Em primeiro lugar, desejo um
feliz 2015 a todos os colaboradores e leitores desse espaço. O ano não
parece ser muito promissor para o nobre esporte bretão. O futebol brasileiro
ainda está em negação, termo muito usado na psicologia, quando o paciente se
recusa a aceitar uma verdade. O 7 a 1 não foi
digerido da forma devida, não tivemos o nosso merecido luto, não tivemos
tempo de homenagear o nosso morto, refletir sobre os erros cometidos, encontrar
o equilíbrio necessário para planejarmos o futuro. Não. Nada disso. Fizeram-nos
engolir uma dose cavalar de Dunga goela abaixo, abriram as cortinas e
prosseguiram o espetáculo. “The show must go on”, como já cantava o Freddy Mercury no
Queen.
Por falar em negação, psicologia e
outros “offsides” da mente humana, acabo de lembrar do retorno do zagueiro
Breno ao elenco titular do São Paulo. Para quem não se lembra da história, o
Breno estourou no Tricolor com 17 anos, em 2007, e foi vendido a peso de ouro
para o Bayern de Munique. Não se adaptou, não se firmou, não jogou e, num caso,
pra lá de bizarro, ateou fogo na própria casa, sendo condenado pela Justiça
alemã a permanecer 03 anos no cárcere. Cumpriu a pena e retornou para o Brasil,
para a temporada 2015.
Vale dizer que, antes de ir para
a Alemanha, considerava que o Breno tinha potencial para ser um grande
zagueiro. Jogou muito bem ainda novo e poderia, com a experiência de uma liga
forte européia e bons técnicos, ser um jogador melhor que o Thiago Silva, por
exemplo. Eu disse potencial. Ele não se tornou nada além de um jogador mediano,
regular. Em momento algum mostrou que poderia ser titular do Bayern. Foi
emprestado, teve lesões e, para piorar, foi condenado e preso na Alemanha por
03 anos. Durante os últimos 03 anos esse rapaz não teve uma vida de jogador profissional,
mas sim, de um preso em recuperação. Ninguém desaprende a jogar bola, mas,
perde condicionamento físico e, principalmente, técnico para executar as
funções em campo. Futebol é um esporte de habilidades e que exige prática
constante. Não acredito que o Breno consiga ter uma carreira profissional como
jogador.
Contudo, acho importante falar do
homem-jogador, talvez o ser menos importante nessa engrenagem chamada futebol
profissional. O episódio do Breno mostra que o homem-jogador tem uma vida fora
dos gramados e das fotos nas redes sociais que nem sempre é feliz, colorida.
Quando o juiz apita o final do jogo e a torcida esvazia as arquibancadas, alguns
homens-jogadores têm que viver uma vida, às vezes, insuportável. A verdade é que,
apesar de todo o dinheiro e fama, muitos dos problemas que atormentam a minha e
a sua vida, embaralham, também, a cabeça dos grandes astros dos gramados.
Eu nem consigo imaginar o quão
duro deve ser, para um jovem de 21 anos, ser privado da sua liberdade como ele
foi. Por essa razão, fico feliz que o São Paulo tenha aberto as portas para
esse rapaz. Ele cometeu erros, mas, ninguém se machucou, ele pagou o que devia
à Justiça e, portanto, merece mais uma chance. Se ele acha que ainda pode ser
um jogador profissional, então, que lhe seja dada a oportunidade para treinar e
mostra para a comissão técnica que ele pode estar entre os onze. Ele ainda é
jovem (25 anos) e espero que consiga lidar com os seus demônios e tenha uma
vida produtiva, mesmo que o seu futuro esteja fora dos campos.
Enfim, é muito bom poder
contribuir com esse espaço mais um ano. Vamos pro ataque!
Um comentário:
Concordo.
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