Olá leitores!
A Fórmula 1
voltou de suas férias de verão justamente naquela que considero a melhor pista
da temporada: Spa-Francorchamps, 7 quilômetros de asfalto serpenteando pela
Floresta das Ardenas, com um traçado que em pouco mais da metade da extensão
era, até não muito tempo atrás, as estradinhas vicinais que ligavam uma
cidadezinha até a outra. Por sinal, justamente a parte mais veloz da pista. Uma
pista de verdade, sem as criacionices do Tilke, em que pese a atual chicane
antes da reta de largada não ter 1/10 do charme da antiga Bus Stop. Enfim, é o
mundo moderno. É o tipo de pista onde a qualidade do piloto ainda faz alguma
diferença.
E a vitória,
pela 3ª vez no ano, ficou com Ricciardo. Se classificou atrás do Vettel, mas do
seu 5º lugar na largada ele foi ultrapassando seus adversários, contou com o
desequilíbrio do carro do Rosberg após perder a ponta da asa dianteira, foi
para a frente do pelotão e esteve na ponta na parte da corrida em que realmente
isso importa: no final, administrando a vantagem para o Rosberg e conquistando
uma vitória “de gente grande” numa pista “de gente grande”. Se ainda restava
alguma desconfiança a respeito do talento do jovem (25 anos) australiano, a
vitória em Spa acabou com ela. Seu companheiro Vettel (5º) começou a corrida de
maneira eletrizante, disputando a primeira posição com Hamilton logo na
primeira volta, até emparelhou para passar na longa reta Kemmel, mas aí na
freada da Les Combes deixou para frear muito tarde e acabou atravessando a área
de escape cheia de lombadas, perdendo a segunda colocação. Depois o carro
começou a perder um pouco o ritmo e ele teve que se contentar com o 5º lugar,
conquistado após uma luta feroz contra Magnussen, Button e Alonso.
Em 2º chegou
Nico Rosberg, que não esteve em um dia dos melhores: além de ter perdido a
ponta da asa dianteira na disputa contra o companheiro de equipe, ainda foi
vaiado pela torcida local no pódio... devem ter achado que ele foi o culpado do
incidente. E eu digo incidente pois foi isso mesmo, coisa normal de corrida. Na
imagem aérea dá para ver que após emparelhar por fora na primeira perna da
curva em esse, ele recolhe o carro para contornar atrás do Hamilton. Aconteceu
o toque, e não achei que foi intencional. Por um acaso botei para gravar a
corrida e revi essa parte algumas vezes. Enfim, nem os chatos dos comissários
da FIA acharam que houve dolo. Após o toque o carro ficou ligeiramente desequilibrado,
a parada nos boxes foi mais longa por causa da necessidade de trocar o bico, e
ele veio fazendo uma corrida de recuperação até onde deu para recuperar. O 2º
lugar ficou de bom tamanho. Seu companheiro Hamilton teve que fazer uns 2/3 da
volta com o pneu traseiro esquerdo furado, perdeu muito tempo, o carro perdeu
parte da eficiência aerodinâmica e ele acabou abandonando após passar pelo
menos metade da corrida pedindo para a equipe que o deixasse abandonar. Depois
da corrida acusou o Rosberg de o tocar intencionalmente, esperneou, sapateou, e
com certeza conseguiu piorar razoavelmente o clima dentro da equipe. Consta que
o Rosberg “teria admitido” que não evitou o toque, o que fez Hamilton afirmar
com todas as letras que ele “provocou o acidente”, tendo a corroboração de
gente da própria equipe. Reuniões com as pessoas ainda de cabeça quente nunca
dão certo. As duas semanas até a corrida de Monza vão ser de muito bate boca...
Em 3º chegou
Bottas, que fez uma corridaça. Aproveitou a força do motor e a baixa carga
aerodinâmica do carro da Williams, que permite velocidades de reta maiores, e sentou
a bota (não resisti ao trocadilho...), fazendo belas ultrapassagens (gostei
daquela sobre o Alonso, na reta e ainda protegendo a posição na freada da curva)
e conquistando um pódio com merecimento. Seu companheiro Massa (13º) não
classificou bem, depois ainda ficou com um pedaço de pneu do carro do Hamilton
preso no assoalho (fazendo com que o carro ficasse mais instável, portanto mais
lento) e levou um bom tempo para esse detrito sair do carro. Mais uma corrida
para o muro das lamentações.
Em 4º chegou
Kimi Räikkönen, provando que realmente se entende bem com a pista. Raríssima
oportunidade nesse ano de enfiar tempo no Alonso, e ele a aproveitou. Nem
parecia o Kimi apático do período pré férias da categoria. Alonso (7º) na
verdade chegou em 8º, mas a força política da Ferrari com certeza contribuiu
para a punição pós corrida ao Magnussen, que teve uma disputa dura sim, mas a
meu ver sem deslealdade contra o espanhol. Enfim, é mais ou menos aquela coisa
que acontece no futebol com time grande enfrentando time pequeno: entre o
novato e o bicampeão, decide-se a favor do piloto já campeão.
Em 6º chegou
Button, que fez uma corrida correta. Sem brilhantismo, mas correta, como é de
costume dele quando não existem condições adversas de tempo, onde o inglês
brilha. Uma boa prova. Seu companheiro Magnussen terminou em 12º após terminar
em 6º e sofrer uma punição de 20s após a corrida por ter empurrado o Alonso
para a grama na reta Kemmel. Como a visibilidade desses carros para os lados e
para trás é sofrível, acho que ele não viu o Alonso pressionando onde o
espanhol achou que tivesse espaço. Enfim...
Em 8º chegou
Pérez, fazendo dupla com o Hülkemberg (10º) para a Force India na zona de
pontuação. Admito que em Spa eu esperava um pouco mais dos carros da equipe,
mas admito que todo mundo voltou com tanto “sangue nos olhos” das férias que
posso ter superestimado o potencial da equipe
Em 9º
terminou Kvyat, que correu bem dentro das limitações do carro da Toro Rosso.
Fez alguns belos duelos durante a corrida. Seu companheiro Vergne ficou em 11º,
também arrancando o que podia do equipamento.
Próxima
corrida será em Monza, dia 07/09, e até lá os bastidores da categoria devem
ferver por conta de Hamilton e Rosberg. Não me espantaria se a Mercedes começar
a impor ordens de equipe para os dois.
Até a
próxima!
Alexandre
Bianchini
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