Eu sei que pisei na bola. Não foi
feio, como o Brasil contra a Alemanha. Mas pisei. Passei o período da Copa do
Mundo em completo ostracismo. Não foi proposital, embora não queira revelar os motivos.
Não foi falta de tempo, visto que continuo tendo as noites de insônia para
continuar com os textos, aqui e nos outros espaços. Mas alguma coisa me
incomodou, tudo que ouvi e li sobre a Copa do Mundo, sobrou. A overdose de
informações foi tão cruel que pretendi o silêncio. Se é para ser óbvio, prefiro
ficar no meu canto.
Tudo bem, na maioria das vezes sou
óbvio; mas dessa vez seria consciente.
Fiquei feliz com a Copa com tudo que
deu certo. E a maioria das coisas funcionaram bem. Tirando a seleção brasileira
– que eu até achava que não faria um papel tão extraordinário, mas também não
suspeitava um vexame histórico – o resto foi fantástico. Assisti a maioria dos
jogos, alguns ouvi pelo rádio. Embora não tenha mais paciência para tantos
jogos, confesso que esses da Copa foram prazerosos. Algumas boas surpresas,
outras nem tanto.
Sinto apenas pelo registro histórico,
aqueles rabiscos que faço e que me auxiliam a memória, não muito privilegiada
por natureza. Mas basta uma vasculhada por ai para sabermos mais da Copa do
Mundo, para quem ainda se interessa por ela. Sim, a Copa do Mundo é um evento
arrebatador, mas que morre quase de véspera. Quem se lembra hoje dos jogos da
Copa? Quem se lembra das seleções que foram consideraras “sensações”? Qual foi
o craque da copa? Em sua maioria, torcedores ou não; não saberão responder tais
perguntas. Eu, que gosto de futebol e acompanhei os jogos, também não sei. Tudo
isso me faz pensar: se eu fiquei feliz com o evento ter dado certo, qual o
motivo de não ficar empolgado com a história?
A Copa do Mundo foi pouco para o nosso futebol?
Evidente que não. As seleções chegaram
ao Brasil empolgados com o país. Seria extraordinário fazer um bom papel no país
do futebol. Acreditamos nisso ainda. Acreditamos que somos responsáveis pelas
maiores mudanças dentro do campo. Acreditamos na nossa genialidade,
criatividade; técnica. E é ótimo para as outras seleções que continuemos dessa
forma: somos mais frágeis um tanto quanto menos humildes. A crítica ao futebol
brasileiro, que vinha numa avalanche inacreditável depois do mundial, perdeu
sua força; transformou-se novamente numa marola, sem querer ou mudar nada.
Dirigentes se empenham em mais privilégios
com o dinheiro público. E antes que a discussão se torne política, digo que
isso independe de Dilma, BNDES, opiniões de Aécio e Eduardo Campos. A discussão
em relação ao futebol brasileiro não pode passar pela política, ainda que
precise dela para sair do papel. A discussão por um dos tesouros nacionais
deveria ser uma discussão civil, do povo; dos jogadores, técnicos; jornalistas
e afins. Mas isso é impossível. Isso é dar ao futebol uma prioridade que não
pode ter: não se faz um país com o futebol.
A derrota do país em campo, pode ser
uma vitória do país fora dele, escreveu Tostão e sua coluna.
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