Brasil não ganhou a Copa do Mundo, mas
o Mundo ganhou o Brasil. Tudo que era para dar errado, não deu. Aquilo que
achamos que daria certo, deu errado. Coisas do futebol, dos futurólogos e dos
palpiteiros de plantão. Tudo era mais ou menos sabido, a seleção brasileira não
era a melhor em tantos anos; mas a derrota para a Alemanha marcou a história, demarcou
o orgulho; refez os caminhos. Pelo menos por parte dos torcedores, a mudança
era necessária. Os aeroportos funcionaram, os hotéis e os restaurantes. Boas
recomendações dos turistas, que pretendem voltar um dia. Alemanha campeã no
futebol, Brasil humilhado. Mas as coisas não pararam por ai, exigimos mais.
Mas nossa exigência, às vezes, é tão
vã; sem argumentos. Não sabemos reivindicar. Não temos esse cacoete. Política
ou não, economia ou não; o futebol não mudou absolutamente nada. Nem mudará,
por enquanto. Basta ver os mandatários, basta ver o nosso novo treinador; basta
ver o coordenador; basta assistir a mídia que se interessa no produto futebol.
Tudo como antes dos sete, como se nada fosse tão ridículo. Não somos mais o
país do futebol, mas quem se importa? Ninguém. Dunga fará uma seleção melhor
que a de 2014, pois não temos mais buraco para cavar. Ou temos? A mudança que
parte da torcida esperava, numa derrota da seleção brasileira, não aconteceu.
Não valeu a pena torcer contra, como também não valeu torcer a favor. Enfim, a
Copa do Mundo no Brasil serviu mesmo ao campeão, de resto nada mudou.
Dunga é a velha mentalidade, mesmo
trazendo mudanças. É possível que comece a olhar mais para os jogadores
nacionais, que disputam caneladas em campos esburacados; pernadas em padrão
FIFA. Outra coisa boa: em alguns estádios, torcedores e jogadores não poderão
reclamar. Mas o futebol brasileiro precisa muito mais que isso, mas precisa
disso tudo na base; onde começa tudo. A reformulação do futebol não poderá ser
estética; mas reencarnatória. Precisamos do Governo, das leis; dos clubes, das
Federações, Confederações e Amigos de Bairro. Precisamos renovar tudo que
sabemos, olhamos e queremos do nosso futebol. Não é fácil, por isso não foi
feito.
Mas continuamos na mesma. O futebol no
Brasil não vai melhorar. Perdi a esperança. Perdi a vontade. Vou me acostumar
com tudo isso, pois gosto de futebol. Ainda escrevo sobre futebol. Verei meu
time ganhar do arqui-inimigo por dois gols, chutando apenas quatro vezes no
gol. Acharei maravilhoso! Comprarei o jornal no dia seguinte, postarei nas
redes sociais. Mas lá no fundo, sei que estou me enganando. Como estão sendo
enganados os tricolores, com os mais novos velhos ídolos, que realmente sabem
jogar bola, mas que ainda assim é muito pouco.
Eu já nem sei se o futebol brasileiro
deve realmente mudar. Acho que não iriamos nos acostumar a falta de assunto. É bom
mesmo que façam isso conosco, vai saber se não gostamos. Um chororô daqueles. As
crianças aprendem com derrotas, se tornam melhores. Os adultos sofrem com
derrotas, fortalece a esperança. As mulheres se descabelam com as derrotas, e
ficam sabendo enfim o motivo do futebol ser tão apaixonante. Não quero nenhuma
mudança, acabei de crer. Vou virar aqueles ranzinzas, que não enxergam nada de
bom; mas que, às vezes ficam emocionados com o esporte – Acabo de ler uma
coluna do Tostão falando sobre o futebol do Brasileirão, onde ele diz que “às
vezes” vê coisas boas – Pois bem, não esperem de mim mais críticas, elas não
virão.
Dunga fará uma seleção competitiva,
como Felipão fez. Mas é melhor não discutir as questões fora do campo, as
ordens e desordens que não sabemos de onde nem como vem. Basta torcermos,
reclamar de um pênalti, um impedimento; um jogo sem chute ao gol. Basta aos
torcedores brasileiros a mesmice, da qual estamos tão acostumados nos últimos dez
anos (ou mais, não sei).
Só não vale mais goleada, pois isso é
muita humilhação.
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