Olá leitores!
As lições de moral que ficam da corrida desse domingo são:
a) não subestime seus adversários; b) cuidado com aquilo que você deseja. Após
a prova de Melbourne, após declarar que gostaria de ver corridas mais
disputadas, Nico Rosberg foi interrompido por Vettel, que argumentou que eles
terminam as provas 30 segundos à frente dos outros carros e ironizou dizendo
que não acreditava que eles fossem ficar mais lentos por causa disso.
Rosberguinho contra-atacou dizendo que esperava que os adversários oferecessem um
desafio. Sebastian pediu (brincando) que a Mercedes deixasse a garagem deles
aberta para a visitação das outras equipes. Nico então convidou Vettel essa
semana para a reunião com os engenheiros na sexta-feira à tarde em Sepang.
Vettel recusou, dizendo ser jogada de marketing, mas nitidamente ficou “mordido”
com a situação. E eis que veio o domingo, e a todo poderosa Mercedes comete um
erro considerável de estratégia, acreditando que a concorrência não seria capaz
de interferir na luta deles pela vitória. Pois é... 40ª vitória do
tetracampeão, mostrando que ele não venceu 4 campeonatos pela Red Bull apenas
por causa do carro. Pilotou MUITO nesse domingo, e deixou a dupla da Mercedes
com um tremendo sorriso amarelo nos degraus mais baixos do pódio.
Primeira vitória do Vettel na Ferrari, logo em sua segunda corrida,
40ª de sua carreira (a apenas uma vitória do Senna), e uma alegria na
comemoração que fez lembrar do seu grande mentor, Michael Schumacher, em uma
longa recuperação após o terrível acidente de esqui no começo do ano passado. A
execução em seguida dos hinos alemão e italiano certamente levou muitos fãs da
equipe às lágrimas. Enfim, foi uma vitória memorável para o mais jovem
tetracampeão da história. O motor não atingiu o patamar dos Mercedes, mas melhorou
muito do ano passado para esse, e o carro consome muito menos pneus que no ano
anterior. O atual projetista veio da Lotus, onde já tinha feito carros com essa
característica, pelo que podemos deduzir que o desempenho da equipe será melhor
quando o asfalto for abrasivo. Seu companheiro Räikkönen (4º) também fez uma
senhora corrida, já que teve o pneu traseiro furado na última curva do circuito
e precisou fazer uma volta inteira com o pneu furado para poder trocar, caindo
para último lugar. OK, a entrada do safety-car por conta do Ericsson atoladinho
na brita ajudou, ajuntando os pilotos, mas se ele não fosse um piloto que toma a
iniciativa de ultrapassar, esse resultado não viria.
Hamilton, 2º colocado, parecia realmente bravo com a
estratégia, digamos, pouco funcional que a equipe inventou para ele. O trazer
para os boxes na 4ª volta para troca de pneus não parecia a coisa mais acertada
em uma pista abrasiva como Sepang, mesmo que os pneus da largada já tivessem
sido usados na classificação... enfim, ele voltou no meio do tráfego, tendo que
passar Pérez, Grosjean, Sainz Jr. e Hülkemberg. Até ultrapassou relativamente
rápido, mas foi um tempo perdido enquanto Vettel, que não parou, disparava
sozinho na liderança. Tanto não gostou que demorou para ele relaxar após a
corrida e mostrar um sorriso, ainda que amarelo. Seu companheiro Rosberg (3º)
estava mais tranquilo, elogiando o trabalho de estratégia da Ferrari, e deve
ter pensado um bocado a respeito do resultado de sua provocação...
Em 5º e 6º chegou a dupla da Williams, respectivamente
Bottas e Massa. Bottas fez o que ele sabe fazer bem: acelerou fundo, apesar de
ter sofrido um pouco no começo da prova com o tráfego. No final, estava
satisfeito com o resultado. Seu companheiro Massa voltou ao seu padrão
reclamão. Reclamou da última parada nos boxes, reclamou da vitória da Ferrari,
e tomou passão por fora do Bottas no final da corrida. Esse é o Massa que eu
conheço.
Em 7º e 8º chegou a (muito) jovem dupla da Toro Rosso, Max “di
menor” Verstappen em 7º e Sainz Jr. em 8º. Ótima corrida dos dois, a meu ver
principalmente a do Verstappen, que definitivamente parece ser melhor do que
papai foi. O menino tem o pé direito pesado, e não se intimida em divisão de
curva com pilotos muito mais experientes. Sainz Jr. também não faz feio, e pelo
menos um espanhol deve ter ficado contente com a corrida (e todo estufado de
orgulho do filho...).
Em 9º e 10º, fechando a zona de pontos, chegou a dupla da
Red Bull... sim, os carros da “filial” chegaram na frente daqueles da “matriz”.
Kvyat (9º) teve sua corrida atrapalhada por uma atitude no mínimo precipitada
do Pérez em uma disputa de posições, que o fez rodar com um toque na roda
traseira em uma curva, e mesmo voltando rapidamente para a pista você perde
mais que apenas esse tempo do retorno; perde um pouco de concentração, o pneu
após raspar no asfalto não é mais o mesmo, até que 9º foi um bom resultado. Já
o Ricciardo (10º), coitado, sofreu um toque na asa dianteira logo na primeira
volta, que foi progressivamente desestabilizando o carro, e depois teve
problemas sérios de freio. A imagem da nuvem escura que saía das rodas do carro
do Daniel nas freadas mais fortes era impressionante pelo lado negativo...
admito que fiquei esperando uma falha daquelas “em grande estilo”, que
felizmente não aconteceu.
Próxima corrida será na madrugada do dia 12/04, GP da China,
onde todos os paulistanos poderão ver que a cidade é poluída, mas parece Campos
de Jordão se comparado a Xangai, onde sempre existe uma forte névoa de poluição
atrapalhando os raios do Sol atingirem o solo.
Até a próxima!
Alexandre Bianchini
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