.
Lá dentro do campo, quando começa a disputa, cada individualidade age no
emaranhado de situações, fazendo com que o coletivo reaja às diversas partes do
jogo, como um passe, um chute e um cabeceio. A técnica, a habilidade; são
fatores importantes numa equipe, mas a maneira em que essa habilidade é imposta,
cabe uma enorme diferença. Por isso que temos ao longo da história equipes
habilidosas que não conseguem nenhum título e equipes medíocres campeãs.
São Paulo e
Corinthians agem e reagem de forma diferente. Ainda que não haja uma gritante
diferença técnica, existe uma visível diferença prática. Corinthians se posta
em campo como quem quer ganhar, quem sabe que pode ganhar; quem é exigido por
todos (inclusive internamente) para ganhar. Mostra em cada uma de suas
passagens, seja no passe ou numa jogada ensaiada; que aquilo faz parte da vitória.
Não estão ali para decidir, mas pare definir. O objetivo principal, imposto
pela motivação regular do técnico Tite, é que a vitória será melhor se justa;
se merecida; batalhada.
Enquanto isso,
no São Paulo, há uma tendência ao derrotismo; a acomodação de que é possível
perder. Não há culpa, nem dor na consciência ao não conseguir fazer um gol. Existe
uma vontade enorme em ganhar; em acertar, em fazer bem o papel dentro de campo;
mas mesmo assim, ainda que a vitória seja um objetivo, ela é apenas decidida,
mas não definida. Sair derrotado, ainda que doloroso, parece fazer parte do
jogo. Não há, pelo menos visivelmente, aquele semblante construtivo;
ganancioso. Falta no São Paulo a motivação vitoriosa que hoje podemos encontrar
no Corinthians.
Talvez por isso
os jornais de hoje coloquem o Corinthians como invencível e o São Paulo como o
derrotado. A expectativa de um viés vitorioso do alvinegro foi vista e testada
das mais diversas formas: com jogador a menos, fora de casa; jogando mal;
jogando contra os grandes; jogando quando a adversidade parecia ser um grande
inimigo. Em todos esses momentos a expectativa trouxe elementos para a vitória.
Do outro lado, do São Paulo, a adversidade, mesmo quando não existia; era
criada como um boato qualquer que derruba as melhores e mais lucrativas ações.
Mas creio, mesmo
que a lógica e as estatísticas mostrem isso com certa clareza; que o futebol não
é assunto tão fácil; que nele não se pode enumerar argumentos tão nítidos; uma
hipótese tão certeira. Não pode catalogar São Paulo tão pessimamente, oposto ao
Corinthians. As grandezas são conceitos que podem se enquadrar em qualquer clube
de futebol: podemos diminuí-los ou aumentá-los quando acharmos conveniente. E parte dessa grandeza só acontece com os resultados: São Paulo e Corinthians iguais seriam manchetes parecidas e expectativas de grandes jogos.
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