sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Quero Bolo


Por Carlos Romanzza.


E avante. Quando surge? Eis que me inauguro aqui não para homenagear, mas para desabafar meu clube de coração. Quando urge? Das cinzas que eram verdes agora como folha morta e seca depois da queimada. Devastação, desmatamento. Ali onde era academia, não mais. Até a placa velha, enferrujada e grená – Embora nunca tenha sido grená, mas assim que a vejo em minha memória -  a vida parecia ser tão mais bela.

Não sou tão velho, mas também não muito novo. Sei das glórias do século, mas também da decadência dos anos. Nostalgia mesmo pelo meu velho avô falando dos sujeitos em campo, engomados e com bigodes pintados com tinta de cabelo. Eram craques, eram clássicos; frente a frente com os maiores de sua época: São Paulo e Santos. Corinthians não aparecia na foto, aparecia nos jornais para ser mesmo motivo de piada (Que grosseria: não vim até aqui atacar meus amigos). A fase péssima deles passou, a nossa à vista.

Isso foi para mostrar que o futebol é momento. E que longa caminhada estamos vivendo. Teve gás de um título da Libertadores, quase um mundial: não há falha que não seja perdoada, Marcos! Ápice, glória. De um modo diferente, modesto, parecia que uma nova academia surgiria para o futuro. Mudamos o uniforme; rompemos uma década e meia de amargura. De quem ganhamos? Arquirival, inimigo de berço: título paulista em cima do Corinthians.

Mas e hoje? Centenário? Qual a comemoração? Um estádio novo que nem se parece com o velho? Vou comemorar uma derrota vexatória de um terceiro descenso? Deus me perdoe, mas não vou torcer para outro time; nem comentar mais sobre o meu! E tem castigo maior ter que ficar calado? Meu Deus! Como é duro ter tantos pesadelos por causa do meu time! Mas o amor é assim mesmo, cheio de angustias e mistério; cheio de uma esperança que não sei de onde!

E doí mesmo é quando essa esperança definha! E olha que eu estava louco para ver o Nobre no poder. Achei que poderia. Seria complicado, mas poderia. Tirando da minha visão as raposas velhas, ou aquelas atrapalhadas; aquelas sem força e competência administrativa. Nobre era o novo; a história política contada novamente. Enfim, por alguns meses parecia que tudo podia dar certo.

Eu já nem sei mais se é problema político. Se é financeiro. Quem sabe administrativo. Ou técnico. Ou jogadores. Ou tudo isso junto. Um contador poderia me explicar melhor, um professor jurista; jurista professor. Confessou o crime? Cadeia! Mas quem confessa o estado que deixaram meu clube? Meu time? Minha história? Minha reputação? Temos muito culpados e algumas vítimas. Centenas, milhares. Parabéns que eu queria dar, dou-lhe com amor; mas com a amargura dessa história tão triste dos últimos anos.

Meu ídolo é chacota: nem de longe podemos chama-lo de ídolo. Quem poderá me defender? Olho para todos os jogadores e eles parecem mais desesperados. Despreparados. Um argentino comanda uma porção deles. Tem gente boa? Tem. Tem gente ruim? Tem. Todos times têm seus medianos. Como torcer, como encarar; como não ficar triste! No aniversário, não! Aniversário serve para comemorar a história, as conquistas; e temos muitas e muitas....

Vamos embora que é dia de festa, de relembrar; de renovar as esperanças de que um dia tudo isso terá um fim, e serão boas histórias para contar, um vinho tinto e um belo domingo esperando o jogo chegar. E vitórias e derrotas como qualquer torcedor que aprendeu a conviver com a derrota, com a vitória, com a derrota....

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