Pois bem. Mais
um jogo da seleção brasileira. Mais um jogo que poderia ser muito interessante,
mas não é. Perdemos o resto de brilho; perdemos a confiança. Ainda há
torcedores fanáticos, apaixonados pelo hino nacional, como se ele fosse
realmente a cara de um país. Ando me acostumando com a ideia de separar o joio
do trigo, o patriotismo do campo de futebol. É difícil, mas não impossível. O
jogo da seleção brasileira eu não sei, nem me interesso. Vai ver que estou
prestes a aceitar essa nova fase, a Nova Era.
A Nova Era do
nosso futebol trará ainda resultados devastadores. O primeiro deles foi o
modernismo das famosas arenas. Os conservadores do futebol com cabelo
alvoroçado, vendo pouco a pouco ruínas dos velhos estádios de futebol. Depois
das modernas arenas pró-copa, depois da quase totalidade reforma do estádio do
Palmeiras; eis que agora surge a notícia que o histórico Canindé mudará de
rumo. Piadas a parte, não encontrarão o trator enterrado no campo, mas com
certeza estão tirando os fantasmas do amadorismo do armário. Uma nova obra pode
ficar pronta daqui três anos, com área de conveniência, hotéis, lojas e afins.
É o dinheiro
erguendo coisas belas, como diz a música. Dinheiro que é bem-vindo no mundo dos
negócios. Mas dinheiro que não se importa tanto com a tradição. Tradição versus
modernismo. Vamos chorar pelo Canindé no chão depois da arena pronta? Alguma
saudade do Palestra antigo? Nostálgicos não terão vez no futebol brasileiro.
Logo sucumbirá os regionais, os clubes menores; tudo que antes era salutar e
hoje não é mais. Acabaremos com os tradicionais e centenários clubes pois eles
não conseguiram se adaptar ao que o futebol é hoje.
O fim da
Portuguesa como é, mostra o símbolo do futebol como será: tradição não ganha
jogo, não paga bicho; não amedronta. Valerá para todas equipes, inclusive para
seleção brasileira. Mais sorte terá a Lusa, pior será para o Guarani: Brinco de
Ouro não vale nada para essa gente, vale apenas para os torcedores; que só
podem mesmo lamentar. Corinthians, Palmeiras, Ponte Preta e Santos sobrevivem
em suas burocracias e amadorismos graças aos torcedores, que pressionam mudanças;
querem o clube no futuro. A seleção brasileira foi abandonada, traída; uma
mulher da vida.
Não só o nível técnico
levará torcedores para os espetáculos europeus. Não apenas os grandes
jogadores, a organização; o nível tático. Os torcedores nascituros quererão os
grandes jogos da Espanha, Itália e Alemanha. Torcerão pelos clubes nacionais,
mas saberão que o amor será vulnerável. Não mais aquele amor fiel, indiscutível.
E tudo isso porque um item explorado inconscientemente pelos torcedores começará
a perder força, vantagem; a tradição. O futebol brasileiro ainda respira, pois
em nós ainda essa desculpa.
Pode ser um tiro
no pé acabar com o passado, mas pode ser a modernização nossa única saída.
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