segunda-feira, 11 de agosto de 2014

Mudanças para o futebol: Quem quer e quem pode mudar?



Eu sei que pisei na bola. Não foi feio, como o Brasil contra a Alemanha. Mas pisei. Passei o período da Copa do Mundo em completo ostracismo. Não foi proposital, embora não queira revelar os motivos. Não foi falta de tempo, visto que continuo tendo as noites de insônia para continuar com os textos, aqui e nos outros espaços. Mas alguma coisa me incomodou, tudo que ouvi e li sobre a Copa do Mundo, sobrou. A overdose de informações foi tão cruel que pretendi o silêncio. Se é para ser óbvio, prefiro ficar no meu canto.

Tudo bem, na maioria das vezes sou óbvio; mas dessa vez seria consciente.

Fiquei feliz com a Copa com tudo que deu certo. E a maioria das coisas funcionaram bem. Tirando a seleção brasileira – que eu até achava que não faria um papel tão extraordinário, mas também não suspeitava um vexame histórico – o resto foi fantástico. Assisti a maioria dos jogos, alguns ouvi pelo rádio. Embora não tenha mais paciência para tantos jogos, confesso que esses da Copa foram prazerosos. Algumas boas surpresas, outras nem tanto.

Sinto apenas pelo registro histórico, aqueles rabiscos que faço e que me auxiliam a memória, não muito privilegiada por natureza. Mas basta uma vasculhada por ai para sabermos mais da Copa do Mundo, para quem ainda se interessa por ela. Sim, a Copa do Mundo é um evento arrebatador, mas que morre quase de véspera. Quem se lembra hoje dos jogos da Copa? Quem se lembra das seleções que foram consideraras “sensações”? Qual foi o craque da copa? Em sua maioria, torcedores ou não; não saberão responder tais perguntas. Eu, que gosto de futebol e acompanhei os jogos, também não sei. Tudo isso me faz pensar: se eu fiquei feliz com o evento ter dado certo, qual o motivo de não ficar empolgado com a história?

A Copa do Mundo foi pouco para o nosso futebol?

Evidente que não. As seleções chegaram ao Brasil empolgados com o país. Seria extraordinário fazer um bom papel no país do futebol. Acreditamos nisso ainda. Acreditamos que somos responsáveis pelas maiores mudanças dentro do campo. Acreditamos na nossa genialidade, criatividade; técnica. E é ótimo para as outras seleções que continuemos dessa forma: somos mais frágeis um tanto quanto menos humildes. A crítica ao futebol brasileiro, que vinha numa avalanche inacreditável depois do mundial, perdeu sua força; transformou-se novamente numa marola, sem querer ou mudar nada.

Dirigentes se empenham em mais privilégios com o dinheiro público. E antes que a discussão se torne política, digo que isso independe de Dilma, BNDES, opiniões de Aécio e Eduardo Campos. A discussão em relação ao futebol brasileiro não pode passar pela política, ainda que precise dela para sair do papel. A discussão por um dos tesouros nacionais deveria ser uma discussão civil, do povo; dos jogadores, técnicos; jornalistas e afins. Mas isso é impossível. Isso é dar ao futebol uma prioridade que não pode ter: não se faz um país com o futebol.

A derrota do país em campo, pode ser uma vitória do país fora dele, escreveu Tostão e sua coluna.

Embora não acredite que coisas possam mudar, quando se mantem no poder pessoas tão ultrapassadas; ainda acredito que o negócio futebol é mais forte do que se pode imaginar. Exatamente por isso, empresas e mídia andam se incomodando; tentando imaginar alternativas, mudar o jogo. Mais que a derrota histórica, a pior coisa que o futebol pode fazer hoje por eles é a falta de retorno de investimento, falta de público; desinteresse do consumidor. Assim como aconteceu com a Fórmula 1, que corre o risco de não passar na televisão aberta em 2015; pode acontecer com nosso futebol daqui vinte anos.








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